Fasano Belo Horizonte: hospitalidade mineira em sua melhor forma
O melhor hotel da capital mineira é sinônimo de aconchego, informalidade e luxo sem arestas
A fachada de tijolinhos em tons terrosos entregou: eu tinha chegado em um Fasano. Mas um detalhe chamava a atenção: os tais tijolinhos eram intervalados e formavam cobogós. Horas depois, estava eu no Mercado Novo, a mais interessante história de revitalização de um mercado público no Brasil, e reparei que a imensa fachada era toda de cobogós em tons bem parecidos. O elemento vazado usado para separar o dentro e o fora causa um efeito muito interessante: o sol banha o interior do prédio pelas frestas, areja o ambiente, a cidade entra.
O mercado, de 1962, é da época em que a arquitetura modernista despontou em BH, já o Fasano chegou na cidade em 2018, mais de cinquenta anos depois. Ainda assim, ambas as construções não poderiam estar melhor alinhadas. Ganha a cidade por não ter que conviver com um prédio que destoa do que já existe, ganha quem a visita.
Localizado no agradável bairro de Lourdes, o Fasano BH é um hotel de luxo porque é um Fasano. Mas o que encanta de cara é a informalidade, um dos dos traços mais cativantes do povo mineiro. Na chegada, fui recebido com café, pão de queijo e simpatia. Por que choras, welcome drink? Os funcionários, gentis e espontâneos, estão longe de agir com aquele servilismo datado de alguns hotéis da mesma categoria.
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Mencionei o tijolinho e os tons terrosos, mas o supra-sumo do projeto do escritório Bernardes Arquitetura é a sensação de acolhimento da sala de estar (seria uma heresia chamar o ambiente de lobby ou recepção). Não é um lugar de passagem, a vontade é sentar e ficar. Piso de mármore travertino, luz âmbar, sofás e mesas de Percival Lafer, poltronas John Graz e do Liceu de Artes e Ofícios. E como estamos em Minas Gerais, alguns objetos foram garimpados em Tiradentes, como um banco e até uma mesa que foi usada em uma fábrica de queijos. Os tijolos aparentes em tons terracota, agora não mais em cobogó, revestem boa parte do térreo e dão aconchego. É o luxo que acolhe e conforta, sem arestas.
Contíguo à sala de estar, surge o pergolado com jabuticabeiras – que deixa a luz natural entrar em abundância –, e as primeiras mesas do restaurante Gero, onde também é servido o café da manhã. Portas pivotantes imensas feitas em aço corten separam esse pedaço do salão interno, que ganhou um desenho mais clássico.
O restaurante traz no cardápio receitas já consagradas no endereço paulistano com um twist mineiro: pratos do restaurante Tragaluz, de Tiradentes, e uma carta de cachaças e vinhos produzidos em Minas Gerais. Pedi dois hits da casa: a lasanha verde à bolonhesa e, depois, o tiramisú – impecáveis.
Show de amenities
A paleta de cores neutras sobe os 12 andares do prédio que forma um “L”. São sete categorias de acomodações e eu fiquei na suíte júnior, de 45m². Cortinas de linho fartas e que encostam no chão, cama king size com colchão Zissou, lençóis egípcios que abraçam. A sala integrada ao quarto tem um sofá aos pés da cama, mesa de centro de Tiradentes e poltrona da lavra de Sergio Rodrigues, a Beto. A enorme bancada de trabalho tem TV, muitas tomadas e uma caixa de som Harman Kardon para ouvir Spotify com som cristalino.
Agora o banheiro: mais uma vez mármore travertino, acessórios de pedra sabão, banheira e, o que mais me ganhou, um chuveiro no teto que jorrava feito cachoeira. E os amenities, que desaforo. Difícil é quando a gente traz eles para a casa, fica usando de pouquinho em pouquinho para economizar até que, golpe de misericórdia, tem que pingar água para fazer render o que era absurdamente cheiroso e se acabou. Se existem amenities melhores, desconheço. A produção é da Costa Brazil.
Se o momento pedir, você pode ir para as cabeças e reservar a melhor suíte, a Penthouse, que tem 110m², um terraço grande com jacuzzi, jardim vertical e elevador exclusivo que desce direto até a garagem. Ou então a suíte Fasano, de 100m² e que não tem terraço, mas vem com sala de estar, de jantar e lavabo – ideal para reuniões.
No 12° andar, na cobertura, ficam as três salas de terapias com maca quentinha, aromaterapia e um cardápio de massagens excelentes. A área tem ainda sauna úmida, solário com espreguiçadeiras e uma pequena piscina, que não é aquecida.
Nessa altura, se tivesse que apontar algum reparo, citaria o elevador, um tanto escuro, sobretudo à noite. De volta ao térreo, subindo uma escada perto da entrada, está a filial do Baretto, o elegantíssimo bar. As noites de sextas-feiras e sábados são embaladas ao som de MPB e jazz. O hotel ainda tem uma boa academia, seis salas para reuniões e um espaço para eventos no subsolo para até 200 pessoas.
Nesse momento, os empreendimentos do empresário Gero Fasano estão de vento em popa: o segundo Fasano paulistano foi inaugurado em abril no Itaim Bibi, o Fasano Trancoso fez a sua estreia no finalzinho de 2021 e a publicação americana Travel + Leisure acaba de premiar o Fasano Rio de Janeiro na categoria Melhor Hotel de Cidade. O Fasano BH pode não estar nos holofotes, mas ali na miúda, como um bom mineiro, está batendo um bolão.
Serviço
Fasano Belo Horizonte
Rua São Paulo, 2320, Lourdes; reserve aqui
Diárias desde R$ 1682 (sem café da manhã)
Café da manhã: R$ 125 por pessoa (aberto ao público)
O hotel organiza passeios guiados para Inhotim, Ouro Preto, voos de parapente na Serra da Moeda e passeios de bicicleta na Serra da Calçada; saiba mais.