As maiores besteiras que já fiz como turista no Sudeste Asiático
Um guia de experiências próprias para você não cometer os mesmos erros ou passar vergonha no Sudeste Asiático
Nem só de experiências maravilhosas se faz uma viagem. Tomar na cabeça faz parte da aventura de sair pelo mundo por conta própria – e até os viajantes mais experientes entram em roubadas. Além de renderem aquelas histórias que fazem sucesso no boteco, as agruras do caminho também servem de aprendizado. E é justamente por isso de resolvi compartilhar o hit parade dos maiores micos que já vivi como turista. Eis a primeira leva:
Viajar em barco sem a menor segurança
As duas vezes em que corri risco de vida seriamente aconteceram por esse motivo. A primeira foi na Tailândia. Da ilha de Koh Jum, não havia barco direto para Koh Phi Phi. Mas parecia tão pertinho… Ao invés de seguir a rota clássica, contratamos um barquinho de pescador (o mítico long tail boat tailandês) para fazer a travessia. Quando já estávamos em alto mar: “Water! Water! Problem! Problem!”. A barca literalmente furada começou a encher de água no meio do oceano e – tcharan – não tínhamos nenhum colete salva-vidas a bordo. O que salvou a nossa pele foi a presença de um balde, com o qual fomos esvaziando o barco por mais de uma hora seguida até finalmente atracar em Phi Phi. Obviamente, depois dessa eu jurei nunca mais repetir. Só que acabei fazendo a mesmíssima coisa nas Filipinas. O perrengue, dessa vez, foi ainda mais dramático. O mar encrespou e o barquinho, que era quase uma canoa, começou a ser bombardeado por ondas enormes. Em um dado momento, o pau que controlava o leme (veja bem…) escapou da mão do moleque de 16 anos que era o nosso “capitão” (sim, 16 anos) e ficamos totalmente à deriva. Sem salva-vidas. Só estou viva porque, milagrosamente, o “pau do leme” acabou aparecendo de novo flutuando mais ou menos perto do barco, e conseguimos agarrá-lo (acho que foi um dos momentos mais felizes da minha vida). Ainda assim, ainda passamos cerca de quatro horas nessa situação infernal no meio das ondas até finalmente chegar em terra firme, na ilha de Bantayan. Nunca passei tanto medo. Agora é sério: eu não vou mais me colocar em uma roubada dessas.
Ignorar a temporada de furacões
Pois bem. Sabe a ilha de Bantayan, da roubada acima? Quatro dias depois fomos pegos de surpresa por um tufão, em pleno bangalô feito de bambu. Eu contei essa roubada NESTE POST. Tudo isso porque viajei para as Filipinas no fim da temporada de tufões, certa de que não a coisa não era tão problemática assim e que a sorte iria jogar do meu lado. Resulta que não.
Escolher centro de mergulho pelo preço
Taí outro erro que já repeti. Mas a mais problemática foi a minha primeira vez em Sipadan, na Malásia, quando caí nas mãos da espelunca Billabong Scuba. Um mergulhador passou seriamente mal saindo do mar, com vários sintomas da doença da descompressão (que pode levar à morte). E a equipe simplesmente não tinha os equipamentos básicos de primeiros socorros que todo barco de mergulho deve ter por lei, a começar pelo oxigênio. Junto com outras pessoas, corri até um resort de luxo vizinho, que tinha infraestrutura médica, para pedir socorro (entrei lá tremendo e chorando e encontrei ajuda na hora). O cara, que hoje é meu amigo, acabou sendo levado para o hospital e acabou tudo bem. Dessa vez eu definitivamente aprendi a lição de não mergulhar com centros de reputação duvidosa. Não dá para economizar com segurança, sobretudo quando o assunto é um esporte de risco.
Andar de elefante na Tailândia
Ai… que vergonha de mim mesma. Na minha primeira viagem à Tailândia, embarquei em um passeio para turista retardado e acabei em um desses centros horrorosos que maltratam os elefantes, obrigando a levar turistas nas costas. Só me dei conta da situação grotesca quando estava em cima do bicho, que era puxado por um menino que o espetava com um prego na ponta de um pau. Os animais eram mal alimentados, trabalhavam o dia todo embaixo de um sol escaldante e chegavam a levar três pessoas de uma vez. Acho que nunca vou me perdoar por ter alimentado esse mercado tão inescrupuloso. Muitos centros na Tailândia resgatam os animais desses infernos e dão carinho e cuidados. É nesses lugares que você tem que ir para interagir com elefantes (de preferência sem fazer o bichinho trabalhar). Depois disso passei a questionar todo e qualquer programa que envolva animais para não correr o risco de entrar em roubadas semelhantes.
Cair em um golpe ridículo em Bangkok
Mais uma pérola da minha primeira vez na Tailândia, cheia de ingenuidade e amor pra dar. Um fulaninho que para você na rua fazendo de amigão e o convence de conhecer um templo maravilhoso e pouco turístico. Chegando lá, o templo é até bacana e um senhor simpaticíssimo puxa papo. Ele dá várias dicas “incríveis”, inclusive uma agência de turismo supostamente oficial do governo tailandês, que vende passagens e pacotes com preços ótimos. Você acaba indo lá e atendente é tão ostensivamente amável que consegue empurrar, além das passagens que você realmente precisava, um pacote para Chiang Mai com direito a hotel e passeios (o dos elefantes, claro) e mais um curso de mergulho em Koh Tao. E eis que no curso de mergulho de Koh Tao você conversa com as pessoas e todo mundo havia passado pela mesma sequência: amigão na rua, tiozinho simpático do templo e agência supostamente oficial. Recentemente, vi um programa de TV que explicava que esse golpe é um clássico de Bangkok. O mais surreal é que muita gente cai e nem fica sabendo. Isso porque é um golpe light: o que você compra realmente existe. A questão é que absolutamente tudo é de meia-boca pra baixo, do dive center à pousada, passando pelos passeios. Tem coisas que só a Tailândia pode fazer por você.
Fotos: Pixabay
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