Anvisa recomenda cancelamento da temporada de cruzeiros no Brasil

Apesar de ter um peso importante, o parecer da agência não é capaz de proibir a vinda dos navios. A decisão final ainda cabe aos ministérios

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 19 out 2021, 17h05 - Publicado em 14 set 2021, 17h37
Navio de cruzeiros Costa Fascinosa, da companhia Costa Cruzeiros.
O Fascinosa, da Costa Cruzeiros, está entre os navios previstos para circular pelo litoral brasileiro a partir de novembro. Crédito: (Costa Cruzeiros/Divulgação)
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(Atualização: O governo federal autorizou a realização da temporada nacional de cruzeiros e a Anvisa definiu os protocolos que deverão ser seguidos a bordo)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota no dia 10 de setembro desaconselhando a circulação de cruzeiros marítimos pela costa brasileira entre 2021 e 2022. A entidade acrescentou que não é possível prever se, até o final do ano, uma nova avaliação será feita sobre a situação pandêmica do Brasil. O parecer era esperado há meses pelas armadoras Costa e MSC, que já tinham anunciado que trariam um total de seis embarcações para a próxima temporada nacional. A expectativa era que o primeiro navio zarpasse em 5 de novembro e que as saídas se estendessem até meados de abril.

Apesar de ter um peso importante, o parecer da Anvisa por si só não é capaz de cancelar a temporada de cruzeiros. A Lei 13.979 de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as medidas de enfrentamento da pandemia, estipula que cabe ao Ministério da Saúde, Ministério da Infraestrutura e Ministério da Justiça e da Segurança Pública decidir sobre medidas de restrição temporária e excepcional em rodovias, aeroportos e portos marítimos. Por isso, as armadoras continuam vendendo os seus roteiros pela costa brasileira, alguns com tarifas flexíveis (veja mais detalhes sobre as políticas de reembolso e remarcação da Costa e da MSC).

Logo após o anúncio da Anvisa, o Ministério do Turismo publicou um comunicado ressaltando que continua envolvido em negociações para viabilizar a retomada dos cruzeiros ainda esse ano. A pasta menciona que os procedimentos de segurança pensados para a temporada nacional são os mesmos que foram implementados “com sucesso” em mais de 50 países e que a indústria é importante para a recuperação econômica brasileira. “A estimativa é de que a temporada deste ano gere um impacto de R$ 2,5 bilhões na economia nacional, além da geração de 35 mil empregos”, ilustra o ministério.

O parecer foi semelhante ao da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil), que deu destaque às medidas de segurança sanitária que seriam seguidas a bordo. “Estes protocolos foram criados por médicos, cientistas e especialistas, em consonância com as autoridades sanitárias de todo o mundo, sempre colocando a segurança dos hóspedes, tripulantes e das cidades visitadas em primeiro lugar. Além disso, foram feitos para atender aos mais altos graus de exigência, sempre prontos para possíveis ajustes de acordo com as exigências de cada região ou país”, afirma.

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Entre as medidas que estão sendo propostas pela Clia estão os testes para detectar a presença do coronavírus antes do embarque e durante a viagem, a reserva de cabines para possíveis quarentenas, a distribuição de pulseiras que acusam aglomerações e um novo sistema de ventilação dentro dos navios. A entidade também levanta a possibilidade de limitar a ocupação dos cruzeiros em 70% da capacidade máxima. Adicionalmente, a MSC e a Costa já falavam em reforçar a higienização interna dos navios, garantir o distanciamento social e exigir o uso de máscara nas áreas comuns da embarcação.

Como está sendo a retomada dos cruzeiros no exterior?

No início de agosto, 27 casos de Covid-19 foram confirmados a bordo de um cruzeiro da Carnival Cruises pelo Caribe. Uma passageira idosa acabou falecendo. O número de infectados poderia ter sido maior se o número de pessoas vacinadas a bordo não fosse tão alto: 96% dos passageiros e 99% dos tripulantes. O incidente, somado ao avanço da variante Delta, fez com que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos aumentasse o alerta para viagens de navio, que agora são classificadas como de alto risco. A autoridade de saúde norte-americana também passou a defender que pessoas com comorbidades não devem embarcar em cruzeiros, independentemente do seu status de vacinação

No Caribe e nos Estados Unidos, o comprovante de imunização está sendo pedido pela maioria das armadoras. Procuradas pela VT, a Clia, a Costa e a MSC não levantaram a possibilidade de fazer com que a vacinação seja um pré-requisito para viajar de navio no Brasil. Veja nossa entrevista com a médica Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que explicou porque os surtos de doença são tão comuns durante os cruzeiros e deu dicas para se proteger a bordo.

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