Ilha de Paquetá: histórias e encantos a uma barca do centro do Rio de Janeiro

Cenário quase idílico e sem carros, a ilha é repleta de lendas e histórias que se passaram ali desde os tempos do Império

Por Clarice Sena
Atualizado em 3 nov 2024, 12h15 - Publicado em 27 out 2024, 14h00
Ilha de Paquetá guarda mais do que paisagens deslumbrantes (Fwellisch/CC-BY-SA-3.0/Wikimedia Commons)
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Talvez alguns nem saibam que a Ilha de Paquetá não é uma cidade, mas um bairro do Rio de Janeiro. Situada na Baía de Guanabara e ladeada pela Ilha do Governador, a ilha inicialmente pertenceu ao município de Magé, na Baixada Fluminense, mas, graças a sua proximidade com o Rio foi incorporada à capital.

Apesar da mudança na administração, o cenário praticamente idílico e sem carros permanece o mesmo. Além disso, Paquetá é repleta de lendas e histórias contadas pelos locais sobre anedotas que se passaram ali desde os tempos do Império.

Para chegar em Paquetá, os visitantes devem acessar as barcas que partem da Praça XV, no Rio de Janeiro. Dali até a ilha, a agradável viagem é de cerca de 50 minutos. O ponto de chegada é na Praça Pintor Pedro Bruno, um ponto relativamente central em relação ao território da ilha.

Confira algumas atrações que valem a viagem até Paquetá.

1. Praia José Bonifácio e Casa de Cultura

A Praia José Bonifácio é paralela à Praça Pintor Pedro Bruno, na outra margem da ilha. Dali se vê a Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte, erguida em 1763 e com elementos em estilo neogótico. A praia oferece uma belíssima vista para a Baía de Guanabara que pode ser apreciada a bordo de um dos pedalinhos disponíveis. Contudo, informe-se sobre as condições de banho, pois nem sempre as águas de Paquetá estão próprias.

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Casa de Cultura José Bonifácio (Casa de Cultura José Bonifácio/Divulgação)

Logo em frente à praia fica a Casa de Cultura José Bonifácio, onde funciona o Museu de Comunicação e Costumes. O imóvel onde um dos patronos da Independência do Brasil residiu e cumpriu prisão domiciliar é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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No museu, que tem entrada gratuita, está um acervo de mais de 20 mil peças representativas dos costumes e da comunicação desde o século 19. A casa está aberta para visitas de sexta a domingo, das 8 às 16h. Visitas guiadas ocorrem aos sábados, das 9h às 12h.

2. Ponte da Saudade

Seguindo para o norte da ilha, pela praia José Bonifácio, chega-se à Ponte da Saudade, que na verdade é um píer – não espere uma estrutura conectando Paquetá a outra faixa de terra. O píer tem este nome graças à triste lenda de João Saudade, um homem escravizado no período colonial que ia até este local chorar e rememorar sua família na África.

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Ponte da Saudade, na verdade, é um píer (Donatas Dabravolskas/Wikimedia Commons)

O local atrai muitos visitantes no final da tarde para apreciar o pôr do sol e fotografar o cenário encantador.

3. A praia e a pedra da Moreninha

Indo em frente, você chegará na Praia da Moreninha, onde também está situada a lendária pedra homônima. O local possui uma pequena trilha que leva ao topo da pedra, onde a protagonista do romance de Joaquim Manuel de Macedo esperava o seu amado.

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Vista a partir da Pedra da Moreninha, em Paquetá (Jonas de Carvalho/Flickr)

A pedra faz o papel de um pequeno mirante natural de onde é possível ter uma bela vista para a Baía da Guanabara e a Ilha de Brocoió.

4. Praça de São Roque

Nas proximidades da praia você encontrará a principal praça da ilha, a São Roque. Por ali estão a Capela de São Roque, o charmoso Coreto Renato Antunes e o Poço de São Roque, outro local da ilha cercado de histórias. A lenda conta que as águas do poço tinham poderes milagrosos, a ponto de curar uma úlcera da perna do Imperador Dom João VI.

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Capela São Roque em Paquetá (Halley Pacheco de Oliveira/Wikimedia Commons)

No extremo norte também encontram-se a Praia dos Coqueiros, a Praia do Catimbau e a Praia do Buraco, todas muito belas, mas não necessariamente próprias para banho.

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5. Baobá Maria Gorda

Retornando pela margem oposta, você encontrará um dos pontos de maior interesse em Paquetá: o baobá Maria Gorda. A gigantesca árvore de origem africana tem centenas de anos e foi tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado. Com mais de 7 metros de circunferência, Maria Gorda tem uma placa convidando os visitantes a uma simpatia: quem beijar o tronco da árvore terá sorte por longo prazo, mas quem maltratá-la terá sete anos de atraso.

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Placa do baobá carrega sua lenda (arvoresdorio.com.br/Reprodução)

Próximo do baobá também estão o canhão de saudação a Dom João VI, disparado como recepção nas ocasiões em que o monarca visitava a ilha, e o Caramanchão dos Tamoios, uma espécie de deck sobre o mar e excelente ponto para fotografias.

6. Farol da Mesbla

Localizado na parte sul da ilha, o Farol da Mesbla tem uma torre de 9 metros de altura e uma réplica do relógio das antigas Lojas Mesbla do centro da cidade do Rio de Janeiro. Situado nas proximidades da antiga colônia de férias dos funcionários, o farol foi erguido em meados dos anos 1960 em celebração ao aniversário da loja de departamentos homônima, que faliu em 1999.

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Farol carrega relógio semelhante ao que existia na histórica loja de departamentos no Rio de Janeiro (Gilvanbagatini/Wikimedia Commons)
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Ainda mais ao sul da ilha fica a Casa da Moreninha, um ponto muito fotografado que não está aberto para visitação. A casa, um chalé cor de rosa, foi cenário do filme e da telenovela A Moreninha, obra que marca o início do Romantismo no Brasil.

7. Cemitério dos pássaros

Este é um local único (talvez no mundo) e completamente inusitado. Trata-se exatamente do que o título sugere: um cemitério de pássaros. A estimativa é de que o local tenha sido construído no século 19, com projeto do pintor que batiza a praça de chegada na ilha e responsável pelo projeto do cemitério (humano) logo ao lado: o artista Pedro Bruno.

@oqueteassombra_

História de Cemitério O Cemitério dos Passaros de Paquetá – o único Cemitério de Passaros do Mundo #cemiterio #cemiterios #historia #patrimonio #necroturismo #artetumularbr #diadosanimais

♬ som original – OqueTeAssombra

O local repleto de túmulos pequeninos é uma espécie de templo ao amor à natureza com belíssimas decorações, incluindo os monumentos “Pássaro abatido” e “Pouso do Pássaro Cansado”. Mantido por moradores locais, o cemitério é aberto para visitação.

8. Parque Darke de Mattos

Localizado no extremo sul da ilha de Paquetá e da orla da Praia José Bonifácio, o Parque Darke de Mattos oferece uma ampla área verde à beira-mar com vista para o Pão de Açúcar e a paisagem do Rio de Janeiro.

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Mirante no antigo coreto do Parque Darke de Mattos, em Paquetá (Donatas Dabravolskas/Wikimedia Commons)

O parque possui diversas árvores centenárias, espaços de recreação infantil, trilhas para caminhadas e dois mirantes.

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