Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Alerta para quem viaja para Cancún, Playa del Carmen e Riviera Maia: as praias estão impraticáveis, cobertas de sargaço

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h16 - Publicado em 29 jul 2015, 09h27
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A imagem chocante acima mostra Cancún na manhã de anteontem. A foto apareceu na timeline do Facebook justamente no mesmo dia em que recebi o email da minha amiga Kika contando sobre suas últimas férias na Riviera Maia. Hoje de manhã, também falei com uma amiga-leitora, a Betina, que está em Tulum. O que elas contaram fez com que eu desistisse de uma possível viagem para o México nos próximos meses e me motivou a escrever este post de alerta. Se você está planejando uma empreitada para Cancún, Playa del Carmen, Tulum ou qualquer outra praia da Riviera Maia, leia com muita atenção:

 

Eis o depoimento da Kika, que acaba de voltar da Riviera Maia:

“Gostei muito da região, mas infelizmente há quase dez meses o mar em Quintana Roo está infestado com uma quantidade enorme de sargaço, que se acumula na faixa mais próxima da areia, formando uma mancha marrom. Está bem difícil encontrar um lugarzinho com a água daquela cor de Caribe… E é impossível entrar no mar, por causa das pulgas marinhas que vivem no meio das algas e picam! Os donos da minha pousada em Playa del Carmen, Italianos muito fofos, perguntaram aonde eu iria depois… Quando respondi Tulum, fizeram careta, disseram que estavam vindo de lá dois dias antes e que o mar estava muito pior. Achei que era exagero, que deveriam estar puxando a sardinha para Playa. Mas infelizmente tinham razão: Tulum era a mais afetada de todas. A praia inteira está coberta por uma faixa grossa de algas. Tudo está marrom, uma pena. No caminho entre Playa del Carmen e Tulum parei em todas as praias possíveis em busca de água limpa. Akumal estava bem bonito, quase sem algas. Em Xpu-ha e Puerto Venturas havia sargaça em toda extensão, só que era uma faixa fina, próxima da areia, mais light que Tulum. Como Akumal estava limpa, dava a sensação de que todo mundo estava lá, a praia estava lotada. Então o jeito foi curtir o mergulho nos cenotes, que continuam maravilhosos. Outro oásis que encontrei foi a Isla Mujeres, que não estava afetada.”

 

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Foto tirada pela Kika em Puerto Venturas, uma das praias que estavam em melhor estado

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Eis o depoimento da Betina, que está em Tulum neste momento:

“Cheguei aqui em Tulum na sexta-feira cedo e tive uma baita decepção. Não dá pra entrar no mar de tanta alga. E o pior é que tem muita sujeira no meio do sargaço também, um monte de plástico. A cor do mar também mudou, claro. É minha terceira vez aqui e nunca vi isso. Dizem que o problema começou em janeiro. Gosto de fazer SUP e tenho ido aos cenotes, porque o mar está pouco inspirador. Quem entra tem que passar a arrebentação até chegar no azul, e depois sai todo sujo. E ainda existe o problema das pulgas do mar, que picam, e dos insetos que as algas acumuladas na praia atraem. Menos mal que todo mundo está tentando limpar, tanto os funcionários dos hotéis como os turistas. Ainda assim Tulum está vazia, como se fosse baixa temporada, e os hotéis já estão sentindo o baque. Os americanos desapareceram, devem estar mais bem informados que nós, brasileiros. ”

 

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Foto tirada pela Betina em Tulum hoje de manhã

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Tulum da janela do meu quarto, quando estive lá há três anos 🙁

Pesquisando nos fóruns de internet e nos jornais mexicanos, li relatos bem parecidos e até piores. Ainda por cima, os hoteleiros não estão informando os clientes sobre o problema no momento da reserva. Algumas pessoas relatam o cheiro forte causado pelo acúmulo de sargaço. Outras se queixam das “pulgas do mar”, que podem irritar um pouco a pele (já estive numa praia com o mesmo problema e lembro de sentir essas picadinhas – não é nada grave, mas dá muita aflição). Para quem não é alérgico às pulgas, o sargaço não �� nocivo para a saúde. Superando o nojinho, é possível atravessar a faixa marrom e se jogar no azul do Caribe. De qualquer forma, a situação é extremamente brochante para quem sempre sonhou em dar aquele mergulho no Caribe. Se você está planejando uma viagem para o México, é bom ter um plano B na manga (ou pelo menos um hotel com piscina). A costa do Pacífico, por exemplo, não está sendo afetada pelo problema.

 

Assim como as algas brotaram meses atrás, elas podem ir embora de uma hora para a outra. A gravidade e o foco principal da invasão também variam conforme o dia e as correntezas. Mas ainda não há previsão de quando e como o problema será solucionado. O governo e os empresários da região estão empenhados em limpar a praia (uma trabalho de Jó) e em tentar encontrar um remédio para a situação o antes possível, sabendo que a galinha dos ovos de ouro do turismo mexicano está em risco. Em Cancún, como os hotéis são enormes e contam com exércitos de funcionários, as areias estão sendo limpas com mais intensidade (ainda que amanheçam sujas novamente na manhã seguinte…). Nas praias mais roots, como Tulum, o cenário é pior pela falta de volume de mão de obra para a tarefa.

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Sobre causas, há várias versões. Há quem atribua o problema ao abuso de fertilizantes nos Estados Unidos. Já a plataforma MexicO2 (pela redução da emissão de gás carbônico), de onde reproduzi algumas imagens para ilustrar este post, levanta a seguinte hipótese:

 

“A abundante presença desta alga está relacionada com a desaparição dos manguezais da região para dar lugar aos complexos turísticos.  Os mangues amorteciam tanto a chegada de furacões como de espécies invasoras, como a sargaça. Por outro lado, é provável que a maior presença de CO2 na atmosfera (principal causa do aquecimento global) e sua absorção pelos oceanos, efeito conhecido como acidificação dos oceanos, haja aumentado a taxa reprodutiva da alga. As praias mais afetadas são Cancún, com cerca de 720 metros cúbicos coletados, e Puerto Morelos, de onde se extraíram 200 metros cúbicos.”

 

O que mais me espanta é: uma vez que zilhões de brasileiros viajam por essa região, como é que a notícia não se espalhou até agora?

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Cancún segunda-feira de manhã

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