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Roteiro litoral norte potiguar: Genipabu, Gostoso, Touros

Dunas, lagoas e salinas estão no cenário das praias desse trecho do litoral brasileiro que merece mais do que um bate-e-volta de Natal

Por Fernando Leite
Atualizado em 27 jun 2019, 17h42 - Publicado em 29 mar 2018, 18h13
Bem na Foto - Parrachos de Maracajaú, Maxaranguape, Rio Grande do Norte
Parrachos de Maracajaú, Maxaranguape (RN) (Eliane Maria Ferreira Praça/Wikimedia Commons)
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Muitos turistas que vêm ao Rio Grande do Norte conhecem o trecho norte do litoral potiguar a partir de bate-e-voltas saindo de Natal. Aqui, faço um convite para uma imersão com mais tempo para contemplação e menos traslados. Até Galinhos, vemos um turismo mais nacional, as últimas duas cidades do roteiro – Macau e Areia Branca – são ainda voltadas para os públicos potiguar e cearense, mas você não irá se arrepender de botar os pés por lá.

Dias 1 – Genipabu

A visita clássica a Genipabu consiste num passeio de bugue que dura o dia inteiro e passa pelas dunas e praia de Genipabu, lagoas de Pitangui e Jacumã de uma cachoeira mequetrefe. É tanta coisa que você volta despedaçado para o hotel. Parece mais city-tour do que excursão. Que tal dividir a jornada em dois dias com direito a mais tempo de diversão e contemplação?

Começamos com a atração mais famosa da região: o passeio de bugue pelo Parque das Dunas de Genipabu. Aqui a ação dos ventos modifica os finos bancos de areia com constância, por isso as dunas são móveis. Logo ao sair do asfalto e adentrar pela areia, passando pela Lagoa de Genipabu, o bugueiro faz a clássica pergunta: “E aí, pessoal, com ou sem emoção”? Quem responde negativamente, irá apenas passear pela crista das dunas em um rolê bem tranquilo. Agora, quem resolve encarar de peito aberto se arrepiará com as manobras do bugueiro. A descida é rápida quase sempre seguida de uma guinada no bugue.

A Praia de Genipabu, no Rio Grande do Norte
Praia de Genipabu (Luis Morais/Viagem e Turismo)

Quase chegando na praia, parece que estamos no Saara. Dromedários ocupam o alto da duna. Sentados em apoios na lateral dos animais, pode-se percorrer um caminho durante 15 minutos – não é preciso fazer o passeio de bugue para chegar nos dromedários, basta subir a duna no fim da praia de Genipabu.

O almoço no Bar 21 é um dos programas quase obrigatórios. Localizada aos pés da duna, a construção de madeira faz parte de grande parte das fotos panorâmicas. Além disso, prepara competentes receitas com peixes e camarões.

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Deixe a tarde para curtir um banho de mar na urbanizada orla de Genipabu.

Dia 2

Com a divisão proposta, o segundo dia fica bem menos corrido. Contratar um passeio de bugue é a melhor opção, mas dá para fazer com carro próprio. Para quem está de bugue, o tour começa com uma travessia de balsa a remo pelo Rio Ceará-Mirim até a Praia de Graçandu que, diga-se de passagem, é bem sem graça. Quem está com carro comum tem que fazer um desvio de 11 km até a orla.

Primeira parada: Lagoa de Pitangui. Aos pés de uma duna e parcialmente rodeada de cadeiras de plástico e quiosques, é o local perfeito para relaxar. Caiaques estão a disposição para uma voltinha pela lagoa.

A estrada entre Pitangui e Jacumã atravessa uma cadeia de dunas, a impressão de estar no Saara volta a bater forte. Pois saiba que na ficção esse local já foi o famoso deserto africano: aqui foram filmadas sequências da novela global O Clone.

Diferente da relaxante Lagoa de Pitangui, a Lagoa de Jacumã é cenário de grandes aventuras. Você já deve ter ouvido falar do esquibunda e do aerobunda. Pois bem, esse é o endereço. No esquibunda, você desce a duna numa prancha de madeira e termina de forma à milanesa nas águas da lagoa; o aerobunda é uma simples tirolesa. Há ainda o ultrarrápido kamizaze, em que a descida é feita numa prancha de bodyboarding.

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Lagoa Jacumã, Natal (RN)
A diversão da Lagoa do Jacumã, é o esquibunda e o aerobunda. O primeiro é uma prancha em que se senta e vai “esquiando” até chegar às águas, o segundo é uma tirolesa (Luis Morais/Reprodução)

Para fechar o dia, hora do banho de mar na Praia de Muriú, com umas piscinas naturais a 1 km da costa – barcos levam até lá.

