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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Voltar pra casa pode ser tão bom quanto viajar

Se você tem lido este blog nas últimas semanas, deve ter notado que ando com uma tendência a divagar. Talvez por estar de férias, minha cabeça esteja mais propensa a pensamentos abstratos e um pouco avoada demais para focar nas dicas práticas de viagem (prometo falar objetivamente sobre Austrália e as ilhas Fiji dentro de […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h28 - Publicado em 21 fev 2015, 09h52

Se você tem lido este blog nas últimas semanas, deve ter notado que ando com uma tendência a divagar. Talvez por estar de férias, minha cabeça esteja mais propensa a pensamentos abstratos e um pouco avoada demais para focar nas dicas práticas de viagem (prometo falar objetivamente sobre Austrália e as ilhas Fiji dentro de uns dias, ok?). Estava prestes a escrever um texto que já escrevi. Não é de estranhar: já vivi este momento algumas vezes. Estou viajando há quase três meses, com apenas uma semana pela frente. Pouco a pouco, estou voltando a pensar em casa (com carinho, muito carinho). Nos parágrafos a seguir faço um plágio de mim mesma, com um pouco de atualização:

 

Nos últimos oito anos, fiz oito viagens longas. Passei um ano na Ásia em quatro etapas; cinco meses entre México e América Central em duas empreitadas; três meses na África; três meses na Oceania. Nas rodinhas de amigos, esse assunto gera reações diversas. Uns acham que tenho a vida que todo mundo pediu a Deus. Outros, que sou uma espécie de neohippie pós-moderna. Cabeças mais analíticas buscam razões mais profundas: “Ela foge dos problemas que não quer resolver.” Almas capitalistas fazem cálculos tentando saber como as minhas contas fecham.

Palpites à parte, todos perguntam: você não se cansa? Talvez um dia eu me canse de focar a energia (e TODO o meu dinheiro suado) nisso. Mas as viagens longas em si não precisam ser cansativas. Viajo com tempo justamente porque gosto de viajar com calma.

 

Numa viagem de uma semana, saímos de casa com uma certa programação mental. Quando temos vários meses pela frente, a fórmula é outra. Você se prepara para se desconectar por mais tempo, para tentar sentir menos saudade de tudo e de todos, para pensar nos problemas (e nas delícias) do seu dia a dia com menos frequência, para desapegar da rotina. Na primeira vez, a empreitada como um todo pareceu uma odisseia. Com o tempo, acho que fui ficando boa nisso.

No fim da viagem, a saudades vai brotando aos poucos.  Começo a sentir mais falta da família, dos amigos, do meu banheiro, da buena vida de Barcelona. Mas tudo isso é óbvio. Menos óbvia é a saudade de curtir um dia sem tomar nenhuma decisão (chicken or pasta? hotel ou AirBnb? praia ou cachoeira?). Você já pensou em quantas pequenas coisas precisa decidir ao longo de uma viagem? Parece uma questão idiota, mas não é.
Confesso que ando com vontade de ficar atirada no sofá sem me sentir culpada por isso. Viajar, afinal de contas, também é aprender a amar as coisas que parecem insignificantes no nosso cotidiano.

 

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