Estimada ponte aérea Madri-Barcelona, esqueça que eu existo. Depois de testar a mais nova linha de AVE, entre as duas principais cidades espanholas, só vou de avião pra Madri se o George Clooney me convidar.
Tem coisa melhor do que sair de casa às seis e meia da manhã para embarcar às 7 e ainda chegar com folga?
Ao contrário do que eu esperava, existe uma espécie de check-in para entrar no trem. O que me deixou com um início de mau-humor. Afinal de contas, uma das grandes vantagens de viajar de trem é justamente a ausência destes prolegômenos cada vez mais enfadonhos que implicam um vôo.
Por sorte, a Renfe, empresa que administras as principais ferrovias espanholas, parece saber disso. E o check-in flui que é uma beleza: basta uma rápida leitura de código de barras do bilhete. O controle de segurança também é light – e portanto inútil: as bolsas passam pelo scanner, mas os seres humanos não são inspecionados.
O trem arranca com pontualidade absoluta. Segue pianinho, a oitenta por hora, até que a cidade se dissolva. Pouco a pouco, o painel bacanudo em que se alternam letras vermelhas com as informações sobre a viagem vai marcando 180… 220…280… até chegar aos 300 quilômetros por hora. Uma senhora tenta registrar o momento com a câmera do celular. Não há solavanco, nem sensação de estar no cockpit de Fernando Alonso. Na velocidade atual, o trajeto Madri-Barcelona é feito em 2 horas e 38 minutos. Em um futuro próximo, a velocidade aumentará para 350 km/h (meda!), reduzindo o tempo de viagem para 2 horas.
Segundo dados da AENA – Aeroportos Espanhóis e Navegação Aérea – no primeiro mês de funcionamento do AVE, mais de 100 mil passageiros da ponte aérea Madri-Barcelona mandaram uma banana para os aeroportos de Barajas e El Prat. Os vira-casacas da ponte aérea ainda ocupam a maioria absoluta das poltronas (às sete da manhã de uma terça-feira, quando embarquei nessa missão para uma matéria para a VT, apenas um grupinho de espanhóis animados e um ou outro nórdico sonolento pareciam não ter um dia duro à vista), mas não resta a menor dúvida de que o trem deve ser o favorito dos turistas. O AVE ganha disparado em tempo e, garimpando a tarifa “web” com antecedência, praticamente empata no quesito preço com o avião (veja abaixo).
O trens do modelo Siemens 103 são novíssimos, modernosos e amplos a ponto de, mesmo na classe econômica, o espaço entre as poltronas ser suficiente para que um adulto estique as pernas. O corredor é larguíssimo e ninguém bate com a bolsa na cabeça de ninguém ao passar de um lado para o outro. Alem disso, o encosto reclina bastante, TVs passam filminho e a comida da cafeteria é bastante decente a um preço justo. Um sanduíche de pão integral com salada e molho de mostarda e uma Coca saem por €5,35. O banheiro nem parece de trem: grande e limpíssimo. Fiquei tão empolgada que tirei até foto. Nas classes Preferente e Club é possível pedir mousse de foie gras de pato com figos secos elaborada pelo chef estrelado Jordi Cruz e uma máquina próxima à entrada dos vagões (essas escovas da foto) lustra os sapatos (!) dos passageiros.
São 17 trens diários em cada sentido. 15 deles são diretos, e os demais param em Zaragoza (uma ótima para fazer um bate e volta para a Expo), Lérida e Camp Taragona.
Na ponta do lápis: trem rápido X avião
TEMPO
Trem de alta velocidade
Viagem: 2 horas e 38 minutos
Avião
Traslados aeroporto-centro em Madri e Barcelona: 1 hora
Espera nos aeroportos de Madri ou Barcelona: 1 hora
Vôo: 1hora e dez minutos
TOTAL: 3 horas e 10 minutos
DINHEIRO
Trem de alta velocidade
Melhor tarifa (comprando com 15 dias de antecedência, em horários malucos e com restrições ): €47,80
Segunda melhor tarifa (em horários um pouco melhores, comprando com uma semana de antecedência): € 60,80
Avião
Metrô centro-aeroporto, em Madri: € 2,90
Melhor tarifa, pela Vueling (incluindo taxa de bagagem): € 40
Trem aeroporto-centro, em Barcelona: € 2,60
TOTAL: € 45,50
* De táxi o valor sobe para € 89,50
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