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Galeria do Rock, uma sessentona amada pela contracultura em SP

Criada como um espaço para comércios tradicionais e dominada por alfaiates, galeria abraçou nova identidade nos anos 1990 e está sempre se reinventando

Por Maurício Brum
Atualizado em 10 jun 2024, 19h25 - Publicado em 10 jun 2024, 10h00

O nome original deixa clara a ideia que guiou a construção do espaço, inaugurado no começo dos anos 1960: Centro Comercial Grandes Galerias. Situada na avenida São João (e com entrada também pela 24 de Maio), região central de São Paulo, o local concentrava diferentes estabelecimentos que nem sonhavam com o nome pelo qual o prédio se tornaria conhecido décadas mais tarde: Galeria do Rock.

Pois é: quando esse ponto tão frequentado da capital paulista surgiu, o rock’n’roll até podia estar em ascensão, mas o que ocupava mesmo os corredores eram lojas de roupas, alfaiatarias, salões de beleza e outros comércios mais tradicionais. Foi só a partir dos anos 1980 que o perfil mudou de vez, fazendo jus ao nome popular dado ao prédio de sete andares.

Retomada pela contracultura veio do “abandono” da galeria

O que mudou para sempre a história desse espaço foi a proliferação de outro ambiente comercial que caiu nas graças dos paulistanos, e dos brasileiros de modo geral: pouco tempo depois da inauguração, já nos anos 1970, compradores e vendedores deixaram para trás as galerias tão populares no passado e migraram para os shopping centers.

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Pisos em mosaico e curvas são marcas registradas da arquitetura da Galeria do Rock (Mike Peel/www.mikepeel.net/Wikimedia Commons)

Desvalorizado e degradado, o prédio passou cinco anos praticamente abandonado até cair nas graças de um público bem diferente: os punks. Em 1976, a abertura da loja de discos Wop Bop começou a dar nova cara ao lugar, que pouco a pouco se tornou um espaço de música e contracultura.

No início, a mudança não foi bem-vista pelos proprietários. Junto com os novos frequentadores, surgiram também pontos de comércio de drogas ilícitas e brigas. Houve até a tentativa de banir por completo as lojas musicais do que viria a ser a Galeria do Rock, mas o movimento havia se tornado inevitável – nos anos 1990, com regras e fiscalizações mais rígidas para garantir a segurança, o lugar abraçou definitivamente sua nova identidade.

Galeria do Rock se fortalece nos anos 1990

Um dos nomes centrais para a mudança de posição na galeria foi Antonio de Souza Neto, o Toninho da Galeria, que desde os anos 1970 mantinha um estúdio de fotografia no edifício. Síndico do prédio em sucessivas gestões que transformaram o espaço, ele capitaneou a transformação da Galeria no Rock em um espaço de celebração das culturas urbanas.

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Hoje, o prédio histórico – tombado pelo patrimônio da cidade em 1992 – vai além do gênero musical que dá o nome popular ao espaço. Skatistas, otakus, amantes do hip hop, pessoas em busca de uma nova tatuagem ou de mais furos para colocar um piercing, todos encontram algum estúdio ou loja para atender seus interesses. Estamparias e serigrafias também ocupam salas nos corredores, assim como cabeleireiros especializados em cortes e penteados afro. E tênis, muitas, inúmeras e variadas lojas de tênis.

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Ainda assim, as lojas de discos, pôsteres e camisetas de bandas continuam sendo as grandes estrelas que emprestam fama à galeria. É possível encontrar LPs, CDs, DVDs e outras mídias – algumas, verdadeiras relíquias – de diferentes épocas, além de canecas, bonés, miniaturas, instrumentos e vários outros itens remetendo aos seus artistas favoritos.

A galeria também se destaca por sua arquitetura singular, com destaque para as curvas na fachada, o piso em mosaico e as aberturas monumentais que deixam entrar a luz natural, ideias que vieram dos arquitetos Ermanno Siffredi e Maria Bardelli.

Estima-se que a Galeria do Rock receba mais de 25 mil pessoas todos os dias, em média, deixando para trás os tempos sombrios em que o lugar chegou a ser visto como perigoso demais para paulistanos e turistas.

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Novidades na galeria

Nos últimos tempos a galeria ganhou novos empreendimentos, um deles é um bar no terraço que funciona apenas aos sábados das 11h às 17h e, a partir das 14h, rola música ao vivo. A entrada custa R$ 30 e inclui uma cerveja ou refrigerante (confira a programação). Outra novidade é o Galeria Rock Bar, no subsolo do edifício, que serve o tradicional sanduíche de pernil no pão francês e o croquete de carne-seca com geleia de pimenta-dedo-de-moça. Tanto o terraço quanto o subsolo são empreendimentos do Grupo da Cidade, que também administra o Boteco 28, no Farol Santander.

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Serviço

Galeria do Rock
São João, 439 (2ª/6ª 9h/19h e sábado 9h/18h).
A estação do metrô República (linhas 3-Vermelha e 4-Amarela) é a que deixa mais perto.
Acompanhe a agenda no Instagram da Galeria.
Aproveite o passeio para também dar um pulo no Sesc 24 de Maio que fica quase em frente e teve o projeto de requalificação assinado por Paulo Mendes da Rocha.

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