Direto do México: o bombástico Réveillon de Playa del Carmen, na Riviera Maya
É praticamente um milagre que meus neurônios me permitam escrever algumas linhas neste primeiro de janeiro, um dia que costuma não constar no meu calendário cerebral. Então aproveito para contar o que rolou por aqui em Playa del Carmen há algumas horas.
“Playa”, para os íntimos, é um daqueles lugares onde as pessoas caem na noite no esquema faca na caveira e sangue nos olhos. As mulheres não saem vestidas para matar; saem vestidas para cometer genocídios: salto agulha de meio metro, decotes impossíveis, brilhos ofuscantes, brincos que pesam toneladas. Bebe-se em doses “Despedida em Las Vegas”. Muchachos e muchachas (principalmente mexican@s, italia@s, argenti@s e american@s) fuzilam-se furiosamente com os olhos e traseiros são apertados na surdina no meio da multidão.
Na alta temporada (entre Natal e Réveillon e também na Semana Santa), quando rola o festival de música eletrônica BPM, todo dia é assim. E no Ano Novo é quando a coisa explode de vez.
Muita gente passa a meia noite nos restaurantes da Quinta Avenida, o calçadão onde se concentra a boemia. Outra multidão se reúne na praia, em frente ao Beach Club Mamitas (que também organizou uma festa, sem muito sucesso). O esquema praiano é bem farofão: cada grupinho com sua geladeira de isopor comprada na loja de conveniências Oxxo. Confesso que morri de inveja: quis ser chique e soltei champanhe quente pelo nariz na hora de brindar.
Depois da meia noite uma multidão digna de carnaval e Olinda invadiu a Quinta e suas travessas mais calientes, a 10 e a 12. Em frente ao Kitxen, um dos meus bares eleitos favoritos nos últimos dias, um bando de gente filmava, fotografava e gritava diante do cantor que se apresentava. O sujeito em questão era o dono do bar, o roqueiro Saul Hernandez, que fez sucesso nos anos 80 e se apresenta “em casa” a cada virada do ano, mais ou menos como Alceu Valença em Olinda nas quartas-feiras de cinzas)…
As mega dooper baladas da cidade – Coco Bongo, Palazzo e Blue Parrot – estavam chacoalhando os alicerces das ruínas mayas dos arredores. Mas acho que havia ainda mais gente pela rua, dançando ao som dos DJs que tocavam em alguns bares, para quem quisesse bailar. A bebida custava um pouco mais do que nos dias anteriores, mas se divertir sem gastar muito era perfeitamente possível.
E não é que até a festa no terraço do badaladíssimo hotel Deseo era de graça? Subimos para ver o que rolava. Enquanto eu pedia uma bebida, meu namorado sumiu. Olhei ao redor e lá estava a figura, escarrapachada em uma das camas VIP do lounge do hotel – na cara dura. Nem ele sabe como isso aconteceu. E viva 2012 em Playa del Carmen!
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