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Pomerode: as atrações da cidade mais alemã do Brasil

Mais do que uma cidade fundada por imigrantes, Pomerode e região têm atrações, lojas e passeios de natureza que justificam uma permanência mais longa

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 24 abr 2024, 11h49 - Publicado em 17 fev 2022, 17h08
Portal Turístico Sul, Pomerode, Santa Catarina, Brasil
Portal Turístico Sul, Pomerode, Santa Catarina, Brasil (Avip/Divulgação)
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Parece haver algo de interiorano, ou que se vive em outro tempo, em Pomerode. Apelidada de “cidade mais alemã do Brasil”, ela é um dos poucos lugares do mundo, junto com outros lugarejos de Iowa e Wisconsin, onde ainda se fala o pomerano, língua “prima” do alemão quase extinta na Europa. Por ali, quase todo mundo se conhece. E se por acaso o nome de alguém escapar, a referência costuma estar na ponta da língua: “a filha dos Klebber”, “as gêmeas da farmácia”. Paulistana que sou, achava graça cada vez que ouvia esse tipo de alusão.

Eis o grande charme desse município de 34 mil habitantes do chamado Vale Europeu, a 173 quilômetros de Florianópolis: não existe impessoalidade no trato. Este pedaço de Santa Catarina é totalmente sobre as pessoas: a senhora que faz os biscoitos artesanais, o bisneto de imigrantes que mostra a casa enxaimel onde vive com sua família, o dono da loja de cerveja, o prefeito… Inúmeros personagens que cruzam o seu caminho animados para compartilhar histórias e tradições.

Apesar de pequena, a cidade é bastante espalhada e acaba sendo mais prático fazer os passeios de carro. É fácil circular por ali: existem basicamente duas vias principais – a Avenida 21 de Janeiro e a Rua 15 de Novembro, e uma terceira que pode ser considerada o “centro” da cidade, a Rua Hermann Weege – e diversas outras ruas paralelas que cortam o município de norte a sul.

As evidências da ocupação de imigrantes vindos da Pomerânia a partir de 1863 ficam por conta da arquitetura enxaimel, que embeleza as ruas floridas e bem-cuidadas. Mas, ao mesmo tempo em que mantém vivas as tradições e o senso de comunidade, coisa difícil de encontrar em metrópoles, Pomerode tem hoje exemplos de empreendedorismo dignos de cidade grande, como chocolaterias, cervejarias e queijarias que, por serem abertas à visitação, também fazem parte do roteiro de quem visita. Vamos a eles.

ROTA DO ENXAIMEL

Basta percorrer a Rua 15 de Novembro e a Rua Hermann Weege até o final para chegar à Rota do Enxaimel, que é na verdade toda a Rua Testo Alto. Principal atração de Pomerode, o percurso de mais de 16 quilômetros possui 50 casas construídas em estilo enxaimel, a maior concentração delas fora da Alemanha. Em dezembro de 2021, o trajeto foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das melhores vilas turísticas do mundo por gerar oportunidades de maneira sustentável, preservando tanto o meio ambiente quanto as tradições locais. Antes disso, as casas já eram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e listadas aqui.

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O percurso pode ser feito em passeios guiados ou por conta própria, de carro ou bicicleta. Basta ir seguindo sempre em frente para ver, dos dois lados da rua, uma casinha mais charmosa que a outra. No entanto, é importante alinhar as expectativas: nem todas as construções da Rota do Enxaimel preservaram suas características originais. O motivo está relacionado à Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha. O então presidente Getúlio Vargas proibiu que se falasse alemão, assim como a construção de casas em estilo germânico ou outras manifestações culturais que pudessem ser associadas a essa cultura. Temendo perseguições, alguns donos de casas enxaimel acabaram por cimentar as fachadas, ocultando justamente as vigas de madeiras que caracterizam o estilo. Além disso, é bom ter em mente que, como boa parte das casas ainda é habitada, o programa consiste principalmente em admirar as construções do lado de fora, respeitando a privacidade dos moradores.

