Pode parecer contraditório, mas foi graças ao calor que Petrópolis foi fundada e entrou no mapa turístico. Irritado com as altas temperaturas da então capital federal, o Rio de Janeiro, Dom Pedro II e toda a realeza buscavam o clima ameno da serra para passar os meses de verão. Palácios foram erguidos aos montes e hoje a cidade preserva várias construções desse gênero, algumas abertas à visitação. Essa atmosfera imperial, aliada a deslumbrantes paisagens montanhosas, fez crescer o turismo na cidade, trazendo pessoas em busca de requinte e sossego, transformando o destino em um polo de pousadas charmosas e gastronomia de primeira.
COMO CHEGAR
Do Rio de Janeiro, siga pela BR-040, duplicada até o início da serra. A partir dali, as pistas se bifurcam e são mais 20 km até Petrópolis. De ônibus, há saídas do Terminal Novo Rio a cada 30 minutos, entre 5h30 e 0h (Única, 1h30 de viagem); o desembarque é feito na rodoviária de Bingen, a 8,5 km do Centro. Além de táxi, a linha 100 de ônibus municipal faz a ligação entre os dois locais.
COMO CIRCULAR
Petrópolis tem vários distritos ao longo da BR-040 e da Estrada União e Indústria (alguns deles, como Secretário e Vale das Videiras, ficam a mais de 40 km do Centro). Se a ideia é hospedar-se nos arredores, vir de carro é fundamental. Itaipava, a 17 km do Centro, tem bons restaurantes e lojas, enquanto que Araras e Vale do Cuiabá, 8 km e 11 km distantes de Itaipava, são refúgios de casais em busca de sossego. Ônibus urbanos atendem essas regiões, mas prepare-se para perder muito tempo em deslocamentos. Na área central ficam as principais atrações da cidade e dá para fazer tudo a pé.
QUANDO IR
Os fins de semana são sempre concorridos, principalmente no inverno, quando as chuvas são raras e o frio é intenso. Junho e julho abrigam dois eventos: a Bauernfest (Festa do Colono Alemão) e o Festival de Inverno. Canções de seresteiros como Silvio Caldas e Orlando Silva são apresentadas no Palácio de Cristal, na última quinta-feira de cada mês. De quinta a sábado, o Museu Imperial promove o espetáculo Som e Luz, que conta a história de Dom Pedro II.
UM DIA PERFEITO
Poucas atrações na cidade abrem antes das 10h, mas para entrar no clima imperial, vale caminhar pela Avenida Koeller e Rua da Imperatriz para admirar os palácios. Entre essas duas vias, a gótica Catedral de São Pedro de Alcântara exibe o Mausoléu Imperial, com os restos mortais de Dom Pedro II. Após o almoço, reserve duas horas para o Museu Imperial, residência da nobreza nos verões do século 19. Termine o dia visitando o museu da Cervejaria Bohemia, na antiga fábrica de 1853. No fim, beba cerveja no Bar Bohemia.
A VT RECOMENDA
Um dia é pouco para conhecer o Centro de Petrópolis. Algumas construções, como o Palácio Rio Negro e a Casa da Ipiranga, estão abertas à visitação. Tirar fotos em frente ao Palácio de Cristal é um programa obrigatório. Assim como visitar a Casa de Santos Dumont, conhecida como “Encantada”, que exibe todas as invenções do pai da aviação – exceto, claro, o avião. Na entrada de Petrópolis, o exuberante Palácio Quitandinha foi o maior cassino dos anos 40. Para quem gosta de longas caminhadas, o endereço é o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Reserve um lugar no porta-malas para compras: o que não falta são lojas, galerias de arte e produtores orgânicos. Visitando os distritos de Itaipava e Araras entende-se o sucesso de Petrópolis no universo gourmet.
SUGESTÕES DE ROTEIROS
1 dia – Para quem vem no esquema bate-volta, o roteiro básico é chegar cedinho e ir direto ao Museu Imperial e esticar para a Catedral de São Pedro de Alcântara, a poucos passos dali. Para não perder muito tempo, o almoço tardio pode ser na Pavelka ou na Casa do Alemão, que servem bons sanduíches de linguiça e croquetes de carne. No fim do dia, a pedida é conhecer o suntuoso Palácio Quitandinha e a Cervejaria Bohemia.
2 dias – Em um fim de semana dá para explorar todas as atrações do Centro Histórico, como o Palácio de Cristal, a Casa de Santos Dumont e a Casa da Ipiranga, e ainda aproveitar a noite de Itaipava. Lá estão vários restaurantes, como o Il Perugino, o Parrô do Valentim e o Cocotte Bistro.
4 dias – Com mais tempo, é hora de explorar melhor as opções de compras de Itaipava. Ao longo da Estrada União e Indústria estão várias galerias e lojas bacanas, como a Olhar o Brasil e a Cerâmica Luiz Salvador. Refeições memoráveis são feitas no Locanda della Mimosa, no Vale Florido e no Fazenda das Videiras, no Vale das Videiras, dois hotéis com forte verve gastronômica. Vale também, a partir de Itaipava, esticar a viagem até Teresópolis, a 35 quilômetros dali, em um dos mais belos trechos rodoviários do Brasil, atravessando a Serra dos Órgãos.
