Cruzando a ponte onde os cadeados selam juras de amor eterno (as chaves são jogadas no rio), entra-se em um mundo à parte. A “Uzupio Respublika” (ou Uzupis Republic, em inglês) foi declarada independente por seus moradores desde 1 998. Para o governo da Lituânia, ou mesmo a prefeitura de Vilnius, isso não fez a menor diferença. Mas quem se importa com isso?
Uzupio tem seu próprio “presidente” e comemora a sua independência no dia da mentira – hahahaha –, não é incrível? Nessa data solene, o líder da nação uzupiana faz discurso e guardas com roupas surrealistas “carimbam” os passaportes dos que chegam. Sim, os lituanos têm senso de humor.
A constituição de Uzupio é impagável (eu até comprei um pôster e fiz um quadro). Entre as 41 leis, “todo mundo tem o direito de ser feliz”, mas… “todo mundo também tem o direito de ser infeliz”. Why not? Todo mundo ainda “tem o direito de cometer erros” e… “de estar em dúvidas, mas isso não é uma obrigação”. Ai, ai… eu acho isso tão fantástico! Vocês não?
Visualmente, o bairro lembra um pouco a Christiania, a república independente dentro de Copenhague, mas sem drogas — ao menos à vista, ainda que referências aos cogumelos desenhadas nas paredes não faltem. Os grafites colorem os muros, há galerias de arte e muitos espaços alternativos. É o bairro dos artistas, dos boêmios, etc.
O contraste é interessante. Basta cruzar a ponte, deixando para trás o impecabilíssimo Centro histórico, para sacar como era Vilnius antes de que restaurasse o seu miolinho após a queda da cortina de ferro.
Algumas casas parecem prestes a sucumbir. Mas ao mesmo tempo, a região está ficando cada vez mais cool, com lojas bacanas, bares animadíssimos e o restaurante mais legal da cidade, o Tores, ao qual se chega subindo a ladeira protegida pelo anjo que é o guardião dessa gente “livre” e feliz (ou infeliz, porque afinal de contas, tudo mundo tem o direito…).
Siga @drisetti no Twitter
Publicidade