Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas

12 habilidades essenciais para um viajante profissional

Quem viaja com frequência desenvolve algumas habilidades que servem para lidar com adversidades com muito mais resiliência; veja quais são elas

Por Adriana Setti
Atualizado em 5 out 2022, 15h31 - Publicado em 19 ago 2015, 10h36
Mulher de costas e boné com mochila caminhando em uma floresta de coníferas com o sol lateral
Quem viaja com frequência adota atitudes que servem para a vida; veja como uma viagem pode transformar a sua vida (Creative commons/Pixabay)
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Outro dia dei muita risada com uma amigo que disse: “quem cresceu em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro é praticamente um ser humano 4×4”. Concordo plenamente.

Diante da guerra que é o cotidiano nessas metrópoles caóticas, grande parte dos perrengues, medos e aflições de viagem são mel na chupeta. De qualquer forma, há certas habilidades específicas que são fundamentais para um viajante profissional.

Não tome a expressão ao pé da letra. Para mim, o profissional é aquele que não tem chilique diante das adversidades, que não complica a própria vida (e a dos companheiros ) com frescuras, que não reluta em experimentar coisas novas e por aí vai. Algumas habilidades são natas. Outras, você pode desenvolver com o tempo (ou não):

1. Ser capaz de viajar leve

Tenho vontade de chorar a cada vez que vejo uma menina magricela estrebuchando para carregar uma mala gigante escadaria acima numa estação de metrô – e de me autoflagelar quando sucumbo ao pecado do excesso de bagagem. Arrastar muito peso é atraso de vida.

Regra pessoal: 10 kg (mala de mão) para viagens de até 15 dias e 15 kg a 20 kg para viagens mais longas. Tento não passar disso mesmo em jornadas de vários meses.

Uma verdade: nunca precisei desesperadamente de algo que não levei e/ou que não pudesse encontrar pelo caminho em caso de emergência. Por outro lado, vivo me arrependendo de ter carregado coisas inúteis.

2. Não ter vergonha de perguntar

Vencer a timidez para pedir informações abordando um estranho é questão de sobrevivência para quem viaja sozinho. Mas é fundamental, também, numa viagem em casal ou em grupo.

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Tem coisa mais chata do que aquela pessoa que diz sistematicamente “ah, pergunta você!”? Aos travados, um alento: ao pedir informação a alguém o pior que pode acontecer é ouvir “não sei” como resposta. É indolor.

3. Se interessar pela cultura local (e respeitá-la)

Sofro de vergonha alheia ao ver viajantes cometendo gafes culturais – e triplamente quando descubro tardiamente que cometi alguma. Para não passar por isso, só tem um jeito: se interessar pela cultura local, tentar aprender os códigos básicos de conduta e respeitá-los.

Não está nem aí? Vai comer com a mão esquerda na Malásia? Vai andar de shortinho na capital de Zanzibar? Não vai tirar o sapato no templo porque está com nojinho? Pois saiba que tudo isso pode ser bem mais ofensivo do que você imagina.

4. Estar aberto a experimentar coisas novas

Na minha modesta opinião, viajar perde o sentido se você se limitar a repetir as coisas que faz em casa. O mais impressionante é que muita gente nem se dá conta desse mecanismo de repetição. Simplesmente engata o piloto automático, janta pizza em Bangcoc e vai dormir feliz no Ibis mais próximo. Sair da zona de conforto e segurança nem sempre é fácil, mas é tão enriquecedor…

5. Ser curioso e criativo

Tem a ver com o item acima. Com certeza há quem se contente em ver os highlights, tirar fotos, fazer umas comprinhas e comer no primeiro lugar que aparece. Mas há tanta vida lá fora… das zonas turísticas. Tanta coisa para ver e curtir na “vida real” dos destinos. É tão divertido encontrar novos caminhos, procurar o diferente… Vale a pena fazer um pequeno esforço e ampliar o campo de visão.

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6. Ser capaz de se deixar levar e de improvisar

Outro dia um amigo me mandou uma folha de Excel com os planos de viagem para que eu palpitasse. Fiquei chocada: uma tabela dividida em manhã, tarde e noite com programas pré-agendados para quase 20 dias. MEU DEUS. Tem coisa nesse mundo que combine menos com férias do que uma tabela de Excel???

