Imagine uma cave bar de vinhos franco-brasileira no meio do caminho entre os cafés icônicos dos Anos Loucos no Boulevard du Montparnasse e as locações do Quartier Latin de Emily in Paris. Imaginou? Esse lugar existe e se chama La Quincave, na rue Brea, no 6º arrondissement.
Desde 2003, a La Quincave é pioneira na comercialização de vinhos naturais (sem conservantes), de pequenos produtores, tiragem limitada, com um DNA de exclusividade e ao mesmo tempo militante. Com o mercado de vinhos naturais antes relegado a segundo plano e hoje aquecido, a La Quincave emerge como uma autoridade no assunto e não apenas um comércio que surfa nessa moda. E para otimizar a experiência e o conhecimento desse mercado organoléptico, a Quincave promove degustações também em português.
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Depois de entrar como funcionária e virar sócia, a paulista Priscila Coutinho assumiu definitivamente o comando e vem atraindo não só enófilos, mas qualquer um que queira conhecer mais sobre este universo ou passar bons momentos com amigos em volta de uma atmosfera cult. Pouco antes da pandemia, a sommelière e professora de Letras em Sorbonne teve a ideia de unir as duas expertises e paixões e criou um evento periódico de literatura, a 1 Bouquin 1 Vin (1 Livro 1 Vinho), que recebe escritores para um bate papo sobre, claro, livros e vinhos. Já estiveram por lá Milton Hatoum e a psicanalista e escritora Marie Darrieussecq.
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E como um desdobramento dessas duas paixões francesas, a 1 Bouquin 1 Vin deu frutos e virou rótulos – literários, claro. Funciona mais ou menos assim: foi feito o cruzamento dos bouquets de um dado vinho com o léxico literário e ilustrações sobre o tema escolhido. Os primeiros rótulos da 1B1V foram produzidos por duas mulheres viticultoras: Audrey Pilorget e Vanessa Letort. O primeiro rótulo, “Amitie”, é uma homenagem à sororidade feminina, e o segundo, “Capitu”, faz parte de uma série a ser lançada que busca difundir, em Paris, personagens femininos canônicos da literatura brasileira. O vinho laranja tropical de Capitu, por exemplo, varia de acordo com a safra e possui algumas uvas “misteriosas”, uma metáfora perfeita para a morena ambígua dos olhos oblíquos de Machado de Assis. A ilustração é da pernambucana Isabella Galvão, com seus desenhos neomodernistas e twist de xilogravura nordestina de Cordel.
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E como a cave é militante e feminista, Priscila tem buscado priorizar o trabalho das escritoras, das produtoras de vinho e das ilustradoras. Para tanto, vem promovendo um clube de leituras feministas e de degustações com a presença de viticultoras. Uma delas foi Fleur Godard, da Vins et Volailles, com seus rótulos provocativos, feministas e com traços de história em quadrinhos (bande dessinée). E por falar em quadrinhos, a BDégustation é outro evento que faz parte da 1 Bouquin 1 Vin.
Além das degustações e mini-cursos (sob reserva), a La Quincave também oferece um serviço que é uma mão na roda para quem quer levar vinhos para o Brasil: a preparação da mala com materiais de proteção específico, consultoria e customização da bagagem ao gosto do cliente. É possível levar em torno de 16 garrafas. Vai ser um hit tanto para presentear ou partilhar num jantar especial.
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A La Quincave também promove noites musicais, especialmente de tango. Pra ficar por dentro de toda a programação, basta acompanhar no Instagram ou no site. Tim Tim e Santé.
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