Nesse sentido, a Casa Siewert é uma parada obrigatória na Rota do Enxaimel. Primeiro, por causa do seu bom estado de conservação. Segundo, por ser a única que recebe visitantes (R$ 20 por pessoa, grupos a partir de cinco pessoas devem reservar pelo Whatsapp +47 99683-7043). E, terceiro, porque a família que a habita é praticamente uma personificação de Pomerode, orgulhosa em explicar as características do enxaimel, contar a história da imigração e mostrar como era a vida ali no passado.

“Imagine construir uma casa sem prego, sem ferro e sem cimento. E o que é pior: sem energia elétrica, sem combustível e sem dinheiro”, me contava Rogério Siewert enquanto mostrava a sua casa erguida em 1913 pelo bisavô Albert, primeiro integrante da família a nascer no Brasil. Originalmente da Pomerânia, os Siewert costumavam trabalhar para grandes proprietários de terra em troca de moradia e comida até terem os seus empregos ceifados pela Revolução Industrial. A luz no fim do túnel foram as propagandas criadas pelo governo brasileiro, que oferecia lotes “planos e férteis” aos imigrantes que ocupassem o sul do país. Foi assim que os trisavós de Rogério, na época com cinco filhos, chegaram à Santa Catarina em 1868. As primeiras décadas foram de trabalho duro: os colonos moravam em casas feitas a partir de madeira e folhas de palmito e viviam à base da caça, pesca e coleta de frutas e vegetais. Foi só de 1900 em diante que eles realmente conseguiram dar início à produção agrícola – e também à construção das casas que dariam origem à Rota do Enxaimel.

Casa portátil

A técnica do enxaimel foi a resposta perfeita para a falta de recursos que os pomeranos enfrentavam. Ela consiste no encaixe preciso de vigas de madeira, sem utilizar nenhum prego ou parafuso, e no preenchimento dos vãos com tijolos, pedras ou taipas. O resultado é uma estrutura forte e que pode ser desmontada e montada em outro lugar, o que acontecia com certa frequência. Se porventura os imigrantes constatassem que a terra onde tinham se instalado originalmente não era boa para a agricultura ou a criação de animais, eles se mudavam de mala, cuia e vigas para um novo lote. Para facilitar o processo, cada viga de madeira era numerada com algarismos romanos entalhados, alguns deles ainda visíveis na casa construída por Albert Siewert há mais de um século.

Desde então, ela é passada de geração em geração sempre para o filho homem mais novo. Foi nessa propriedade que viveram os avós de Rogério Siewert e é ali onde ele vive até hoje com os pais Wendelin e Rovena, a esposa Adriana e os filhos Júlia Beatriz e Matheus. A família ainda se dedica à vida na roça, mas agora reserva parte do seu tempo para receber os interessados em conhecer, apenas por fora, a bem preservada Casa Siewert. É geralmente Rogério quem leva os visitantes para um tour em torno da construção, onde estão expostas relíquias como a bomba d’água manual, o moedor de café em funcionamento, a carroça que transportava milho e o tacho de cobre onde ainda se faz geleia. Mas, vez ou outra, a filha adolescente Júlia Beatriz também aparece para mostrar sua habilidade com o bandoneón, instrumento musical alemão parecido com um acordeão.

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LEGADO WEEGE

Para conhecer uma casa enxaimel por dentro (a casa dos Siewert só é possível visitar por fora), deixe a Rota do Enxaimel para trás, pegue a Avenida 21 de Janeiro e depois vire na Rua Frederico Weege. Ali fica a Casa do Imigrante Carl Weege, erguida pela família de pomeranos Weege em 1920 e transformada em museu. Além de ser um exemplo clássico de casa enxaimel que foi desmontada e remontada em outro lugar – originalmente, ela ficava do outro lado da rua -, a construção abriga um acervo de móveis e utensílios da época caprichosamente posicionados como se os donos fossem voltar a qualquer momento: a bolsa de água quente nos pés da cama, as peças de roupas originais penduradas, o colchão de palha, as louças no armário da cozinha…

Um dos primeiros habitantes de Pomerode, os Weege representaram o pontapé da industrialização local. No início do século passado, a família foi a responsável por abrir uma usina elétrica, uma rodovia que ligava a cidade às vizinhas Blumenau e Jaraguá do Sul, uma casa de secos e molhados, um frigorífero, uma fábrica de laticínios, o primeiro hotel de Pomerode e o primeiro zoológico de Santa Catarina. O legado da família continua bastante vivo e não só nos nomes das ruas.

