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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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10 motivos para amar Manaus

Uma listinha de razões para passar uns dias na cidade antes de zarpar para a floresta

Por Adriana Setti
Atualizado em 9 abr 2024, 15h19 - Publicado em 21 mar 2023, 16h42

Onde mais nesse mundo existe uma cidade de dois milhões de habitantes literalmente imersa em uma floresta tropical? Como um pontinho na imensidão verde, Manaus é uma das mais interessantes portas de entrada para a Amazônia. Mas está longe de ser só isso. Em meio a um certo caos urbano que pode intimidar à primeira vista, a cultura indígena encontra a Europa traduzida na herança dos tempos áureos do ciclo da borracha que, entre o final do século 19 e o começo do século 20, fez da capital do estado do Amazonas uma espécie de versão tropicalizada de Paris – guardadas as devidas proporções. Boa parte das pessoas dá uma passadinha na cidade antes de seguir viagem até algum hotel na floresta ou embarcar em uma expedição pelos rios Negro e Solimões. Mas vale muito a pena reservar pelo menos dois ou três dias para devorar, suar e amar Manaus. Eis os motivos pelos quais você vai se apaixonar:

 1.  O teatro mais lindo do Brasil

Inaugurado em 31 de dezembro de 1896, o Teatro Amazonas é a joia da coroa do legado e da riqueza que o ciclo da borracha trouxe a Manaus. Coroado com uma majestosa cúpula verde e amarela visível de boa parte da cidade, o edifício rosa em estilo renascentista está recheado com tudo o que havia de mais glamuroso na época — mármores de Carrara, lustres de Murano, peças de ferro esculpidas na Inglaterra, telhas francesas — e demandou a “importação” de arquitetos, pintores, escultores e outros artistas da Europa. O resultado é um teatro que não deve nada às grandes óperas do Velho Mundo e merece ser visto com calma durante uma das visitas guiadas (terça a sábado das 9h às 17h; domingo das 9h às 13h). Se a sua viagem coincidir com algum espetáculo em cartaz, vale aproveitar.

O teatro por dentro: um escândalo de bonito.
O salão nobre do teatro por dentro: um escândalo de bonito (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

 2. O Largo de São Sebastião

Endereço do Teatro Amazonas, a praça é o lugar mais preservado, policiado e bonito do Centro Histórico, cercada por vários restaurantes bacanas, o tradicionalíssimo Bar do Armando, hotéis boutique — como o Juma Ópera — e a GaleriAmazônia, que tem uma das melhores curadorias de arte amazônica da cidade. Ali perto, também vale ver o que rola no Casarão de Ideias, um centro cultural que tem café, cinema, espaço de leitura, espetáculos, galeria e um lindo jardim.

 3. A riqueza dos mercados

Do Teatro Amazonas, uma boa forma de imersão no caos urbano de Manaus é caminhar pelo centrão até chegar ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Projetado em estilo art nouveau pelo francês Gustave Eiffel, o mesmo da torre de Paris, ele tem um sem-fim de artesanatos regionais (entre outros made in China). Não deixe de xeretar nas barracas que vendem peixes secos, como o pirarucu, e no setor onde ficam as vendedoras de produtos amazônicos de bem-estar (arnica, óleo de copaíba e afins), além de “poções” que prometem curar todos os males.

Ali pertinho, na beira do rio, a Feira Manaus Moderna é o mercadão “vida real” da cidade, interessantíssimo para quem gosta de garimpar ingredientes locais. Vale dar uma espiada na riqueza absurda que vem do rio visitando o mercado de peixes.

 4. O Museu da Cidade de Manaus

Inaugurado em 2018, o museu ocupa o Paço da Liberdade, um belo edifício em estilo neoclássico que conta a história da capital amazonense e da cultura manauara de forma interativa. O acesso é gratuito e o magnífico salão que rende homenagem aos prefeitos da cidade é um dos pontos altos da visita.

