Verona imperdível: verão, ópera, Romeu e Julieta
No norte da Itália, a cidade de Romeu e Julieta vale a visita o ano inteiro, mas se torna imperdível entre junho e agosto
Minha visita a Verona é um daqueles exemplos de coisas que nós planejamos minuciosamente, mas, ainda assim, dão errado. Sabendo que nossa estadia coincidia com o famosíssimo Arena di Verona Opera Festival, compramos com antecedência bilhetes para assistir “O Barbeiro de Sevilha” e reservamos o econômico Ibis para o dia do espetáculo.
Felizes da vida, viajamos de carro para Verona cantando fíííí-ga-rô e lendo tudo que podíamos sobre a ópera de Gioachino Rossini: assim chegaríamos ao espetáculo inteirados do que estava acontecendo. A viagem em família pela Itália estava tão gostosa que perdíamos a noção dos dias da semana, como sempre acontece nas boas férias.
O resultado disso, no entanto, foi que descobrimos já no hotel que estávamos um dia adiantados. “O Barbeiro de Sevilha é só amanhã, cari”, explicou o funcionário da recepção. Ficar uma noite a mais na cidade não era uma opção porque já havíamos planejado coisas para os dias seguintes, tamanha a confusão.
Conseguimos negociar no hotel a troca da estadia e corremos até a Arena di Verona para ver o que poderia ser feito. Talvez por pena dos brasileiros atrapalhados, os funcionários do evento aceitaram que trocássemos os bilhetes de “O Barbeiro de Sevilha” pelo espetáculo daquela noite, “Aida”. Não tinha outra opção, então só fizemos uma busca rápida no Google: “Aida é uma ópera de Giuseppe Verdi sobre uma escrava que se apaixona por um general egípcio”.
Mais tranquilos, fomos explorar a cidade de Romeu e Julieta:
O que visitar
Se você já assistiu o filme “Cartas para Julieta”, provavelmente vai se lembrar da personagem de Amanda Seyfried entrando no pátio vazio da suposta casa de Giulietta, onde as pessoas deixavam cartinhas entre as pedras do muro.
A realidade é um pouco diferente disso. Primeiro, espere encontrar uma multidão dentro da atração turística mais famosa da cidade, especialmente no verão. Depois, troque as cartas pelas pichações dos casais que marcam suas iniciais do muro. Ainda assim, vale a pena conhecer a Casa di Giulietta.
Não se sabe se Romeo Montecchio e Giulietta Capuleto realmente existiram, mas havia sim uma rixa entre essas duas ricas famílias de Verona. Do século 13, a antiga casa dos Capuleti tem uma sacada no pátio interno, onde teriam sido trocadas juras de amor, e uma estátua da heroína. Reza a lenda que quem tocar em seu seio direito terá sorte nos relacionamentos, motivo pelo qual ela não tem mais o mamilo.
A poucos passos dali fica a Piazza delle Erbe, onde há uma feira de souvenires, a medieval Torre dei Lamberti, com 84 metros de altura, e a Piazza dei Signori, cercada por palácios dos séculos 14 e 15. Continue pelas ruas pitorescas e passe pela Chiesa di Sant’Anastasia até chegar na Ponte Pietra para uma foto. Depois, visite o Duomo di Verona e vá margeando o rio por uns 15 minutos até alcançar o grandioso Castelvecchio, fortaleza do século 14 que hoje funciona como museu de arte.
O passeio termina na Piazza Bra, onde um conjunto de dois arcos com um relógio é a porta de entrada da cidade. Justamente ali fica a Arena di Verona, que, apesar de não ser tão grande quanto o de Roma, é o coliseu mais bem preservado da Itália. Sua estrutura e a ótima acústica fizerem dele o cenário perfeito para o festival de ópera da cidade.
O festival de ópera
O evento, que geralmente acontece entre junho e agosto, logo terá a programação de 2019 completa no site, onde é possível efetuar a compra dos ingressos. Na minha opinião, o investimento vale a pena mesmo para quem não entende nada de ópera.
Imagine-se sentado em uma arena construída pelos romanos, sob a luz do luar, ouvindo vozes vibrantes que recontam algumas das histórias mais antigas da humanidade. Lembro de ter ficado arrepiada com o silêncio absoluto da platéia nos segundos entre uma canção e outra e mais ainda ao pensar que aquelas vozes se projetavam tão alto sem o uso de nenhum microfone.
Mesmo quem fala um pouco de italiano dificilmente compreenderá tudo o que está sendo cantado. Por isso, sugiro dar uma pesquisada sobre a ópera antes, como tínhamos feito com “O Barbeiro de Sevilha”. Mas posso afirmar que, mesmo sabendo pouquíssimo sobre “Aida”, consegui compreender a história de uma maneira geral.
Mesmo que você se perca no enredo, os belos cenários e a movimentação do elenco pelo palco não deixarão que você fique completamente entediado. Enfim, acredito que essa seja uma oportunidade única e acessível para quem viaja para Itália durante o verão.
Siga-me no Instagram: @barbara.ligero