Cidadezinhas espetaculares da Europa: Vejer de la Frontera
As pracinhas, tentações e mistérios da rainha dos pueblos blancos da Andaluzia, na Espanha
Uma das grande maravilhas de viajar pela Europa é descobrir suas infinitas cidadezinhas com encanto. Algumas são celebridades, outras são meras desconhecidas – pelo menos do “grande público”, digamos assim. Com este post, inicio uma série sobre minhas favoritas na segunda categoria. Ou seja, lugarzinhos que honram o nome deste blog, Achados.
No ano passado, entreguei meu troféu revelação a Vejer de la Frontera. A 50 quilômetros de Cádiz, capital da província homônima, é um dos pontos altos da chamada “rota dos povoados brancos da Andaluzia”. Alvíssima, a cidade irradia a luz ofuscante do sul da Espanha do alto de uma colina 200 metros acima do nível do mar.
De longe, suas casinhas brancas parecem caixinhas empilhadas. A única construção destoando do conjunto monocromática é um castelo que abrigou os duques de Medina-Sidonia até o século 19. Seus alicerces, no entanto, datam do século 10 e foram erguidos pelos árabes durante seus quase 550 anos de domínio sobre Vejer.
Mas nem a fofíssima silhueta da cidade prepara o viajante para o que está por vir. Ao pisar no vilarejo fui engolida por um labirinto de ruas estreitas que avança vertiginosamente morro acima. Escadarias secretas revelam pátios floridos. Ao dobrar a esquina, sempre aparece um mirante de tremer as pernas. A cada pracinha arborizada, surge um bar convidando à mala vida. As paredes enfeitadas com vasos parecem ter sido minuciosamente premeditada para triunfar no Instagram. Assim como as portas coloridas, os arcos que emolduram recortes da arquitetura, as fontes cercadas de palmeiras imperiais….
Com mais de 2 mil anos de história, Vejer também provoca calafrio com a imagem da Cobijada. Inteiramente coberta de preto, deixando apenas o olho direito de fora, a estátua ilustra o traje (de origem cristã!) utilizado por algumas mulheres locais do século 16 até – pasmem! – 1930. Hoje em dia, o manto do espanto aparece apenas em festas folclóricas.
Dá para ver tudo em algumas horas. Mas você vai querer ficar para sempre. Por isso, não é má ideia escolher a cidade para fazer de base para explorar a região.
Se você for:
Onde comer
Eu só tive tempo de provar o Jardín del Califa, que já valeria pelo lugar, especialmente as mesas espalhadas pelo pátio florido. No cardápio, receitas árabes com um toque europeu. Mas o chef Ángel León (três estrelas Michelin por seu Aponiente), que é da região, indicou o La Castillería que, segundo ele, tem carnes “brutais” impecavelmente preparadas à brasa. Outro que é lindo de morrer, nem que seja para um drinque ao ar livre, é o Claustro. Guarde uma gavetinha estomacal para os quitutes da Pasteleria Galvan, que vende os doces típicos da região.
Onde ficar
Dois hotéis diminutos e cheios de charme em pleno centro histórico são o La Casa del Califa (desde €106) e o Casa Shelly (desde €95).
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