Voltando pela Rua Frederico Weege e cruzando tanto a Avenida 21 de Janeiro quanto a Rua 15 de Novembro, você chegará à Rua Hermann Weege. Ali, o antigo pátio do complexo industrial que reunia a casa de secos e molhados, o frigorífero e a fábrica de laticínios recebe a Osterfest, a festa de celebração da Páscoa que é a marca do município e acontece de fevereiro até abril – algo como a Oktoberfest da vizinha Blumenau, só que com menos cerveja e mais chocolate. Já os prédios que compunham os empreendimentos foram transformados respectivamente no Teatro Municipal, na cervejaria artesanal Schornstein e no Museu Pomerano, que expõe algumas máquinas de madeira utilizadas na época. Poucos passos adiante, o hotel, instalado em uma construção enxaimel de 1913, foi convertido no Restaurante Pomerode, que serve comidas típicas alemãs.

⇒ Atrações para as crianças: Inaugurado em 1932, o Zoo Pomerode continua em funcionamento hoje, atrás do Restaurante Pomerode. Surpreende o fato de existir um zoológico tão grande em uma cidade tão pequena. Se ver bichos enjaulados não for a sua, com certeza as crianças vão adorar a Vila Encantada, que tem temática de dinossauros e brinquedões onde os pais podem entrar junto com os filhos. Para os maiorzinhos, o Museu do Automóvel guarda modelos clássicos dos anos 1940, 1950 e 1960 – mas são apenas 30 carros que ocupam um único salão. Por fim, Pomerode possui uma loja de fábrica da marca de roupas infantil Kyly, com descontos de até 60%. Em julho de 2022, foi inaugurado o Alles Park, que segue os moldes do Snowland de Gramado com ambientes climatizados a -4°C e neve artificial, além de um carrossel feito totalmente de madeira, scape room e uma canaleta com água para brincar de paleontólogo. Saiba mais sobre o Alles Park aqui.

 

QUEIJOS E EMBUTIDOS

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Depois que a fábrica de laticínios dos Weege fechou no início da década de 1990, os moradores ficaram órfãos do creme de queijo com ervas finas Kraeuterkaese, que era um hit. Foi do desejo de retomar a produção dessa receita tradicionalíssima que nasceu a Pomerode Alimentos em 2002. Onze anos depois, a empresa foi adquirida pelos irmãos Bruno e Juliano Mendes, os mesmos que fundaram a cervejaria Eisenbahn de Blumenau.

De lá para cá, os mestres queijeiros vêm expandindo a variedade de queijos cremosos da marca. Assim como o Kraeuterkaese, são vendidos em bisnagas de alumínio os sabores parmesão, salsa e cebola, gorgonzola e brie. Vai muito bem na torradinha ou, fica a dica, comendo puro mesmo. Já o gruyère e o gouda vêm no potinho de vidro, enquanto a receita original Morro Azul é envolta em uma fina lâmina de carvalho para manter o formato arredondado. Pirei na textura cremosa, que chega a parecer um requeijão.

Para a minha alegria, em São Paulo as redes St Marche e Zaffari já vendem quase toda a linha da Pomerode Alimentos. Mas visitar a loja de fábrica é um must, já que ali também é possível comprar os produtos e acompanhar parte do processo de produção dos queijos através de janelas de vidro. Ela fica na Rua dos Atiradores, uma continuação da Rua Hermann Weege.

