As lendas e histórias em torno da criatura monstruosa que vivia a devorar seres humanos dentro de um labirinto me intriga desde pequena. Quando criança, lembro de perder noites de sono após ler um livrinho sobre o minotauro, ambientado no palácio de Knossos, em Creta. Estar lá, tantos anos depois, prometia ser um momento especialíssimo. Mas não foi exatamente assim.
A historiadora Neta Mello, minha amiga e fiel leitora, deixou um um comentário no post anterior que resume a minha decepção:
“Uma pena que Arthur Evans tenha refeito parte do palácio de Knossos em concreto! As escavações também foram feitas sem critério no inicio do século 20, o que pode ter misturado construções de épocas diferentes. Foi uma grande decepção ver as colunas de concreto que, como historiadora, sempre sonhei serem originais!”
As origens do palácio remetem ao ano de 1900 a. C. Essa primeira “versão” teria sido destruída em um terremoto no ano de 1700 a.C. Mais tarde, entre 1500 e 1450 a.C., o palácio foi reconstruído em um formado mais grandioso. Devastado em um incêndio, Knossos teve suas ruínas descobertas em 1900 pelo arqueólogo britânico sir Arthur Evans. Obcecado pela reconstrução deste grande monumento da civilização minoica, o explorador trabalhou durante 35 anos no lugar e investiu ali grande parte da sua fortuna.
O trabalho de Evans tem seu valor, claro. Graças a ele, podemos ter uma boa ideia de como era o lugar. Mas é quase unanimidade entre os arqueólogos de hoje que o britânico fez o que bem entendeu com o que encontrou e que teria usado imaginação e concreto em doses muito superiores à precisão científica. O resultado é um lugar que, de certa forma, perdeu a alma.
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