Por que o Taioba é o restaurante mais interessante de São Sebastião
Entre cardápios que vão do sushi à moqueca, o chef Eudes Assis decidiu apostar no que é simples e autêntico. E acertou em cheio
Restaurantes com cardápios quilométricos que vão da moqueca baiana ao sushi. Lugares especializados em poke havaiano e hambúrguer californiano. Gente que nunca pisou na Ásia tentando fazer cozinha thai. E tudo isso em um lugar cuja culinária local é rica e deliciosa. Enxergar o óbvio, e optar pelo simples, é o que faz de Eudes Assis o chef com mais personalidade de São Sebastião, à frente do Taioba Gastronomia.
Escondido em uma rua pacata no sertão de Camburi, o restaurante é despretensioso e arejado, com mesas distribuídas por um terraço. O cardápio lista os pratos que ilustram a cozinha caiçara tradicional que o chef aprendeu de sua mãe, que via secando peixes no varal e estocando carne em gordura de porco, quando viviam em um bananal, sem luz elétrica. E, em uma lousa logo na entrada, aparecem suas especialidades, que reinterpretam a culinária local com as influências que Assis colheu em suas andanças.
Nascido na praia de Toque-Toque Grande, um pouco ao norte de Camburi, o caçula de 14 irmãos começou sua carreira vendendo bolo na praia, se formou no Senac e foi estagiário do famoso Manacá, em Camburi. De lá, saltou à cozinha do Fasano e do Gero, em São Paulo, onde estudou francês para, em 2002, se especializar em peixes e pães na célebre escola francesa Le Cordon Bleu, em Paris. Após passar por algumas cozinhas da França como estagiário, rodou o mundo navegando por seis anos, como chef em um iate de luxo — e, de quebra, fez um curso com Ferran Adrià em uma passagem pela Catalunha. De volta ao Brasil, Eudes abriu um restaurante em Maresias (o Seu Sebastião) e se aventurou em uma cozinha em Alphaville até fundar um bufê que se transformaria no Taioba Gastronomia. Ufa.
A taioba, planta da mata atlântica, não está só no nome. Ela é o ingrediente de um bolinho crocante por fora e cremoso por dentro, com um sabor que lembra o do espinafre, só que mais pronunciado. Mandioca, inhame, banana e palmito são outros ingredientes da cozinha memorialista de Eudes. A estrela do cardápio é o peixe azul-marinho, um prato icônico da culinária caiçara, que tem esse nome (e essa cor), graças a uma reação química que acontece entre a panela de ferro e a banana verde, usada para dar mais sustança ao prato na época de escassez de comida. Feito com sororoca, e condimentado com coentro, limão, alho, tomate e pimentão, é delicioso e surpreendente, servido com um pirão de comer de joelho. Para acompanhar, cerveja IPA Atlântica, produzida artesanalmente em Boiçucanga. O serviço é ultra acolhedor e o preço é camarada para os padrões do Litoral Norte. Quem precisa de poke havaiano? Saiba mais
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