Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu

Vila Real de Santo Antônio: um Algarve com upgrade e sem multidões

Esqueça resorts, campos de golfe, hordas de turistas. Vila Real de Santo António é uma joia de cidade que acaba de ganhar um senhor hotel, o Grand House

Por Rachel Verano
Atualizado em 15 mar 2022, 13h07 - Publicado em 3 out 2019, 16h39
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Vila Real de Santo António vista do alto: a vida como ela deveria ser no Algarve (Bruno Barata/Reprodução)

Existe um pedacinho do Algarve que o turismo de massa milagrosamente ainda não descobriu. Um Algarve onde os carrinhos de golfe, os pubs e os resorts megalomanícos ainda não chegaram. Um Algarve de casario brancoimaculado e ruelas calçadas de pedras, onde ainda se espreita o movimento da janela e se joga conversa fora nos bancos da praça. Um Algarve onde a vida ainda é como ela era – ou como deveria ser. A este Algarve chama-se Vila Real de Santo António, ou VRSA para os íntimos, pouso de pouco mais de 10 mil habitantes já na esquina onde Portugal encontra o extremo sul da Espanha.

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O palacete art nouveau que abriga o Grand House: viagem no tempo (Bruno Barata/Reprodução)

Dona de um lindo centro histórico, a pequenina VRSA guarda inúmeras semelhanças com a Baixa Lisboeta. Não é mera coincidência. Trata-se da única cidade, além da capital, projetada por ninguém menos que o Marquês de Pombal, nos idos de 1774. A diferença é a escala, que lhe rendeu o apelido de “Pequena Lisboa”.

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A elegante entrada do hotel: clima dos anos 1920 (Bruno Barata/Reprodução)
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Lustres e velas na entrada: aura de glamour (Bruno Barata/Reprodução)
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Pois bem no ponto onde a Pequena Lisboa vislumbra a Espanha de soslaio, debruçada sobre as águas do Rio Guadiana, nasceu recentemente uma verdadeira pérola com ares do século passado: o hotel Grand House, instalado em um belo edifício erguido pelo premiado arquiteto suíço Ernesto Korrodi nos anos 1920 para abrigar aquele que seria o primeiro hotel ao sul do Tejo em Portugal. Inaugurado com toda a pompa em 1926, o Grande Hotel Guadiana foi encomendado pelo empresário Manuel Ramirez, dono da primeira fábrica de conservas do país (a Ramirez), já prevendo o movimento de comerciantes na região graças à Expo Iberoamericana que aconteceria na vizinha Sevilha em 1929.

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A entrada do Grand Salon: belos jantares (Bruno Barata/Reprodução)
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A mesa do café da manhã (Bruno Barata/Reprodução)
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Detalhe do café, de frente para a marina (Bruno Barata/Reprodução)
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O que o visionário senhor Ramirez não imaginaria naquela época é que seu belo exemplar art nouveau de quatro andares bem em frente à marina pontilhada de barcos cairia no esquecimento e viraria praticamente uma ruína antes de renascer quase um século depois em sua segunda encarnação como hotel. Desta vez, com 30 quartos, varandas providenciais, elegantes salas de descanso com janelas que se abrem para o nascer do sol e um ótimo restaurante precedido por um senhor bar.

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A escadaria do palacete (Bruno Barata/Reprodução)
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Uma das salas de relax: clima de casa (Bruno Barata/Reprodução)

Tudo no Grand House evoca a atmosfera dos anos 1920. E não estamos apenas falando da decoração, que, ao piso de ladrilho hidráulico do lobby e ao balcão do bar originais acrescentou objetos de época e uma providencial aura de glamour. Estamos falando dos clássicos coquetéis do bar, da discrição dos serviços, dos ventiladores de palha de embalam os jantares, das fotos nas paredes…

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Uma das suítes do hotel (Bruno Barata/Reprodução)

A localização do hotel é estratégica para explorar a cidadezinha – a pé ou nas bicicletas que empresta aos hóspedes. A estrutura de lazer, no entanto, fica a 5 minutos de distância, já à beira-mar (há transfers disponíveis o dia todo). E ali as águas transparentes e o areal sem fim não nos deixam esquecer que, afinal, estamos de fato no Algarve (e ainda bem!). O Grand Beach Club plantou uma bela piscina com infinite-view de frente para o Guadiana, espalhou gostosas day beds e espreguiçadeiras e levou a cozinha do chef alemão Jan Stechemesser para a praia, com ceviches, camarões tigre, amêijoas e peixes grelhados para fazer a festa. Que tal um rosé geladinho para acompanhar?

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A piscina do Grand Beach Club: debruçada sobre as águas do rio, quase no mar (Bruno Barata/Reprodução)
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Espreguiçadeiras de frente para a praia (Bruno Barata/Reprodução)
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O chef Jan Stechemesser em ação (Bruno Barata/Reprodução)

Mas é de volta ao hotel, já ao fim do dia, que Stechemesser brilha com todo o seu esplendor. Há mais de 15 anos em Portugal, com passagem por casas estreladas como o Villa Joya e o São Gabriel, o chef não economiza criatividade no menu do Grand Salon (que também recebe quem não está hospedado no hotel para o jantar). Entre os pratos, magret de pato sobre granola e texturas de laranja, com pequenas pérolas de gel de vinho do Porto; um belo mignon com purê de cenoura assada e legumes preparados à perfeição; e, para encerrar, uma trilogia de delicados crème brûlées à base de baunilha, manjericão e laranja. Um Porto Tawny 10 anos para acompanhar e… que bela viagem no tempo.

Anote aí: Vila Real de Santo António fica a cerca de 300 quilômetros de Lisboa (e menos de 150 de Sevilha!). Reserve aqui.

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