Concordo que planejar o mínimo, fazer algumas reservas e comprar certas entradas com antecedência seja importante nos dias de hoje. Mas tenho notado, ao longos dos anos, que um dos maiores indicativos que a viagem está sendo incrível é quando famosa tecla F começa a ser acionada diante das obrigações auto impostas previamente.

7. Não enjoar em barco, carro, ônibus etc.

Agradeço aos céus pela capacidade de não enjoar em barcos, o que deixaria a minha vida muito mais difícil e tornaria quase impossível o meu amor pelas ilhas do mundo e pelo mergulho.

Nem sempre foi assim. Passei a infância vomitando de São Paulo até Ubatuba e vira e mexe vomito até vendo filme do Lars Von Trier, por causa da câmera tremida. Isso me faz acreditar que, a duríssimas penas, a cinetose (enjoo de movimento) é algo que pode ser vencido (ou pelo menos domado) com a insistência.

8. Dormir bem em qualquer lugar

Ser capaz de dormir num quarto claro e com uma dose de barulho multiplica por milhões os hotéis e pousadas que você consideraria razoável (principalmente na Ásia, onde cortinas e silêncio não fazem parte da cultura local).

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E você definitivamente pode se ajudar com máscara de dormir e tampão de ouvido (itens que estão sempre na minha nécessaire). Meu ponto fraco é o calor… mas estamos trabalhando nisso…

9. Ter o mínimo possível de frescura

Quem é cheio da grana, só voa de executiva e fica em hotel de luxo, pode bancar a frescura numa boa. Mas quem viaja de low-cost e fica em lugares baratex PRECISA ser mais flexível.

Não adianta reclamar com o gerente se aparecer uma barata no seu bangalô de bambu de US$ 5 na Indonésia. Não rola ter chilique porque viu uns fios de cabelo no banheiro do albergue. Não dá para montar uma cena se o lençol da pousadinha de US$ 15 da Costa Rica tiver uns furinhos. Certo?

10. Ter consciência dos próprios limites (e desafiá-los com moderação)

Não sou capaz de fazer caminhadas longas num calor escaldante. Não SUPORTO me meter em florestas tropicais no modo “abrir picada”. Tenho plena consciência de que meu joelho pode me deixar na mão se eu resolver esquiar. Sou terrivelmente alérgica a formigas.

Vez ou outra, quando vale muito a pena, desafio esses limites físicos e mentais em prol de uma experiência inesquecível. Mas, na minha modesta opinião, acho que fazer isso sistematicamente é masoquismo.

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Vejo muita gente por aí se obrigando a façanhas sobre-humanas sem pensar direito nas consequências, no desgaste, nos custos e nas próprias motivações. Escalar o Evereste? Correr uma maratona? Subir os Alpes de bicicleta? Pular de pára-quedas? Pra quê? Pra quem? Qual a proporção sofrimento/prazer envolvida na questão?

11. Ser organizado

A cada viagem, perco pelo menos cinco vezes o Itoken do banco, tomo dezesseis sustos achando que meu passaporte sumiu, vou esquecendo peças de roupa pelo caminho e erro a data de pelo menos uma reserva de hotel ou passagem de avião.

Seria tão mais fácil se eu guardasse as coisas sistematicamente no mesmo lugar, se eu anotasse as datas principais da viagem na agenda do celular, se eu fosse mais… organizada. Eu chego lá.

12. Ter um pé atrás (mas não dois)

É óbvio que ficar esperto e se cuidar é sempre fundamental numa viagem. Mas paranoia é uma coisa bem diferente. Poucas coisas me irritam tanto como viajar com uma pessoa que acha constantemente que está sendo passada para trás e que desconfia de tudo e de todos.

No Sudeste Asiático, perdi as contas de quantas vítimas da “síndrome dos preços locais” cruzei pelo caminho. Gente que pechinchava com sofreguidão para conseguir descontos que, convertendo para dólar ou euro, não passavam de centavos. Gente que anda 30 quilômetros mas não entra num táxi sem taxímetro. Gente que se gaba de ter pago menos que você. Ai que preguiça…

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