O truque é velho: uma cidade sem graça “inventa” uma atração bem chamativa e, aproveitando a proximidade com lugares genuinamente interessantes, entra de penetra na rota turística.
De certa forma, foi assim com Bilbao, o motor industrial do País Basco, ao norte da Espanha. Com suas curvas insólitas que mudam de cor conforme a hora do dia, o Museo Guggenheim colocou Bilbao (a uma hora por autopista da gloriosa San Sebastián) no mapa de visitas obrigatórias do norte da Espanha.
A estrutura curvilínea, que se reflete no rio Nervión, é uma enorme escultura que lembra uma flor metálica que paira sobre o edifício de concreto e vidro. Na tresloucada fachada, o arquiteto canadense Frank O. Gehry empregou 24 mil metros quadrados de titânio. Precisar, quase não precisava, mas o acervo de arte contemporânea ainda tem obras de Andy Warhol, Louise Bourgeois, Eduardo Chillida, Yves Klein, Jeff Koons, Fujiko Nakayae e Antoni Tàpies, entre outros — além de boas exposições temporárias.
Seria Bilbao, portanto, uma cidade de uma atração só? Não sejamos injustos. Inaugurado em 1997, o edifício reluzente é apenas o embaixador de um gigantesco projeto de reurbanização que transformou um pólo portuário e industrial num lugar agradável para viver e passear.
À beira do rio Nervión, um agradabilíssimo calçadão contorna o museu com obras ao ar livre (como a descomunal aranha metálica e o cachorrinho feito de flores), servindo de palco para artistas de rua e para o vai e vem dos moradores da cidade, que aproveitam a área para correr, passear com seus cães, namorar, etc. Para quem vem de carro num bate e volta de San Sebastián, estacionar é fácil (num shopping vizinho ao museu, onde há boas lojas e restaurantes). Para comer — e come-se muito bem em Bilbao — basta caminhar um pouco e embrenhar-se no centro. Ou então reservar mesa no Nerua, o restaurante do próprio Guggenheim, que tem uma estrela Michelin. Convenhamos: não é um programaço?
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