A ideia de pagar preço de sardinha por lagosta em lugares como a Costa dos Corais de Alagoas (as lagostas são abundantes em lugares amparados por recifes de corais) é uma tentação. Agindo por impulso, acabei caindo nessa roubada e sendo cúmplice de um crime ecológico.
Eu sabia que a pesca era proibida na época da reprodução. Mas não tinha a menor ideia de qual era essa época. Com dezenas de barraquinhas e peixarias vendendo lagosta a dar com o pau nos arredores de Japaratinga, imaginei que aquilo não poderia ser ilegal. Doce ilusão.
Tolinha e gulosa, comprei uns dois quilos de lagosta por uns 40 reais. Elas estavam em um pacotinho de plástico e as duas que apareciam por cima eram bem robustinhas. Ao chegar em casa, quase morri do coração: por baixo da “comissão de frente”, havia quatro ou cinco lagostas minúsculas e – o pior de tudo – lotadas de ovas.
Então fui pesquisar e descobri que a época da reprodução vai de 1 de janeiro a 31 de abril. Formalmente, aquelas lagostas não eram fruto de pesca ilegal por causa do prazo (uma vez que isso aconteceu lá pelo dia 15 de dezembro), mas tinham menos de 13 centímetros de cauda (o mínimo exigido pelo IBAMA para que sejam retiradas do mar) e… estavam carregadas de ovas.
Qualquer pessoa com mais de um neurônio pode deduzir retirar lagostas jovens demais do mar em quantidades industriais pode fazer com que elas desapareçam em breve. O grande problema é que a época da pesca proibida coincide justamente com o verão e a altíssima temporada, quando os turistas ávidos pela deliciosa carne desse nobre crustáceo lotam restaurantes e barracas de praia. Ou seja, junta-se a fome com a vontade de comer.
Por isso, a única maneira de salvar a casca das lagostas é não comer o animal fresco na época proibida (as lagostas congeladas podem ter sido capturadas antes do verão) e muito menos pequenos demais e recheados de ovas.
Chibatadas em mim!
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