Que os habilidosos vendedores das lojas de tapetes arranhassem um repertório comercial básico em 25 idiomas, do árabe ao euskera, passando pelo português, não me pareceu uma novidade. Já tinha visto isso em outros países nos quais enfiar tapetes goela abaixo é uma tradição, como no Marrocos.
Mas depois de um dia inteiro na cidade, durante o qual praticamente todos locais com quem tive contato reconheceram de imediato o idioma que estava falando com namorado e família (superando a falta de coesão cerebral que a nossa imagem nórdica gera em quem nos ouve falar português), comecei a me dar conta de que eles realmente tinham intimidade com a nossa língua.
Então comecei a prestar mais atenção nos turistas (meu deus, e como tem turista em Istambul!). E reparei que, em meio a uma massa incrivelmente heterogênea (arriscaria dizer que jamais estive em um lugar onde se ouve tantas línguas impossíveis de identificar) havia muitos e muitos – mas muitos mesmo – brasileiros em todos os lugares em Istambul: nos pontos turísticos, no hotel, no metrô, na rua, nos restaurantes. Mais adiante, já na Capadócia, o mesmo cenário: tive a companhia de brasileiros no voo de balão, no cybercafé, nos restaurantes onde comi… Algumas vezes, cruzei com excursões 100% tupiniquins. Outras, família ou casais viajando de maneira independente.
E mais: a quantidade de guias em português é impressionante. E não são brasileiros ou tugas, mas turcos que, célebres pelo seu faro comercial afiado, aprenderam o nosso idioma. Um deles com quem conversei me disse que só em Istambul já são mais de 50 guias especializados em brasileiros cadastrados no órgão oficial de turismo. E que o número vem crescendo rapidamente, no embalo da nova onda de visitantes.
Existe uma explicação? Sim. Recentemente, a Turkish Airlines começou a voar de São Paulo a Istambul com apenas uma rápida escala técnica (sem mudar de avião) em Dakar, no Senegal. Mas será que é só isso? Na minha opinião, existe um “algo mais” que anda atraindo os brasileiros à Turquia. E isso provavelmente é fruto de um boca a boca.
Não conheço ninguém que tenha ido à Turquia e que não tenha se apaixonado.
Você já foi à Turquia, nego? Não? Então vá.
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