A partir do dia 26 de junho, o uso de máscaras não será mais obrigatório em espaços abertos na Espanha. E, colocando mais lenha na fogueira do clima de fim de pandemia (ainda que a realidade não seja bem assim), desde ontem as discotecas voltaram a funcionar em algumas cidades da Espanha, como Barcelona, onde estavam fechadas há 15 meses. Como a data da reabertura caiu em um domingo, só uma de cada quatro aproveitou para levantar a porta de ferro. A volta com tudo deve acontecer na próxima quarta, na festa de San Juan, a noite mais bombástica do ano, que está para a Espanha assim como o Réveillon está para o Brasil.
A volta dos clubs, porém, está bem longe de ser ao “normal”. Por enquanto, os lugares só podem ficar abertos até às 3h30. Na pista, a regra é dançar de máscara e sem drink na mão, mantendo distância de 1,5m de quem não estiver na mesma “bolha” de convivência (o mesmo vale para o balcão do bar). Fora isso, só é possível ficar sem máscara quando estiver bebendo, obrigatoriamente sentado em alguma mesa, e a lotação máxima está restrita a 50%. Os donos de discotecas alertam para o óbvio: vai ser impossível fazer com que essas regras sejam cumpridas depois do segundo gim-tônica. Segundo eles, o mais viável seria pedir um teste para entrar e deixar o povo em paz.
Com tantas restrições, o mais provável é que os jovens com sede de festa continuem onde estão: na rua. Desde que o fim do toque de recolher, no dia 9 de maio, um hábito espanholíssimo voltou com tudo: o botellón (algo como “garrafão”). Por mais que você possa ser multado por beber na rua por aqui, as praças, praias e calçadas de Barcelona nunca estiveram tão animadas e etílicas. Na semana passada, os moradores do bairro da Barceloneta, um dos epicentros do botellón na capital catalã, chegaram a pedir a demissão da prefeita Ada Colau, alegando que as autoridades municipais não estão fazendo um grande esforço para conter o caos. Com a chegada de um maior número de turistas nas próximas semanas, esse carnaval de rua informal deve ficar ainda mais fora de controle.
Pra esquentar ainda mais os ânimos, começa hoje aquele que está pintando como o “verão do amor” no Hemisfério Norte. Depois de um ano de meio de isolamento e muito perrengue, é natural que os hormônios estejam mais à flor da pele do que nunca na estação mais quente do ano. Atualmente, as pessoas na faixa dos 30 anos estão sendo vacinadas e, a partir de julho, todo mundo a partir dos 16 poderá levar a agulhada na Espanha. Ou seja, o mês de agosto promete ser ainda mais caliente por aqui, com menos máscaras e mais camisinhas — se é que existe alguém dessa idade com juízo suficiente pra esperar a imunização antes de correr pro abraço e outras coisas mais.