Conheça a história por trás dos saraus de Porto Alegre
A capital gaúcha é palco de diversas reuniões descontraídas que celebram a música e a literatura
Ainda na adolescência, Diego Grando reservava algumas noites de terça-feira para assistir a um evento que à época era novidade em Porto Alegre: o Sarau Elétrico. Quase duas décadas depois, ele não esconde o entusiasmo por integrar o time de apresentadores do sarau. “É muito massa estar nessa história. Frequentei desde o primeiro ano, e logo em seguida comecei a estudar Letras e achar que deveria escrever”, conta Diego, autor de dois elogiados livros de poesia. Frequentar um sarau é mais uma das diversas possibilidades de experiências fora do comum em Porto Alegre que estão no radar de #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva a redescoberta de várias cidades brasileiras.
Há 18 anos, o Sarau Elétrico anima as terças-feiras da capital gaúcha. Definido por sua idealizadora, a jornalista Katia Suman, como “um encontro de boa conversa, entrevistas interessantes, muito humor e informação”, acontece no badalado bar Ocidente (Rua General João Telles, 940, Bom Fim; R$ 15). Num pequeno palco, Katia, o professor de literatura da UFRGS Luís Augusto Fischer e Diego Grando recebem autores e dividem com o público conversas e leituras de contos, crônicas e poemas. Para encerrar, há sempre uma atração musical.
O evento é o maior expoente de um fenômeno porto-alegrense. Os saraus são referência na vida cultural da cidade. Para Diego Grando, uma explicação é o jeito descontraído de lidar com a literatura. “E, melhor: de forma compartilhada, não dogmática e livre”, assinala o poeta, que, além de apresentar um sarau, não perdeu o hábito de frequentar outros como espectador. Prestigia, por exemplo, o Termo – Sarau crítico, que surgiu em 2017.
“A ideia veio como uma tentativa de recriar num sarau a dinâmica de debate das oficinas literárias”, conta Caroline Joanello, que organiza o evento com a amiga Julia Dantas. Ambas são escritoras e a cada edição incentivam os participantes a levar produções próprias para serem lidas e discutidas.
“Pensamos num ambiente para trocas e conversas sobre escrita, um espaço para testar o texto, já que o grupo muda sempre”, complementa, Julia, cujo romance de estreia, Ruína y leveza (2015), foi finalista do Prêmio São Paulo.
O Termo acontece sempre às segundas-feiras, uma vez por mês, no restobar Petit Dalí (Rua Vasco da Gama, 52, Bom Fim; dntrada Franca), e as organizadoras também fazem questão de destacar outros que elas frequentam. Caroline indica o Palavra Falada, dedicado à poesia, no Café do Museu (Praça da Alfandega, s/nº, Centro; entrada franca), no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Júlia lembra do Sarau das Minas, voltado à literatura escrita por mulheres, no Estômago Café Vegano (Rua Miguel Tostes, 275, Rio Branco; entrada franca). Nesses, a receita não muda: uma dose de literatura, conversas interessantes e um ambiente informal.
Viagem musical
Se os saraus até agora citados privilegiam a literatura, o Sarau do Solar é uma viagem musical, que ocorre desde 1993, às quartas-feiras, no fim de tarde. A viagem começa pelo ambiente, pois o sarau ocupa uma sala – ou, às vezes, o jardim – do Solar dos Câmara (Rua Duque de Caxias, 968, Centro, entrada franca), um prédio histórico ao lado da Assembleia Legislativa. O Sarau do Solar promove espetáculos musicais variados. As atrações são ecléticas e vão desde artistas gauchescos até cantores de blues e rock ou trios de música clássica. Uma coisa, porém, o evento guarda em comum com os outros saraus da cidade. Todos oferecem a oportunidade de experimentar a cultura porto-alegrense de um jeito diferente do comum. Tem para todos os gostos. E aí, qual é o seu?
Se bateu a vontade de conhecer um sarau, não se esqueça de levar seu celular para registrar imagens desse momento. Depois, publique as fotos e os depoimentos sobre sua experiência nas redes sociais com a hashtag #hellocidades. E continue experimentando e redescobrindo Porto Alegre no hub hellomoto.com.br.