O frigorífero dos Weege, por sua vez, nunca deixou de existir. Batizada com o nome comercial Olhoa empresa produz desde 1934 os mais diferentes tipos de salsichas e linguiças – incluindo, segundo eles, “a verdadeira linguiça de Blumenau”. A receita teria sido trazida na mala dos primeiros integrantes da família que se instalaram na cidade, na época um distrito de Blumenau (por isso o nome). Há duas lojas da marca em Pomerode, uma na Rua Ribeira Areia e outra na Rua Paulo Zimmermann, que costumam deixar uma tábua de frios à disposição para degustações. Não vou entrar na polêmica sobre aquela ser ou não a verdadeira linguiça de Blumenau. Mas que é boa, é. E, na dúvida, coloquei uma na mala.

CERVEJARIA

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Também dá continuidade à herança germânica a cervejaria artesanal Schornstein que, no entanto, não abre mão de produzir estilos de outras origens. Fundada em 2006, ela está sediada no prédio histórico que costumava abrigar o Mercado Weege, também na Rua Hermann Weege. É ali que acontece o tour guiado pelas etapas de produção, da seleção de ingredientes ao envase, e a degustação dos mais diferentes rótulos, que incluem receitas talvez inventivas demais com laranja e coentro, chocolate e pimenta e até café. Se preferir ficar com rótulos mais tradicionais como IPA, Pilsen, Witbier, Bock e Stout, saiba que a escolha é certeira pois essas já conquistaram prêmios no Festival Brasileiro da Cerveja, na Copa Cerveja Brasil e na Copa Cervezas de America.

CHOCOLATERIA

A Nugali, por sua vez, pode ser considerada um empreendimento inédito na cidade. Fundada do zero em 2014, a fábrica pertence ao casal Maitê Lang e Ivan Blumenschein, que perceberam a demanda por chocolates finos no Brasil enquanto trabalhavam para a Embraer: toda vez que iam viajar para o exterior pela empresa, lá vinha algum amigo pedir para eles trazerem algum chocolate gringo. A mudança radical de carreira deu certo, já que desde então a marca só cresceu e hoje é destaque em prêmios internacionais. 

Vira e mexe, a fábrica de chocolates local leva medalha de ouro no American Food Awards e no International Chocolate Awards. O motivo? Seus produtos são feitos apenas com ingredientes naturais, sem conservantes ou aromatizantes artificias. Resultado: os chocolates não são extremamente doces ou gordurosos como o de outras marcas brasileiras, entregando muito mais sabor.

Em fevereiro de 2021, a Nugali inaugurou um centro de visitantes em sua sede, que fica em plena Rota do Enxaimel. O passeio começa em uma estufa com pés de cacau e de baunilha e segue para o interior da fábrica, onde janelões de vidro permitem ver o maquinário e o vai-e-vem dos funcionários. Em determinada etapa, é possível sentir o aroma dos ingredientes e degustar de colher os diferentes tipos e intensidades do chocolates. Ao final do tour, que dura entre 30 e 40 minutos, há uma loja com a linha completa de produtos.

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Saiba mais sobre o tour pela Nugali aqui.

RESTAURANTES

Entre os restaurantes de Pomerode, um dos mais tradicionais é o Wunderwald, na Rua 15 de Novembro, que serve porções generosas de joelho de porco, marreco e pato. Além da comida surpreendentemente não pesar no estômago, o ambiente também é um charme: fica dentro de uma casa enxaimel e o dono tem o costume de circular entre as mesas tocando gaita. A culinária alemã aparece ainda no Currywurst. Aqui, vale provar a linguiça de Blumenau flambada e as salsichas brancas com molho de tomate e curry que dão nome à casa, situada em meio à Rota do Enxaimel.