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 5. A Praça Dom Pedro II

Com um coreto fofíssimo e o Museu da Cidade de Manaus de pano de fundo, a Praça Dom Pedro II é um dos lugares mais bonitinhos e acolhedores do Centro Histórico, ideal para fazer uma pausa ou almoçar na rua Bernardo Ramos, onde bonitos casarões coloniais abrigam restaurantes, cafés e o Centro Cultural Óscar Ramos. Repare, também, no estilo do edifício da Grande Loja Maçônica do Amazonas. Em uma das esquinas da praça, chama a atenção o Casarão da Inovação Cassina, um coworking cheio de estilo acesso grátis com agendamento obrigatório.

A Praça Dom Pedro II, um respiro em meio ao caos.
A Praça Dom Pedro II, um respiro em meio ao caos (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Os casarões fofos da rua Bernardo Ramos.
Os casarões fofos da rua Bernardo Ramos (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
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 6. As comidas e os drinks do Caxiri

O restaurante Caxiri, que já valeria a sua viagem a Manaus, é comandado pela chef Debora Shornik, braço direito de Paola Carosella até se apaixonar pela Amazônia e decidir ficar de vez. Com vista para o teatro, ela faz uma leitura própria da culinária indígena e regional. Uma das entradas imperdíveis é o ceviche de pirarucu. Depois, peça supreme de tambaqui com abacaxi e macaxeira recheada de queijo coalho. “Manaus todinha” é uma loucura de sobremesa: sorvete de açaí, creme de camaru, abacaxi e farofinha doce. Os drinks são um show à parte, assinados pelo barman Alê D’agostino — não dá para perder o mule amazônico e a caipirinha com cachaça de jambu.

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7. A cozinha indígena do Biatüwi

Em um dos casarões da rua Bernardo Ramos, um centro de medicina indígena — Bahserikowiabriga, nos fundos, o Biatüwi, restaurante onde a chef Clarinda Ramos prepara receitas das etnias Sateré-Mawé e Tukano. Os caldos apimentados e a degustação de bebidas fermentadas rendem as experiências mais inéditas para quem nunca teve contato com essa cultura gastronômica. Peixes assados, como o glorioso tambaqui e o matrinxã, são deliciosos, servidos com farofa de formigas e fatias de beiju. Aberto em 2020, em meio à pandemia, o restaurante contou com o apoio e a consultoria da chef Débora Shornik.

A chef Clarinda Ramos à frente do Biatüwi.
A chef Clarinda Ramos à frente do Biatüwi (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Matrinxã assado com farofa de formiga e beiju no Biatüwi.
Matrinxã assado com farofa de formiga e beiju no Biatüwi (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
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 8. O sushi amazônico do Shin Suzuran

Onde mais você conseguiria provar um sunomono de vitória-régia? Hiroya Takano faz cozinha japonesa com ingredientes amazônicos, em uma improvável combinação que dá certíssimo no Shin Suzuran. Em um salão austero, ele circula entre as mesas e explica suas criações, como sashimi de tucunaré, uramaki com vitória régia e tempurá de folha de urtiga. Também surpreende a simples e deliciosa salada de agrião com salmão e as ovas de pescada amazônica.

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 9. Tambaqui de banda e x-caboquinho

Calma que tem mais comidas que valem a viagem. Uma delas é o tambaqui de banda, o peixe que é a “picanha do Amazonas”, assado, aberto, servido com farofa e vinagrete. O do restaurante Tambaqui de Banda, ao lado do teatro, é impecável. Outro hit local é o x-caboquinho: pão francês recheado com lascas de tucumã (um coquinho com uma “carne” amarelada, firme e deliciosa), banana-da-terra frita e queijo coalho.

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10. A selva no “quintal”

Não dá para não se impressionar com a proximidade entre o centro superurbano da cidade e a floresta, literalmente logo ali. Para quem não está prestes a zarpar em uma expedição ou partir para algum hotel na floresta, vale a pena fazer o passeio de barco que passa pelo famoso Encontro da Águas dos rios Negro e Solimões, interage com botos, visita uma aldeia indígena e leva até as vitórias-régias do Parque Janauari. Também há tours que passam por praias (na época em que a água do rio não está muito alta) e visitam o Museu do Seringal Vila Paraíso. Também vale ver o Musa, Museu da Amazônia.

O famoso encontro das águas dos rios Negro e Solimões e o céu amazônico em fúria.
O famoso encontro das águas dos rios Negro e Solimões e o céu amazônico em fúria. (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

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