Como fazer uma paulistana querer morar no Rio de Janeiro em 5 programas
Já fui ao Rio centenas de vezes. Tenho família por lá, amigos de longa data e um eterno fascínio pela cidade mais bonita do mundo. Nunca, no entanto, tinha tido uma vontade tão sólida de mudar-me de mala e cuia para lá. Até a semana passada.
Eu já disse e repito: quem sou eu para dar dicas sobre o Rio? Disso – e também de escrever textos belíssimos – quem manja é a Constance Escobar. Atolada em modéstia até o pescoço, posso apenas sugerir como um paulistano pode dar o braço a torcer em 5 programas:
Um dia (entre semana) na Prainha: Urra, meu! Parece Maresias, mas não tem borrachudo! De segunda a sexta, a praia mais surfística, bela e selvagem do Rio (Grumari não tem o mesmo charme, na minha modestíssima opinião) é um respiro da doideira das praias da Zona Sul: menos bixxxcoito globo, menos pagação, natureza irretocável e muitos “meninos do Rio”.
Uma tarde de sábado no Bar Urca: Um micro cafofinho, uma mureta, uma (ou várias) Originais geladas e a Baía de Guanabara aos seus pés (com canja do Cristo). Quem precisa de mais? No andar de cima, no restaurante, a comida é respeitável e a vista ainda mais incrível.
Um fim de noite no Cervantes: É uma espécie de versão sofisticada do paulistano Estadão, com garçons de gravata borboleta (me corrijam se eu tiver imaginado esse detalhe, uma vez que os momentos dentro do Cervantes, em alta madrugada, estão um pouco nebulosos na minha mente) – e a mesma quantidade de bêbados famintos no fim da noite. O sanduíche de pernil é incrível. Urra meu, não deixa nada a dever para o do Estadão.
Uma tarde em Santa Teresa (fechando com uma noite na Lapa): Ter paciência na fila do “terminal”, subir de bondinho, gritar “u-huuuu” ao cruzar com o povo que desce e, por fim, desembarcar no bairro mais mágico do Rio de Janeiro para uma espécie de volta no tempo entre belos casarões coloniais, trepadeiras que lutam contra tijolos, ruas de paralelepípedos e um clima “meio intelectual, meio de esquerda”, como diria Antonio Prata. Pergunte pelo bar do Serginho, uma simpática mercearia que vende sandubas ótimos, porções de frios e cerveja gelada, e sua imersão em Santa estará completa. Depois que o sol se esconder, teste os ligamentos do joelho descendo a pé para a boêmia Lapa (a vista do centro, da ladeira que sai do lado do bar do Sergio é incrível). A noite é uma criança e você nem precisa tirar o chinelo.
Qualquer dia e qualquer hora em qualquer boteco de Ipanema/Leblon: Carioca adora dizer que nós, paulistas, somos otários. Comecei a desconfiar que isso pode até ser mesmo verdade quando vi que um chopp num dos botecos mais bacanas do Rio (há zilhões e cada um tem o seu, nem vou entrar nesse mérito) custava 3,80 reais, enquanto pago entre 6 e 7 em São Paulo… De chinelo e com pouca grana no bolso, a botecagem em Ipanema e Leblon é a celebração da boa vida dentro de um copo com colarinho.
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