Grande parte da população de Barcelona ostenta, no mínimo, um par de olheiras neste exato momento. Outros menos afortunados (em geral aqueles com data de nascimento mais antiga) estão acometidos por males maiores. Viver Barcelona plenamente na segunda semana de junho é para os fortes.
Você já imaginou se o Réveillon e o carnaval caíssem na mesma semana? Em Barcelona é assim. O Sónar, o bombástico festival de música, rolou entre os dias 16 e 18 de junho. No dia 17, também foi dada a largada para o Grec, o fantástico festival de verão. Mas não é só isso. Aproveitando a presença de milhares de estrangeiros e os ânimos calientes, a programação de festas (no embalo do off Sónar) atinge o seu máximo, com pelo menos 5 opções tentadoras por dia, de segunda a segunda. E quando o corpo parece não mais poder, o golpe de misericórdia: a festa de Sant Joan (São João), que aqui está longe de ter aquele quê naif das festas juninas no Brasil.
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Basicamente, é um Réveillon. Milhares e milhares de pessoas passam a noite na praia festejando com todo o vigor — a jaca enfiada até a cabeça – enquanto outras baladas medievais fazem tremer o resto da cidade, seja dentro das discotecas ou na casa das pessoas.
Uma das coisas mais divertidas é ler o jornal no dia seguinte. Esse trecho desta reportagem do El Periódico dá bem a ideia do que é o negócio:
Os fenômenos mais excêntricos se sucederam a partir das 3, quando o álcool já havia chegado ao sangue em quantidades industriais. Às 3h45, dois grupos de meninas sul-americanas se engalfinhavam aos socos disputando os favores de um táxi. Poucos minutos depois, outro táxi atropelava a um pedestre que caminhava sem destino claro. O farol dianteiro ficou destroçado mas, para surpresa de todos, o jovem saiu andando com seus próprios pés como se nada tivesse acontecido. Seguramente não acordou tão faceiro no dia seguinte. Às 4h30, uma jovem cega de tantas drogas parecia ver dragões enquanto dois agentes tentavam contê-la. “Besteira, são coisas que acontecem”, dizia o policial mais jovem.
E agora vocês me dão licença, porque preciso voltar os meus pés para a salmoura e recolocar o soro na veia.
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