Mas Pomerode não vive apenas de chucrute e embutidos. Para variar o cardápio, as melhores pedidas da cidade são a pizza do Bierwein e o rodízio de massas do Funiculì Funiculá, os dois também na Rua Hermann Weege. Um pouco mais ao norte, na Rua Presidente Costa e Silva, o Barachetta prepara carnes na parilla que derretem na boca e também assa à lenha irresistíveis empanadas argentinas e provoletas. Também é fundamental é reservar pelo menos um dia para o imperdível café colonial do Torten Paradies, na Rua 15 de Novembro, com um sem-fim de cucas, strudels, bolos, tortas e alguns salgados.

Veja aqui mais sugestões de restaurantes em Pomerode

⇒ Comprinhas: O processo é todo artesanal na Multi Doces, de biscoitos tradicionais alemães, na Guenther, que faz velas aromáticas e decorativas, e na Holz & Stoff e na Behling, especializadas em produtos de madeira. Para lembrancinhas em geral, veja a Handgemacht e a Special Presentes. Já a Cachaçaria Reinert e a Ein Prosit vendem todo os tipos de cachaças, licores, cervejas, vinhos e destilados. Há também uma loja de louças Oxford, mas antes de se assustar com os preços, visite o interior da fábrica para ver o tempo empregado na produção de cada peça de cristal ou porcelana.

OSTERFEST

O que melhor representa Pomerode é a Osterfest, a Festa da Páscoa que acontece na praça da Rua Hermann Weege. Ao longo de vários meses, cada morador tem o cuidado de furar, ao invés de simplesmente quebrar, os seus ovos. As cascas, praticamente intactas, são colecionadas e pintadas à mão, uma a uma, até meados de fevereiro. É quando mais de 110 mil cascas de ovos coloridas são penduradas em uma árvore para formar a maior Osterbaum (Árvore da Páscoa) do mundo. E, como se não bastasse, Pomerode também monta o maior ovo decorado. Na edição de 2013, ele tinha 15 de metros de altura, 8 metros de diâmetro e pintura by Romero Britto. Em 2023, a cidade bateu o próprio recorde com um ovo de 16,72 metros de altura, 10,88 metros de diâmetro e decoração criada pela artista plástica especializada em pinturas de porcelana Joana Wachholz. Os títulos foram reconhecidos pelo próprio Guiness World Records.

Em torno dessas duas atrações, são espalhadas diversas barracas. Enquanto os adultos aproveitam os chopes, as comidas típicas e as apresentações de grupos folclóricos, as crianças desfrutam de uma programação toda pensada para elas, incluindo pintura facial, contação de histórias e oficinas de biscoitos ou de pintura de ovos. Em 2022, a festa recebeu cerca de 200 mil pessoas em dois meses. A edição de 2023 acontecerá entre 16 de fevereiro e 9 de abril, de quinta-feira a domingo, das 10h às 20h.

OUTROS EVENTOS

Pomerode possui um calendário cheio de eventos para além da Osterfest. O ano já começa com a Festa Pomerana, que celebra o aniversário da cidade em 21 de janeiro com apresentações de músicas e danças típicas, desafios como o serrar de toras, desfiles de pessoas vestindo roupas tradicionais, participações das rainhas e princesas e, claro, muita comida e cerveja. Em março, a cidade se enche de carros de colecionadores para o Encontro de Veículos Antigos de Pomerode. Em maio, Pomerode é tomada pelos mountain bikers para o Desafio dos Rochas.

Depois, o inverno traz uma sequência de eventos gastronômicos. Há o Schornstein Festival em junho, promovido pela cervejaria local com shows de banda de rock, o Festival Gastronômico de Pomerode em julho, quando os restaurantes da cidade elaboram pratos novos que representam a gastronomia alemã moderna, a Pomerlammfest (Festa do Borrego) em agosto, conhecida pelos espetos de cordeiro assados em fogo de chão, e a Pomerode Bierfest em setembro, que reúne dezenas de cervejarias artesanais catarinenses.

Para queimar todas essas calorias, a Meia Maratona de Pomerode acontece em outubro. O fim do ano é marcado pelo Volksfriends, encontro de kombis e fuscas antigos, e a Weihnachtsfest (Festa de Natal), com workshops de biscoitos, casa do Papai Noel e mercado natalino.

