Caminho da Fé: como é a peregrinação rumo à Aparecida, no interior de São Paulo
Percurso até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida se inspira na tradição milenar espanhola do Caminho de Compostela
“Neste caminho sou peregrino da minha vida, do meu destino. Minha morada é a estrada, meu coração a emoção…”. É com essa melodia que muitos brasileiros seguem o famoso percurso de peregrinação que leva à Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, conhecido como Caminho da Fé.
Localizado no interior de São Paulo, esse trajeto, inaugurado em 2003, oferece uma estrutura organizada aos devotos que, há muito, andavam em direção a Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba.
A pé, a cavalo ou de bicicleta, a caminhada está incorporada à tradição católica de peregrinações, que expressa gratidão por conquistas, busca por crescimento espiritual ou mesmo uma forma de penitência.
Com o tempo, o percurso marcado pela devoção também passou a atrair pessoas interessadas na história envolvendo o trajeto ou mesmo o desafio físico, independentemente da religião.
Onde tudo começou
A criação do Caminho da Fé foi inspirada no antigo Caminho de Santiago de Compostela, uma das rotas de peregrinação mais percorridas durante a Idade Média. Pessoas de todos os cantos do continente se dirigiam ao lugarejo do noroeste da Espanha, onde, segundo a tradição católica, está sepultado o apóstolo Tiago. Até hoje, peregrinos do mundo inteiro viajam para percorrer esse caminho milenar.
Em Aparecida, bem antes de o Caminho da Fé existir, romeiros já seguiam em direção à cidade desde o século 18, quando a devoção à Nossa Senhora Aparecida surgiu, após a descoberta de uma imagem nas águas do Rio Paraíba, em 1717.
Vários ramais de saída, um destino
Tal como o Caminho de Santiago, o Caminho da Fé se ramifica em diversas rotas que levam ao santuário. A principal delas liga a cidade de Águas da Prata a Aparecida, com cerca de 350 km.
O trecho atravessa a região serrana do nordeste de São Paulo e do sul de Minas Gerais, cruzando a Serra da Mantiqueira e passando por várias cidades como Andradas, Ouro Fino, Inconfidentes, Estiva, Paraisópolis e Campos do Jordão.
Além do trajeto principal, existem diversos outros ramais de saída. O mais distante está em Borborema, no interior paulista, a cerca de 742 km. Guaxupé, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Santa Rita de Caldas, Espírito Santo do Pinhal, São Carlos, Franca, Mococa e muitas outras cidades também são pontos de partida para quem deseja seguir o caminho.
No site da Associação dos Amigos do Caminho da Fé (AACF), é possível encontrar um mapa com todos os ramais de saída e suas respectivas quilometragens, além de indicações de pousadas e outras informações úteis sobre o deslocamento.
O Caminho da Fé oferece uma credencial na qual os peregrinos podem ir carimbando os locais por onde passaram. O documento garante ao romeiro a possibilidade de descontos em estabelecimentos cadastrados pelo caminho, além de servir como souvenir da viagem e comprovação de que o trajeto foi percorrido.
Quem reúne as condições necessárias, pode solicitar a emissão de um certificado de peregrinação ao final da jornada, emitido no próprio Santuário de Aparecida.
Tanto os valores da credencial (R$ 28) quanto do certificado (R$ 10) são revertidos para a manutenção do circuito.
Dicas para a sua peregrinação
A AACF se se dedica à manutenção do trajeto, sinalização e ao apoio aos peregrinos, mas não organiza as viagens diretamente. Cada pessoa é responsável por planejar sua própria viagem, escolhendo onde começar, quando parar e em qual lugar se hospedar.
Com isso, os custos do trajeto podem variar conforme seu roteiro, o tipo de transporte e quantos dias o romeiro pretende ficar na estrada, considerando os gastos diários para alimentação e pernoite pelo caminho.
É comum que algumas pessoas passem mal nessas viagens. Para garantir uma peregrinação segura, ter preparo físico é essencial. Além disso, prepare-se para as mudanças climáticas, variando de calor intenso a chuvas inesperadas; leve roupas adequadas e impermeáveis; mantenha-se hidratado; faça pausas regulares para evitar exaustão; use calçados confortáveis; e tenha um kit básico de primeiros socorros. Se possível, evite viajar desacompanhado.
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