Certo fim de noite, um bêbado qualquer me disse uma frase inesquecível: “a gente vê que a festa está boa quando o povo começa a tomar cerveja com gelo”. Ou seja, vale tudo (até essa prática hedionda) para não ir embora.
Mas por que eu estou falando disso?
Ah! Porque, para mim, eu noto que a viagem começa a ficar realmente incrível quando as coisas começam a sair dos eixos. O plano inicial era cumprir um itinerário mais ou menos rígido para que pudesséssemos conhecer grande parte do interior do sul do México a tempo de chegar a Playa del Carmen no dia 28 de dezembro — a única parte da expedição mexicana que reservamos antes de sair de casa.
Até uns dias atrás, andávamos cumprindo germanicamente o combinado. Mas no meio do caminho havia San Cristóbal de las Casas, onde começamos a colocar gelo na cerveja.
San Cristóbal é aquele tipo de lugar que as almas místicas chamariam de mágico. De qualquer uma de suas ruas de paralelepípedos é possível avistar as montanhas cobertas de bosques do lendário estado de Chiapas, berço do movimento zapatista e fortemente ligado à cultura indígena.
No alto de uma colina de 1600 metros de altura, a cidade vive sob um constante frescor. Nas terras dos arredores são plantados os melhores cafés mexicanos. As casinhas coloniais do centro histórico são impecavelmente pintadas de cores alegres e muitas delas abrigam uns dos cafés, lojas, restaurantes e bares mais charmosos do país (pelo menos até agora e já assumindo que sou dada a exageros e hipérboles).
O charme do lugar, como é de praxe, atraiu a moradores estrangeiros (muitos e muitos artistas) do mundo inteiro, que ajudam a compor um clima de alegria, de camaradagem e — acima de tudo — de uma desenfreada boemia que começa no fim da tarde e termina bem depois do famoso gelo na cerveja.
E aquelas outras várias paradas antes de chegar a Playa del Carmen? Amanhã eu resolvo.
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