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Dia 3 – Maracajaú

Um dos destinos mais procurados por viagens bate-e-volta partir de Natal, Maracajaú deve parte de sua fama aos parrachos (conjunto de recifes) que se formam a 7 km da costa. Barcos, lanchas e catamarãs sempre estão a postos na hora ideal da maré para levar os turistas para lá. Mergulhar com os peixinhos rendem grandes fotografias. Porém, ao contrário de Maragogi e Porto de Galinhas, as piscinas naturais de Maracajaú tem uma profundidade média de 1,5 m, ou seja, pouco recomendada para crianças e quem não sabe nadar.

Seria um problema se a praia não tivesse outros atributos. Emoldurada por dunas e coqueiros, a faixa de areia garante sombra e restaurantes escondidos entre as árvores. O parque aquático Manoa tem piscinas e toboáguas para toda a família.

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Praia de Maracajaú, Natal, Rio Grande do Norte
Praia de Maracajau, no Rio Grande do Norte: uma das preferidas das famílias (Daniel Mandowsky/Flickr/Creative Commons/Flickr)

A 12 km dali em estrada de asfalto, Maxaranguape além de sede do município abriga, em sua praia, a curiosa Árvore do Amor – duas gameleiras que se entrelaçaram. Lá também fica o Cabo de São Roque, ponto mais próximo do continente africano.

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Dia 4 – Touros

A cidade tem uma importância fundamental no mapa brasileiro. Chamada de Cotovelo do Brasil, é exatamente aqui que o nosso litoral deixa de ser norte/sul e passa a ser leste/oeste. Como cenário dessa curva está o alvinegro Farol do Calcanhar, um dos maiores do mundo com 62 m de altura e 295 degraus internos – infelizmente, encontra-se fechado para visitação.

Pertinho dali, uma placa indica o início da BR-101, rodovia que só finda 4650 km no outro Rio Grande, o do Sul.

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farol-touros-rn-rio-grande-do-norte
O Farol do Calcanhar, em Touros (RN) se localiza bem no lugar em que o território brasileiro faz uma curva no mapa (André Penner / Guia Quatro Rodas)

A praia maia central de Touros tem coqueiros e boa infra de restaurantes, mas o mar forte afugenta quem não nada muito bem. Nesse caso, sem melhor lugar ao sol será na Praia de Perobas, a 11 km dali, metade em estrada de terra. Só é preciso tomar cuidado com o intenso tráfego de bugues na areia, mas a água tem tonalidades cristalinas. Assim como em Maracajaú, o ponto alto são os parrachos, que ficam a 5 km da costa e garantem momentos de muita diversão.

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Dias 5 e 6 – São Miguel do Gostoso

Até 1993, o local era um distrito de Touros e se chamava São Miguel de Touros. Com a emancipação, alguém teve a feliz ideia de unir o São Miguel Arcanjo, o santo padroeiro, com um folclórico morador local cujo sobrenome era Gostoso. Fizeram um plebiscito e com aprovação de quase 100% dos moradores, em 2000, o nome foi alterado para São Miguel do Gostoso. Um lugar gostoso para caramba, sem dúvida.

O turismo por lá deu uma impulsionada nesses últimos dez anos com a descoberta dos kitesurfistas e windsurfistas do mundo inteiro que buscam os fortes ventos de suas praias, durante todo o segundo semestre do ano. Atualmente, só perde para Natal e Pipa em número de visitantes.

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Vale reservar dois dias para curtir Gostoso. Não que tenha muuiiiitas atrações, mas porque depois de tantas dunas e parrachos, o corpo pede uma trégua. E a cidade cai como uma luva.

Deixamos o primeiro dia para relaxar nas praias. Outrora semideserta, Ponta do Santo Cristo é a mais agitada e a preferida dos kitesurfistas. Com faixa de areia fina e generosa, o mar de ondas moderadas tem um tom de água bem azulado.

Praia da Ponta do Santo Cristo, São Miguel do Gostoso (RN)
A mais frequentada por fãs de kite e windsurfe, a praia da Ponta do Santo Cristo, São Miguel do Gostoso (RN), tem o mar verde e moderado (Camila Veras Mota)

Mais centrais, o trio Cardeiro, Xêpa e Maceió não estão no time das mais belas praias, mas tem quiosques pousadas, uma faixa de areia bem grande e um mar mais amistoso.

À noite, o programa é circular pela Avenida dos Arrecifes, repleta de bares e restaurantes. E, claro, aproveitar para conversar com os locais, que, fazendo jus ao nome da cidade, carregam uma fama de simpatia total.

O segundo dia tem a Praia Tourinhos como cereja do bolo. Pouco movimentada, seu cenário é composto por dunas petrificadas há 2500 anos e o “suspiro da baleia”, uma fenda, que durante a maré alta, jorra um jato de água. Fora isso, suas ondas mansas são um convite a um banho agradável.

