O turismo é quase uma novidade em Vanuatu. E se por um lado a “pureza” é um dos maiores atrativos deste arquipélago do Pacífico Sul, também traz algumas dificuldades logísticas. Pulverizado por 83 pedacinhos de terra (65 deles inabitados), o país tem apenas uma companhia aérea operando voos locais (a Vanuatu Airlines, com preços bem salgados), que inevitavelmente convergem para a capital, Port Vila, na ilha de Efate. Ou seja, para voar entre dois aeroportos que não sejam o principal, sempre é preciso fazer uma conexão. Como alternativa, há ferries lentíssimos com intervalos de vários dias (ou semanas!) entre cada saída.
Por essas e outras, muita gente acaba ficando só em Efate. A ilha principal concentra a maior parte da infraestrutura turística, com resorts em várias faixas de preço, locadoras de automóveis (as únicas do país de grandes redes internacionais), agências de viagem etc. Mas definitivamente está longe de ser a “Vanuatu de verdade” em termos de estilo de vida, ou de ter as atrações mais interessantes. Uma vez que você veio tão longe, não caia na besteira de ficar só aqui.
Vanuatu em 5 dias
Se você tem apenas 5 dias, suponho que é porque está fazendo uma grande turnê pelo Pacífico Sul e quer conhecer um pouco de tudo (já digo de antemão que essa rapidinha vai doer no seu coração). Certo? Uma vez que você provavelmente voará até Port Vila, fique dois dias para conhecer os destaques de Efate. No primeiro dia, sem ir muito longe da capital, você pode passar algumas horas na magnífica cachoeira de Mele e depois relaxar na ilhota de Hideaway, boa para fazer snorkel, pegar uma prainha e enviar um cartão postal impermeável do único posto de correio subaquático do mundo (o que as pessoas não fazem para inventar uma atração).
Nos três dias restantes, escolha uma segunda ilha de acordo com o seu interesse. Em Espiritu Santo você pode tirar um dia para explorar os rios que formam blue holes (buracos azuis) inacreditavelmente cristalinos. A rota por essas piscinas naturais divinas incluem o Riri, o Matevulu e o Nanda (meu favorito). Na segunda jornada, dá para conhecer a Champagne Beach e a praia de Port-Olry – fortes candidatas às mais bonitas que você já viu. Com nível avançado de espírito aventureiro, aproveite o terceiro dia para fazer a (longa) empreitada até a caverna Millenium, que envolve uma caminhada dentro do rio “com emoção”.
Outra possibilidade é combinar os dois dias em Efate com três em Tanna, coroada pelo vulcão ativo mais acessível do mundo. É fácil de escalar e você fica literalmente cara a cara com a lava em ebulição e toda a matéria que jorra das profundezas da Terra. Tanna também tem vilarejos tradicionais incríveis (que tal dormir em um deles, em uma casa pendurada na árvore?) e bons trekkings em meio à floresta.
Vanuatu em 7 dias
Com esses dois dias extras, dá para unir as três ilhas mencionadas anteriormente – com bastante correria. Neste caso, reserve dois dias em Efate, dois para Tanna e três para Espiritu Santo. Para viajar com mais calma, escolha apenas duas ilhas.
Vanuatu em 10 dias
Dez dias é o tempo ideal para conhecer três ilhas com mais tranquilidade, acrescentando três dias a Espiritu Santo, a maior ilha do arquipélago. Com esse tempo extra, você pode mergulhar nos incríveis naufrágios da Segunda Guerra (a ilha é uma meca mundial do wreck dive), conhecer o mercado e a vidinha pausada da capital (Luganville), fazer passeio de caiaque pelas ilhas virgens ao redor de Port-Olry e passar mais tempo observando a beleza radiante desse clichê do paraíso.
Vanuatu em duas semanas
Como aproveitar os quatro dias extras que você ganhou em relação ao roteiro anterior? Uma possibilidade é fazer tudo com calma, dando um pouco mais de atenção a Efate. Se você surfa, é lá que vai encontrar os melhores breaks. Dando a volta olímpica na ilha, também verá praias bonitas (como Eton e Cafeleary) e conhecerá a famosa Lagoa Azul (uma piscina natural).
Outra possibilidade, pra você que está com orçamento folgado e paciência para incluir mais um voo de ida e volta na viagem (lembre-se: todas as rotas passam por Port Vila), é acrescentar uma ilha. Uma experiência única pode ser conhecer o berço do bungee jump na ilha de Pentecost, onde os homens e meninos locais protagonizam um ritual em que se atiram de uma altura de mais de 20 metros presos a uma corda (feita de materiais coletados na floresta). O ritual se chama Nagol e acontece todos os sábados entre abril e junho. E, para ir realmente fundo na alma de Vanuatu, uma boa é explorar a ilha de Malecula, uma das menos desenvolvidas do arquipélago, habitada por uma série de tribos. Neste caso, prepare-se para ser praticamente o único turista e para viajar no modo “Survivor”, dormindo em cabaninhas precárias e tomando banho de caneca.
O meu roteiro
Viajei para Vanuatu no modo slow travel total, com pouco dinheiro e dando prioridade a praias e mergulho. Para economizar com os voos internos, optei ficar em Espiritu Santo e aproveitei a conexão em Port Vila para conhecer a linda cachoeira de Mele. Devo confessar, no entanto, que me arrependo de não ter investido em uns dias em Tanna. Afinal de contas, não é todo dia que se fica cara a cara com um vulcão ativo.