Se tem uma coisa que nove a cada dez moradores de Porto Alegre afirmam com convicção é que o pôr-do-sol mais bonito do mundo é no Guaíba. E é assim, só pelo nome, que em geral se referem ao lago (que ainda é chamado de rio em rodas informais).
As autoridades já tiveram muito medo do Guaíba, principalmente por causa da grande enchente, que inundou o centro da cidade em 1941, resultando na construção de um muro, que pode ser visto assim que se chega pela Avenida Mauá. Hoje, o #hellocidades, projeto da Motorola que convida a viver novas experiências nas nossas cidades, senta-se de frente para o Guaíba para apreciar sua natureza e seu potencial.
É justamente esse potencial que Tamy Yasue, designer gráfico, vê diariamente no lago. “É triste ver uma cidade virar as costas para seu bem mais precioso. Acho que é uma parte muito especial de Porto Alegre, que integra as pessoas — entre elas e com a natureza. Temos muito a aprender com o Guaíba e com as comunidades ribeirinhas. Se a cidade se abrir a essa oportunidade, poderemos usar o Guaíba como lazer, via de transporte, prática de esportes e educação ambiental”, diz.
Por enxergar todo esse potencial, Tamy estabeleceu uma relação de amor com o Guaíba. É nele que ela nada, e na sua orla que corre toda a semana. Troca qualquer fim de semana no litoral gaúcho por uma volta nas trilhas ou praias do Parque Estadual de Itapuã. Admira a cidade a partir da outra margem, em uma das 29 ilhas banhadas pelo lago.
“Há 11 anos, quando eu estava tomando a decisão de me mudar, fiquei em dúvida entre São Paulo e Porto Alegre. Estar perto da água foi o que motivou a decisão de vir para cá. Eu fui nadadora de águas abertas por vários anos. Já fiz travessias no Guaíba. E farei outra em breve, uma prova de 1,5 km. Eu treino na piscina, no clube, mas também em Belém Novo e Itapuã. Costumo correr do Gasômetro até o Jangadeiros, indo pela Vila Assunção. Faço isso toda a semana. É meu ponto de equilíbrio”, confessa.
Entre os lugares mais especiais da cidade, Tamy aponta o Parque Estadual de Itapuã, que ela começou a explorar recentemente. Oficialmente dentro do município de Viamão, o parque é banhado pelo Guaíba, e de lá é possível ver até a Lagoa dos Patos (a maior do Rio Grande do Sul). “Conforme a gente passa a frequentar, começa a identificar outras pessoas com os mesmos interesses. Sabia que tem equipes treinam rúgbi na beira do Guaíba?”, comenta.
Atualmente, a orla, na parte central da cidade, passa por uma reforma de revitalização. Ainda que não exista um consenso sobre o modelo de exploração do espaço, todos concordam que é hora de ficar de frente com o Guaíba e devolver o protagonismo que ele merece na experiência da cidade. No próximo chimarrão no Gasômetro, ou passeio de patins pela orla, aproveite e compartilhe com a gente com as hashtags #hellocidades e #hellopoa. E, para mais momentos de redescoberta, acesse hellomoto.com.br.
As várias caras do Guaíba
– Durante muito tempo se discutiu o que é o Guaíba. Apenas na década de 1980, estudiosos chegaram à conclusão de que as características não são de um rio, mas de um lago. Mas isso não solucionou a polêmica. Ano passado, em um debate, um dos acadêmicos trouxe evidências de que o Guaíba é rio. Por isso, o mais seguro é chamar só pelo nome mesmo.
– O Guaíba é formado pelas águas de quatro principais rios: Jacuí, Sinos, Caí e Gravataí. Além disso, recebe as águas dos arroios situados às suas margens, abrangendo uma área de drenagem de um terço do território do Rio Grande do Sul.
– Ele tem 85 km de terra na margem esquerda, 70 km desses no município de Porto Alegre, e 100 km na margem direita. Tem uma área de 496 km², que inicia na ponta da Usina do Gasômetro, no centro, e percorre 50 km até encontrar a Lagoa dos Patos.
– Toda a extensão do lago já serviu de lugar para banho e pesca. Hoje, as águas do Guaíba apresentam variações de qualidade, com maior prejuízo nas áreas de margem, onde ocorre menor dispersão das cargas poluentes afluentes.