⇒ Hotéis e pousadas: Para se hospedar em casas enxaimel, veja o Recanto Kuglin, a Casa Wachholz e a Pousada Rural Mundo Antigo. Uma das melhores hospedagens de Pomerode é a Casa Branca Pousada, casarão histórico no alto de uma colina que serve café da manhã colonial. A Pousada Casarão Schmidt fica mais próxima do centro da cidade e tem quartos simples, enquanto o Hotel Bergblick parece um chalé alpino e fica em meio à natureza. Busque outras opções de hospedagem em Pomerode.

O VALE EUROPEU

Pomerode é apenas uma das 19 cidades que compõem o chamado Vale Europeu, uma subregião do Vale do Itajaí que se caracteriza pela herança cultural de colonizadores alemães, italianos, austríacos, poloneses e portugueses. A mais famosa do pedaço é Blumenau, onde a influência germânica evidencia-se na maior Oktoberfest da América do Sul e na coleção de cervejarias artesanais. Não à toa, a terceira cidade mais populosa de Santa Catarina ganhou o título oficial de Capital Nacional da Cerveja em 2017 – veja um guia completo de Blumenau aqui.

A cerca de uma hora de Blumenau, a simpática Brusque foi berço da indústria têxtil catarinense e por isso ainda é bastante conhecida como um destino para compras de roupas de cama, mesa e banho. Apesar de ter traços da colonização italiana, foi a influência alemã e polonesa que deu origem à Fenarreco, a festa do marreco com repolho-roxo que acontece em outubro. A cidade também abriga o segundo mais importante santuário católico do estado, o Santuário da Nossa Senhora de Azambuja. Mas o principal destino de peregrinação do Vale Europeu continua sendo Nova Trento, cerca de uma hora ao sul: trata-se da segunda cidade brasileira que mais recebe fiéis, atrás apenas de Aparecida do Norte, em São Paulo. Além de mais de 30 capelas e oratórios, ali fica o Santuário de Santa Paulina, uma homenagem à primeira santa brasileira que viveu na cidade até 1942. Em agosto, porém, o que atrai visitantes ao município é o Incanto Trentino, uma das principais festas italianas da região.

Para além da arquitetura enxaimel, das festas tradicionais e das compras, o Vale Europeu também possui um forte apelo para o ecoturismo. Há grutas repletas de estalactites e estalagmites em Botuverá, rapel em Rio dos Cedros e Ascurra, bons trechos para rafting em Apiúna e Ibirama e uma porção de cachoeiras em Benedito Novo e Major Gercino, além de uma queda d’água de 80 metros de altura em Rodeio. A grande estrela do ecoturismo na região, porém, é Timbó. Erguida na confluência dos rios Benedito e dos Cedros, a cidade possui um jeitão bucólico, algumas ruas cobertas por paralelepípedos, pontes com cara retrô e uma Festa do Imigrante, realizada em outubro, que homenageia as culturas italiana e alemã com desfiles e comidas típicas. Aos pés do Morro Azul, “Pérola do Vale”, como é conhecida, também é ponto de partida para o primeiro circuito de cicloturismo do Brasil.

⇒ Cicloturismo no Vale Europeu: São cerca de 300 quilômetros sinalizados com setas amarelas, geralmente percorridos em sete dias, passando por áreas urbanas e rurais. Não recomendado para iniciantes, o circuito pode ser percorrido por conta própria, mas existem operadoras credenciadas que comercializam pacotes prontos com hospedagem, alimentação, aluguel das bicicletas, transporte de bagagem e carro de apoio. Uma delas é a Seledon, sediada em Timbó. O roteiro completo de oito noites passa por Rio dos Cedros, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio e Doutor Pedrinho, passando por casas enxaimel, igrejas, rios, grutas e cachoeiras. A cada dia, pedala-se entre 27 e 45 quilômetros. Veja abaixo um vídeo sobre os passeios organizados pela Seledon:

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