Imagem Blog Mochila Pride A jornalista Ludmilla Balduino leva na mochila uma vontade de percorrer o mundo ocupando as ruas, conhecendo o diferente, conversando com as pessoas e trocando boas ideias

Quer se lembrar de uma viagem para sempre? Anote tudo num diário

Escrever um diário à mão tem um poder de guardar para sempre, na sua memória, aquela viagem que nunca deveria ser esquecida; saiba mais

Por Ludmilla Balduino
Atualizado em 8 Maio 2017, 18h47 - Publicado em 23 mar 2016, 19h03
O segredo para você ter sempre a melhor viagem da sua vida gravada na memória é escrevê-la à mão (iStock/iStock)
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Não adianta tirar um zilhão de fotos, e nem escrever suas experiências num blog ou no Facebook: uma pesquisa divulgada na Psychological Science mostra que quem anota à mão os seus conhecimentos que acabou de adquirir acaba memorizando melhor o aprendizado.

Isso também vale para as viagens, de acordo com a co-autora da pesquisa, Pam Mueller. Seguindo a lógica do que ela concluiu, ao manter um diário de papel, você precisa pensar no que vai transferir para a ponta do lápis e elabora mentalmente as frases e a construção de texto antes de começar. Assim, previamente, já faz uma edição do relato que pretende deixar eternizado no seu diário. O mesmo não acontece ao sentar-se à frente de um computador para escrever o diário, ou quando tira um montão de fotos e lota seu HD com imagens.

escrevendo

Munido de um computador ou de uma máquina fotográfica, o viajante tem a poderosa ajuda da tecnologia. Os programas de criação de texto do seu computador, na maioria das vezes, permitem um sem-fim de palavras.

Você pode escrever, escrever, escrever, apagar palavras facilmente, colocar outras no lugar… A construção do texto é diferente: você não precisa pensar muito para já começar. Muitas vezes, escreve com a intenção só de jogar as ideias para depois editá-las.

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Já no limitado caderninho de papel, é preciso selecionar os pontos altos da viagem para só depois transformar aquilo tudo que você vem repassando nos seus pensamentos para as palavras.

Er...Er…

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Com ajuda da máquina fotográfica, você tira as fotos de tudo, como se pudesse relembrar de todos os detalhes ao visualizar as fotos depois. Só que, a não ser que você seja um gênio da fotografia, será impossível rememorar os acontecimentos mais singelos – e nem por isso, menos expressivos – da viagem.

Além disso, é impossível contar, através de fotos, sobre um perrengue que você passou no aeroporto (afinal, sob estresse, por exemplo, a última coisa que você vai pensar é em sacar a máquina para ~fotografar ou filmar o momento~).

Detalhes como este, que engrandecem a experiência e totalmente fazem parte da viagem, são relembrados com um certo distanciamento depois. E podem ser esquecidos se você não criar o hábito de documentar escrevendo à mão.

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Eu sempre escrevo diários de viagem. Normalmente levo uma lapiseira, mas não uso borracha.

Já tentei viajar sem diário, mas não consegui: no meio de uma viagem, comprei um bloquinho de notas e passei a escrever loucamente, retomando tudo desde o momento em que tranquei a porta de casa para me jogar no mundo.

Já levei uma puxadela de orelha em um restaurante, porque o chef saiu da cozinha, pensando que eu estava escrevendo uma crítica sobre o seu prato.

Tive de explicar, com muita paciência, de que aquela escrevinhação toda era apenas uma tentativa de atualizar o meu diário de viagem. Eu escrevia em português, e não estava no Brasil, então era impossível provar.

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Mesmo me ouvindo, ficou desconfiado e passou o resto do meu jantar sentado na mesa ao meu lado.

Além disso, eu não mostraria meu diário para ele. Não mostro para ninguém! Aliás, as pessoas até podem ver. Mas não podem ler. Diário de viagem é, para mim, a melhor maneira de assimilar os detalhes do que aconteceu. Nem eu leio depois. Guardo todos no fundo de algum armário e ficam ali, esquecidos.

Sim, tenho manias de escritor. E estou cada vez mais experiente na arte de transcrever os relatos: meus primeiros diários mostram apenas os fatos – “acordei tal horas, saí para conhecer tal lugar, comi isso e isso no café da manhã”.

Hoje, meus relatos de viagem são mais subjetivos, contam sobre os meus sentimentos em determinados locais, diz sobre as pessoas que viajaram comigo. Mostram detalhes psicológicos de quem encontrei, ou detalhes físicos de lugares que visitei.

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Quando a gente viaja, sai da rotina e entra num processo de autoconhecimento importantíssimo para nos definir, para nos descobrir e para nos guiar.

Recordar tudo isso é precioso, não só para o ego, mas também para a sua existência, e a transformação do seu aprendizado em algo maior, em algo que pode até te orientar como um ser social de alta qualificação. Guarde as suas viagens com carinho. Escreva-as.

Siga-me no Instagram: @ludmillabalduino

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