Imagem Blog Olha o mundo, filho! Ana Claudia Crispim achou que Cinquenta Tons de Cinza definiria a segunda metade da sua vida, mas hoje tem na cabeceira um exemplar de Criando Meninos – o que não quer dizer que tenha desistido de encontrar um Christian Grey. Aqui, ela escreve cartas sobre os seus lugares favoritos do mundo para o pequeno Nando.

Filho, para você ler no futuro em algum lugar do mundo

A primeira de uma série de cartas de uma mãe que escreve relatos de viagem para o filho Nando, de 5 anos

Por Ana Claudia Crispim
21 jan 2022, 06h46
Mulher olhando pelo espelho retrovisor
Eu tiro fotos de retrovisores, filho. É manjado, mas eu gosto ([ACC]/Arquivo pessoal)
Continua após publicidade

Filho, você nasceu pra mim quando eu tinha 45 anos. Quarenta e cinco. Do segundo tempo. Eu já tinha feito uma boa porcentagem das viagens que estavam na minha bucket list – eu não sei se aí no futuro as pessoas ainda vão chamar de bucket list as coisas pra se fazer antes de morrer.

Deserto de sal na Califórnia
O dia em que você, no Death Valley, quis ter certeza se o chão era mesmo de sal! ([WPC]/Arquivo pessoal)
Um dia eu tive uma epifania! Você demorou tanto pra chegar que eu vivi uma vida inteira de viagens, uma vida onde você não fez parte, mas eu queria te contar tudinho. Então, decidi escrever um diário, um tipo de herança, cápsula do tempo, garrafas com mensagens lançadas ao mar… É, virei uma mãe meio piegas, é o preço por tanto amor – tá vendo?, piegas de novo.

Mãe e filho brincando no Antelope Canyon
Filho, este dia no Antelope Canyon foi louco! ([WPC]/Arquivo pessoal)

Estes textos são um jeito diferentão de, aí no futuro, você conhecer a mãe que eu sou hoje. Eu posso te contar também, no tête-à-tête, mas como nada é garantido, vai saber se aí no futuro continuaremos conversando ou escrevendo (pé de pato mangalô três vezes!). Ai, filho, vou te confessar: quando a gente vira mãe o nosso medo de morrer aumenta de um jeito… Você entendeu.

Te convido a ler, viajar e principalmente a não ser um viajante bobo e preconceituoso. Tente conhecer os lugares por diversos ângulos e, nunca, jamais, dite regras de como é certo ou errado viajar. Não existe modo certo, existe o modo possível, desejado e sonhado de cada pessoa.

Continua após a publicidade

Mulher passeia com carrinho de bebê em museu
Olha nós, fingindo costume no MOMA de San Francisco ([WPC]/Arquivo pessoal)
Vem comigo, moço – e quem mais quiser acompanhar a gente neste caderno de experiências a serem vividas ou apenas imaginadas – apreciar o caminho entre uma atração e outra, olhar o estilo de vida das pessoas, ficar de boca aberta diante de cartões-postais manjadaços, chorar de emoção, se decepcionar com coisas que idealizou demais, ter viagens com logística perfeita e saber rir ou chorar de raiva quando tudo der errado (porque, sim, vai dar), se virar no trinta em lugares onde você não domina o idioma e, principalmente, saborear a viagem, ora devagar, ora engolindo com pressa, ora lambendo como um sorvete, com calma e olhar perdido.

Só te peço uma coisa: atenção nos detalhes. No fim das contas, são eles que ficam gravados na memória, pra sempre.

Te amo, filhote. Assinado, mamãe.

Continua após a publicidade

[Leia mais sobre viagens y otras cositas da vida de uma mãe 360º no meu Instagram @rivotrip.oficial]

Mulher de óculos escuros com menino em primeiro plano
Nós, nos nossos pores de sol regados a chocolate. ([ACC]/Arquivo pessoal)
Publicidade