Cidade de Goiás realiza a tradicional Procissão do Fogaréu
A cerimônia com os famosos personagens encapuzados encena a prisão de Cristo
É quarta-feira da Semana Santa, 23h59. Dentro de um minuto, as luzes do centro histórico vão se apagar. Tochas são acesas por 40 homens encapuzados que seguem pelas ruas da cidade de Goiás (GO), entoando músicas sacras. Tem início a Procissão do Fogaréu.
Tradição em Goiás desde 1745, o ritual na antiga capital do estado simboliza a procura e a prisão de Cristo e se tornou o principal evento da Semana Santa na cidade. Ele começa precisamente às 0h da quinta-feira, apesar da concentração dos participantes ter início já na noite de quarta-feira, em frente à Igreja Nossa Senhora da Boa Morte.
O caráter medieval da procissão, combinado com o calçamento de pedra e a arquitetura colonial da cidade, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, sempre atraiu turistas. A tradição só teve que ser rompida em 2020 e 2021, por causa da pandemia, mas voltou a ocorrer em 2022.
Na cerimônia, os personagens principais são os 40 farricocos, que andam descalços e vestem túnicas reluzentes de cores vibrantes e um capuz em formato de cone. Eles representam os soldados romanos que perseguiram Jesus e existe uma longa lista de espera para interpretar o papel, pois o cargo é vitalício.
Partindo da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, o desfile segue cadenciado pelo ritmo dos tambores. Em alguns momentos, as batidas aceleram e os farricocos chegam a correr, o que transmite a sensação de uma real perseguição. Os visitantes e moradores participam carregando as suas próprias tochas.
A primeira parada é na Igreja do Rosário, que representa o local da Última Ceia. O grupo segue então para a Igreja de São Francisco de Paula, que faz o papel do Monte das Oliveiras, local onde Cristo foi preso. Ao som do clarim, surge o estandarte com a imagem de Jesus, carregado pelo único farricoco vestido de branco, simbolizando a sua captura. O Bispo de Goiás encerra o evento.
(Dica: a Procissão do Fogaréu é uma das doze festas tradicionais brasileiras que servem de pano de fundo para o livro de contos Maroca e Deolindo e outros personagens em festas, de André Neves).
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