Aproveitando o gancho dos últimos dois posts que falavam do litoral alagoano que você pode ler aqui e aqui, e de uma recente postagem de passeios bate e volta a partir de Recife (link aqui) que deixei o destino de fora, justamente para um post exclusivo, chegou a hora de falar de Porto de Galinhas, esse mega sucesso nordestino a atrair uma multidão de turistas.
Até meados dos anos 90, Porto era frequentada pelos recifenses que mantinham casas de veraneio no local e alguns “forasteiros” que ouviram falar de uma vila de pescadores com uma barreira de recife bem próxima da orla. A partir daí, pipocaram pousadas, hotéis de médio porte e resorts a ocuparem boa parte da orla, tornando Porto de Galinhas como o grande destino do litoral pernambucano, praticamente relegando à capital Recife, o papel de hub – claro que aí entram em cena os ataques de tubarão que afugentaram os banhistas de Boa Viagem.
Dois dias é tempo suficiente para curtir os principais programas de Porto de Galinhas.
Dia 1
Se você chegou de dia, logo na entrada de Porto, notará uma enorme quantidade de bugues a circular pela estrada. Ao entrar na vila, será impiedosamente assediado para fazer um passeio neles pelas praias da região. Quer saber? Vale a pena e te dará uma bela panorâmica do local. Reserve o período da manhã para fazê-lo. Procure a Associação de bugueiros ou uma indicação de onde estiver hospedado. O motorista te pega no hotel para iniciar a jornada. Chamado de “Ponta a Ponta”, o passeio passa pela praia da Vila, no centrinho, seguindo para Cupe e Muro Alto (ao norte) e Maracaípe e Pontal de Maracaípe (ao sul). Antigamente, era feito todo pela praia, colocando em risco os pedestres que caminhavam pela areia. Hoje é feito por via rodoviária, diminuindo a beleza cênica, mas ganhando em segurança. Em geral, dura três horas com algumas paradas para banho.
Como o tempo nas praias foi reduzido para conhecer o máximo delas, reserve o período da tarde para lagartear pela que mais te apeteceu, sem se preocupar com o horário. Fique esperto com o mar de Porto, as praias costumam ter trechos sossegados e violentos num curto espaço, pergunte aos moradores onde é mais seguro nadar. Nos extremos, Pontal de Maracaípe, a 4 km do centrinho, e Muro Alto, a 11 km, costumam ter as águas mais amigáveis. A primeira tem mar rasinho no encontro do Rio Maracaípe com o mar. Por aqui, os ventos fortes colorem o céu com kitesurfistas no segundo semestre. Muro Alto tem um trecho de mar revolto, mas, no final, uma barreira de recifes cria uma verdadeira piscina sem ondas.
Intermediárias, Maracaípe, Cupe e Borete têm mar forte de são as preferidas dos surfistas. Mas, como já disse, sempre há um lugar mais tranquilo. As piscinas naturais em frente garantem o banho na Praia da Vila, repleta de bares e restaurantes.
À noite não tem jeito, tudo acontece na vilinha. A rua principal, um calçadão, tem pequenos bares/restaurantes e várias galerias cheias de lojinhas. Feitas com troncos e raízes de coqueiros, as esculturas do artesão Carcará garantes selfies e mais selfies. Além de réplicas das galinhas, encontramos esculturas de ícones pop como Amy Winehouse e Michael Jackson.
Para o jantar, quem não liga muito para um preço elevado e demora na entrega dos pratos, pode conhecer o Beijupirá, uma grife gastronômica pernambucana que começou em 1991 nesse mesmo lugar (repare que no nome da rua e perceberá a importância do restaurante para o vilarejo). As receitas mais famosas mesclam peixes com molhos agridoces.
Em frente à pracinha de onde saem as jangadas para as piscinas naturais, o Barcaxeira está sempre lotado de gente para provar as oito versões do escondidinho com purê de macaxeira – por um preço bem mais amigável que o Beijupirá, diga-se.
Dia 2
Antes de dormir no dia anterior, procure a associação dos barqueiros e veja o horário de saída das jangadas para conhecer as piscinas naturais. Será importantíssimo para programar seu dia. Como as marés mexem-se constantemente , o melhor horário do passeio muda diariamente. Vamos tratar a atividade como sendo feita pela manhã. Se for no período vespertino é só inverter a programação.
O sucesso de Porto de Galinhas está intrinsecamente ligado às piscinas naturais. Conta muito a fato da barreira de corais estar bem próxima à costa e a centrinho de Porto – as jangadas levam poucos minutos para chegar lá e quem souber nadar bem pode até dispensar a embarcação. Durante esses anos foram tantas as pessoas a pisar nos recifes que a vida marinha praticamente acabou. Recentemente, medidas foram tomadas e os peixinhos voltaram a ocupar as piscinas naturais. As jangadas ficam por lá cerca de 40 minutos e todos vão em direção à uma piscina com o formato do mapa do Brasil.
Reserve o segundo período para conhecer tudo sobre um animalzinho que você terá poucas oportunidades de manter contato em outros cantos do litoral brasileiro: o cavalo-marinho. A primeira parada pode ser no Projeto Hippocampus, no centrinho, que tem como missão a preservação do animal. O local é pequeno e, a visita, rápida. Passa-se por vários aquários com cavalos-marinhos e outros com moreias e peixinhos. Um projeto para se aplaudir.
Continuando nessa seara, em Pontal do Maracaípe há um passeio de barco pelo rio homônimo, atravessando manguezais e culminando com a coleta do cavalo-marinho para fotografias – depois o bichinho é devolvido a seu habitat. Os biólogos do Hippocampus torcem o nariz para a atividade, mas ela é uma das campeãs de audiência de Porto.
Para o jantar nesse segundo dia, recomendo o La Tratoria, que tem um famoso suco de uva natural para acompanhar suas massas e carnes. Tradicional, o La Crêperie, próximo ao Beijupirá, aposta no diminuto tamanho, o espaço ao ar livre e seus mais de 40 sabores de crepe para atrair casais.
Dica de passeio extra
Praia da moda em Pernambuco, Carneiros, em Tamandaré, fica a 53 km de Porto. A viagem de carro dura uma hora, mas há opção de fazer um passeio de catamarã até lá. Os guias pegam no hotel, seguindo por via terrestre até Barra de Sirinhaém.
Localizada na foz do Rio Formoso, Carneiros é ótima para quem viaja com crianças: água verde transparente com poucas ondas e temperatura morna, piscinas naturais repletas de peixinhos, vasto coqueiral a sombrear a estreita faixa de areia e uma singela capelinha do século 18, homenageando São Benedito. Os poucos bares e restaurantes dão conta do recado, quando o quesito é alimentação, mas os preços são caros.