Ponta Grossa é um prato cheio para um bate e volta partindo de Curitiba. Leva-se apenas uma hora de carro até lá pela BR-376. Embora o centro da cidade não tenha muito a oferecer, ao redor de Ponta Grossa há um cardápio vasto de cachoeiras, grutas e formações geológicas para dar e vender. E, na esteira, atividades de ecoturismo como arvorismo, tirolesa e escalada. Na última vez que estive por lá, visitei o Parque de Vila Velha, que é uma das atrações mais famosas do Paraná e que passou por várias mudanças.
A estrutura do parque
Famoso por suas grandiosas formações rochosas, o Parque Estadual de Vila Velha foi entregue para a iniciativa privada em 2020 por meio de uma concessão que vai durar 30 anos. Desde então, muita coisa mudou por lá: agora tem restaurante, lojinha, transporte revitalizado e diversas atividades.
A saída para o parque fica na BR-376, a mesma que liga Curitiba e Ponta Grossa. Até o centro da cidade, são mais trinta minutos a partir da Vila Velha. A melhor forma de chegar é de carro – o parque tem um estacionamento enorme (R$25 por carro de passeio e moto).
São três atrações principais no parque, sendo as mais famosas os arenitos, formações rochosas que têm milhões de anos. O nome não é por acaso: no período Carbonífero, a região era um grande lago glacial e o solo era composto de areia. Com o passar de mais de 300 milhões de anos, a chuva, o vento e desgaste natural formaram verdadeiras esculturas.
Além disso, ali também existem duas furnas, que são enormes cavernas verticais que formam poços com mais de 100 metros de profundidade. Também faz parte do complexo a Lagoa Dourada – que não tive a oportunidade de conhecer por estar fechada no dia da minha visita por conta das condições climáticas (embora o dia estivesse lindo).
Quando chegamos ao Centro de Visitantes, onde fica o estacionamento e a bilheteria, faltavam dez minutos para a abertura do parque. Embora abra às nove horas da manhã, a primeira saída do ônibus rumo aos arenitos só partiu às 9h30. Aproveitamos para espiar a loja de souvenires. Outra possibilidade seria fazer o trajeto a pé, já que a caminhada leva em torno de quinze minutos até o início da trilha, mas resolvemos aguardar pelo transporte porque eu estava com minha avó e prima de 10 anos.
Os arenitos
O ônibus nos levou até o início da trilha que serpenteia os arenitos. Após algumas orientações, os visitantes ficam livres para seguir a caminhada no seu ritmo. O terreno é bem plano – com exceção de uma escadaria ao fim da trilha – e com piso de calçada. Fizemos o percurso na maior tranquilidade.
O trajeto tem duas etapas: a primeira delas leva até a Taça, que é a escultura mais icônica do parque. Ao chegar até ela, depois de aproximadamente 25 minutos de caminhada, são duas opções: seguir até o fim do trajeto pela Trilha do Bosque (que leva cerca de 20 minutos) ou pegar o ônibus de retorno ali mesmo.
A graça do percurso é procurar e apontar as esculturas naturais, que lembram objetos, animais e figuras. Passamos por pedras que se assemelham a um leão, uma bota, um camelo, um anjo, a imaginação é o limite. A trilha tem várias placas identificando os desenhos e o legal é competir para ver quem encontra primeiro – algumas são mais fáceis de encontrar do que outras.
A Taça, que lembra um enorme troféu, é quem vence o posto de cartão-postal: imponente, sua base vai afinando para então sustentar a enorme cúpula, verdadeiro desafio para as leis da física.
O caminho segue com vegetação mais fechada na segunda parte da trilha. Logo quando iniciei essa parte da caminhada, foi alívio imediato – só de estar entre as árvores, a sensação térmica despencou. Não há mais esculturas rochosas a serem localizadas, mas a paisagem é curiosa: à direita, rochas, e do lado esquerdo, as árvores. Enter as duas, a trilha de calçamento mediando a paisagem. Nessa etapa, fica mais evidente a origem das pedras, já que há bastante areia pelo chão.
Ao fim da trilha, há mais um ponto de ônibus para buscar os visitantes, mas também dá pra retornar a pé. Nós sabíamos que o primeiro ônibus para nossa próxima parada, as Furnas, só partiria às 11h20, então voltamos a pé até o centro de visitantes – o que levou por volta de vinte minutos.
As furnas
O trajeto do ônibus dessa etapa é mais longo e passa por estradas de terra. Nessa parte do passeio, muitas coisas estavam passando por restauro, como o parquinho para as crianças e a área do restaurante.
Ao contrário dos arenitos, aqui o convite é olhar para baixo: as Furnas são cavernas verticais que formam buracos enormes no chão, com mais de 100 metros de profundidade, com água até a metade. No total, são quatro furnas e mirantes em duas delas.
A Furna 1 tem um ar eu diria místico e misterioso por conta das revoadas de andorinhões que fazem seus ninhos nas paredes das furnas e voam para lá e para cá. Até o início dos anos 2000, havia um elevador que levava até bem pertinho do corpo d’água, numa experiência que, pelo que minha avó me contou, era imperdível. No entanto, a estrutura foi desativada devido ao impacto ambiental. Mas pela movimentação das obras que vi no dia da minha visita, o passeio deverá ser retomado – há estudos de impacto sendo realizados no local.
A Furna 2 é ainda maior, com 150 metros de diâmetro no seu maior eixo. Sobre ela, é onde está posicionada a tirolesa do complexo – nada mal para uma aventura atravessar os 110 metros de profundidade da caverna. A atividade é paga à parte e custa R$ 80 por pessoa.
O mesmo ônibus que nos levou até lá às 11h20 retornou ao Centro de Visitantes às 12h40, o que foi tempo de sobra para ver as duas furnas.
O complexo funciona das 9h às 17h. Os ingressos para adultos custam R$ 120 por pessoa, mas o parque realiza algumas promoçõe, que dão até 50% de desconto. Fique de olho no perfil do Instagram do parque. Os ingressos podem ser comprados no site oficial ou na bilheteria do Centro de Visitantes.
Com a concessão, o parque criou novas atividades para além da tirolesa, como arvorismo, balão estacionário (aos sábados, domingos e feriados), rota de bicicleta e caminhada noturna; saiba mais.
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