Tourinhos, São Miguel do Gostoso
As dunas petrificadas de Tourinhos, em São Miguel do Gostoso (Holovaty/iStock)

Para chegar é preciso dirigir 8 km em estrada de terra em bom estado de conservação, três deles em uma via vicinal que sai do povoado de Reduto. Outra opção é fazer um passeio de bugue que se estende até a Praia do Marco (onde foi fincado o monumento mais antigo do país, que hoje se encontra no Forte dos Reis Magos, em Natal) e Galinhos (leia abaixo).

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Dias 7 e 8 – Galinhos e Galos

Se tem um local que merece ser chamado de “lugarzinho” esse é a dupla Galinhos e Galos. Localizadas na ponta de uma península protegida por enormes dunas, mangues e rios, chegar motorizado por lá só de bugue ou 4×4 e ainda na maré baixa. Quem vem com carro normal deve deixar o carro no Estacionamento Pratagil (fica tranquilo que o GPS mostra como chegar lá) e atravessar 10 minutos de barco até Galinhos.

Antes de começar a fala do local, vale dizer que muita gente faz um passeio bate-volta meio insano de Natal, que está a 160 km. Saem lá pelas 7h da matina e retornam à noite. De cara, eu afirmo que perdem um pôr do sol espetacular. Mas como você tem mais tempo, pode dedicar sem erro, dois dias da viagem.

Galinhos tem pouco mais de 1000 habitantes. Do píer fluvial à praia são cerca de 1 km que podem ser feito a pé com o inclemente sol batendo forte ou a bordo de uma charrete-táxi, cruzando toda a vila.

O mar um pouco agitado pode assustar um pouco, mas basta colocar o pé na água e sentir a temperatura morna para se animar a ficar ao menos no rasinho.

Na ponta da península, em uma hora de caminhada, chega-se ao isolado Farol de Galinhos, um ótimo local para curtir seu primeiro pôr do sol.

Por do sol no farol de Galinhos, Rio Grande do Norte Brasil FOTO Ruy Carvalho Wikimedia commons
Pôr do sol no Farol de Galinhos, no Rio Grande do Norte (Ruy Carvalho/Wikimedia Commons)

Ainda menor que Galinhos, o vilarejo de Galos pode ser alcançado a pé (uma hora e meia de caminhada) ou charrete-táxi. Ou para quem vem direto para cá de barco, pelo Estacionamento Pratagil. Uma vez que você pernoitou na região, o dia pode ser mais intenso.

O Rio Grande do Norte é, de longe, o maior produtor de sal do país e aqui começam a aparecer as salinas. Para conhecê-las vale a pena fazer um passeio de barco que ainda passa pela gigante Duna do Capim, por um manguezal cheio de aves e um almoço de caranguejo em uma praia sem turista algum.

Para fechar o dia, ao lado do vilarejo de Galos, a Duna do André garante uma bela panorâmica com o rio e o mar no campo de visão. Mais um pôr do sol espetacular para a sua coleção.

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Dia 9 – Macau

Um antigo moinho na entrada da cidade não deixa dúvida: as salinas que começaram a aparecer em Galinhos, são a força motriz de Macau. Aqui você os enormes bancos de sal protagonizam o cenário. Só para ter uma ideia, a urbanizada Praia de Camapum, a 3 km de Macau, fica na Ilha do Alagamar, mas um aterro com salinas ao lado, permite que o carro chegue até lá.

Porém, quando o assunto são praias mais cênicas, vale dirigir um pouco mais. A 25 km, Barreiras tem um trecho deserto, sem ondas e com salinas, claro, ao fundo, chamado de Praia da Soledade e um mais agitado, próximo à vila com bancos de areia na Ilha do Tubarão – para chegar lá tem que pegar um barco na vila.

Seis quilômetros adiante, Diogo Lopes também tem praias na Ilha do Tubarão, que separa o rio homônimo do mar. Aqui, o bacana é apreciar o imenso manguezal

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Dia 10 – Areia Branca

O nome já entrega, mais um destino movido pelas salinas. As praias centrais, sem grande apelo, marcam pelo branco do sal e das dunas. A cereja do bolo fica um pouco distante. A 36 km, Ponta do Mel é um pequeno vilarejo com um farol e algumas casas. De uma tacada só, você consegue ver o mar, dunas e um trecho com jeitão de deserto, marcado por caatingas.

Areia Branca – Ponta do Mel – Kidamv28 Wikimedia Commons
Um jeitão de deserto marca a chegada à Praia da Ponta do Mel, em Areia Branca (Kidamv28/Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Com fraca estrutura de hospedagem, vale a pena dormir em Mossoró, a 53 km, a segunda maior cidade potiguar

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