Sabores colombianos em São Paulo condimentam minha cabeça que espera por Narcos
Assim como o chinelo Havaianas, que foi de adereço popular tupiniquim a mania vendida em euros no mundão, a Colômbia se reinventou, se reposicionou no inconsciente coletivo com seu realismo mágico, tocante como uma tela de Fernando Botero.
E pensar que há 15 anos, na Copa América de futebol, não somente a Argentina se recusou a disputar o torneio em solo colombiano como Mauro Silva, volante brasileiro, fugiu à luta do escrete canarinho, um golpe na família Scolari.
Isso porque Pablo Escobar havia sido exterminado 8 anos antes.
Com El Patrón neutralizado e o tempo se passando, a coisa foi cambiando.
Aí a Colômbia foi se enchendo de confiança e se transformando, tijolo com tijolo num desenho lógico (Buarque de Hollanda, Chico), com a força de seu gentil povo, e, claro, de suas belezas, inclusive caribenhas como as da venerável Cartagena.
(Ah, o onipresente peixe combinado com arroz de coco e patacones, bananas da terra verdes e fritas….)
Não bastassem tantos predicados, há constantes promoções de voos com preços atrativos ao bolso do brasileiro, que tornam a Colômbia um destino tão tentador quanto a limonada batida com creme de coco… Tão atraente quanto a Sofia Vergara.
Claro, o país segue com mazelas e perrengues de terceiro mundo, mas vai no caminho do bem, ao contrário de outro país que conheço, por sinal, o que habito.
A gastronomia, então, é um golpe nas papilas que fica na memória, assim como as atrocidades cometidas por Pablo Escobar, retratadas em Narcos, que chega à segunda temporada.
Está certo, ver o brasileiro Wagner Moura a representar o medellinense Pablo Escobar é mais ou menos como escalar o Samuel L. Jackson para protagonizar um filme como Pelé. Por melhor que Wagner se saia, perde em essência, em sotaque, em trejeitos. Mas o Wagner patrón é MUITO BOM!
Ok, Narcos rola a partir da perspectiva americanoide. Não nos esqueçamos: a mesma que arquitetou ditaduras tiranas na América do Sul… Mas, enfim, Narcos é bem bom.
Assim como os dois consulados colombianos deliciosos que pulsam em Pinheiros, ambos com uma vantagem: não há rappers passando de mesa em mesa com um rádio ao som do reggaeton a fim de arrancar um troco seu, como acontece muito na terra shakiriana. A eles:
O ceviche, ícone da cozinha andina, sempre despertou muita curiosidade no chef colombiano Dagoberto Torres. Tanta que ele até lançou, com a jornalista Patrícia Moll, o livro Ceviche: do Pacífico para o Mundo.
Ali, ele destrincha a antropologia cevicheira e as versões clássicas de países latinos (no Equador, a mais popular recebe camarão e pipoca).
E, no Suri, ele nos deleita com versões como o Tigarah, com peixe, camarão, polvo, cogumelo-de-paris e ova de massagô.
> Rua Mateus Grou, 488, Pinheiros, 11/3034-1763
Sabores de Mi Tierra
Essa lanchonete sem frescura, que também faz papel de mercearia, é pilotada pela colombiana Magdalena Torres, tia de Dagoberto Torres, do Suri. Da cozinha saem hits como arepas, discos de massa de milho branco assados e recheados (o de mussarela brilha), e patacones, massas fritas de banana-da-terra cobertas por costela bovina.
E o preço é bem legal pela região em que se encontra.
> Rua Lisboa, 971, Pinheiros, 11/3083-3114
Ah, para quem ainda não viu a série, eis um aperitivo da segunda temporada:
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