AVENTURA
Entre as três sedes do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a de Petrópolis é a menos estruturada. E o perfil do visitante, aqui, é mais aventureiro na comparação com quem chega por Teresópolis ou Guapimirim. As atividades resumem-se a três trilhas: o Circuito das Bromélias, que leva a cinco poços com piscinas naturais (15 minutos de caminhada); a caminhada que leva à Cachoeira Véu da Noiva (40 m), onde se praticam rapel e cascading (1h30, só ida) e o trekking até a Pedra do Açu (2 216 m), de onde se observam a Baia da Guanabara e o Dedo de Deus (cinco horas, só ida) – a Pedra do Açu é a primeira etapa da clássica travessia de 32 km que liga Petrópolis a Teresópolis em, geralmente, três dias de caminhada. A melhor época para visitar o parque é entre maio e outubro, quando chove menos.
ONDE FICAR
O clima de nobreza respingou na hotelaria petropolitana, com muitas hospedagens de charme distribuídas pela área central e pela a maioria dos distritos da cidade. Em meio às montanhas e palácios imperiais, pousadas e hotéis tentam cativar seu público nos detalhes. Muitas delas, com ótimos restaurantes a disposição não só dos hóspedes, como do público externo.
A elegantíssima e luxuosa Casa Marambaia é um hotel boutique localizado em Corrêas que tem jardins de Burle Marx, decoração impecável e gastronomia de primeira.
Localizado em uma construção de 1875 na avenida mais arborizada do Centro, o Solar do Império “convida” a se sentirem parte da realeza. Perto dali o Grande Hotel Petrópolis ocupa um dos prédios mais icônicos da cidade. Mais discreta e reservada, a Pousada Monte Imperial fica numa área mais tranquila do Centro, com uma bela vista das montanhas.
Aliás, acordar, abrir a janela e se deparar com uma profusão de montanhas é uma constante por lá. Em Côrreas, no começo da estrada que vai para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a Pousada da Alcobaça ocupa um casarão normando com belíssimo jardim a cercando – sem contar a comida de vovó preparada por lá. Do outro lado da cidade, em Araras, você sobe, sobe, sobe uma estrada e, quando ela termina, você está na Pousada Canto dos Tangarás. No Vale do Cuiabá, a Quinta da Paz e a Tankamana aliam isolamento e belas paisagens.
Entre as ditas hospedagens para dormir bem e comer melhor ainda figuram a Locanda Della Mimosa e a Fazenda das Videiras.
Apesar do foco em casal, muitas pousadas aceitam crianças. Mas, Petrópolis guarda algumas opções com muito lazer para a molecada. Fazem parte desse time o Bomtempo Resort e o Caminho Real Resort.
ONDE COMER
A qualidade dos ingredientes produzidos na região e a proximidade da capital fluminense fazem de Petrópolis um importante polo gastronômico. Os distritos de Itaipava e Araras concentram as principais mesas – com frequência dispostas em salões com lareira e/ou à luz de velas. Dependendo de onde você estiver hospedado, será preciso encarar uma pequena viagem até o restaurante – do Centro ao Vale das Videiras, onde fica a Fazenda das Videiras, o deslocamento pode levar uma hora.
O trecho da Estrada União e Indústria em Itaipava é um reduto de ótimas casas por metro quadrado. O tradicional português Parrô do Valentim, o aconchegante francês Cocotte Bistro, o italiano Il Perugino, o espanhol Parador Valência…a Europa está muito bem representada por lá.
Distrito localizado entre as montanhas, Araras é o point para um jantar a dois: o Afrânio e o Tartufo Ristorante são boas pedidas.
Multipremiada, a cozinha do Locanda Della Mimosa prepara pratos da moderna cozinha italiana. A reserva é obrigatória para quem não está hospedado por lá.
Comer em Petrópolis mexe no bolso, mas há bons lugares para comidinhas: o Pavelka e a Casa do Alemão disputam o título de melhor croquete de carne da cidade, o Bordeaux é famoso pelos sanduíches, massas e carta de vinhos, enquanto que, dentro do Museu Imperial, o Duetto’s Café serve expressos caprichados.
COMPRAS
Antenor e Filhos são os grandes fornecedores dos restaurantes por aqui. A família cria pato, galinha d’angola e leitão em São José do Vale do Rio Preto, um município próximo, e vende-os em um empório de Itaipava. Lá também há congelados, vinhos e cervejas.
Outro grande fornecedor de hotéis e restaurantes, o Sítio do Moinho fica em Itaipava, no subdistrito de Santa Mônica. Lá, verduras e legumes orgânicos crescem ao som de música clássica com alto-falantes postados no solo. Na lojinha, vende-se ainda pães e sucos.
No centrinho do Vale das Videiras, perto de Araras, o Galpão Caipira é um mix de armazém (vende pães e queijos produzidos na região, além de utensílios para a casa), bar e ponto de partida para trilhas, percorridas a pé ou de bike.
De sexta a domingo, no principal trevo de Itaipava da BR-040, funciona a Feirinha de Itaipava, com quase 400 lojinhas que comercializam malhas, casacos e acessórios a preços bem camaradas. No local, há restaurantes e pastel de feira.
É TUDO VERDADE
Petrópolis tem sérios problemas no quesito trânsito. Na hora do rush, é preciso muita paciência para circular, não só pelas apertadas ruas centrais como também no distrito de Itaipava. O bom é que na área central ficam as principais atrações da cidade e dá para fazer tudo a pé.
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