Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu

Top 4: hotéis sustentáveis em Portugal

Hortas biológicas, painéis solares, empregos locais, uso de elementos da região na arquitetura. Estes hotéis, além de incríveis, são amigos do ambiente

Por Rachel Verano
15 out 2019, 18h22
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A piscina do Six Senses Douro Valley, com vista para o rio: campeão de sustentabilidade (Divulgação/Divulgação)

De todas as grandes novidades de Portugal nos últimos anos (e olha que não foram poucas!), talvez as mais radicais – no ótimo sentido! – tenham sido na hotelaria. O país saltou de um ponto onde quase não havia opção de hotel de charme e de luxo para um patamar onde eles pipocam a todo momento e por todo canto. Neste dia do consumo consciente, aqui vão quatro dicas de hotéis incríveis e sustentáveis, pés no chão e que prezam (de verdade) pelas boas práticas amigas do ambiente.

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A horta orgânica do Six Senses Douro Valley: exemplo (Divulgação/Divulgação)
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Vista aérea do Six Senses Douro Valley (Divulgação/Divulgação)

Six Senses Douro Valley, Douro
Considerado o grande líder da indústria hoteleira mundial no quesito sustentabilidade, a rede Six Senses está comprometida com o tema desde que foi criada, em 1995. Os dados do último relatório do grupo, que hoje conta com 19 hotéis e 37 spas espalhados por 14 países, revelam o que isso significa para eles, na prática: 45% dos resíduos sólidos foram desviados de aterros sanitários; 40.500 quilos de frutas e vegetais orgânicos foram cultivados não só para os hóspedes, mas também para as comunidades vizinhas; 223 toneladas de composto e fertilizante natural foram devolvidos à terra; mais de 1 milhão de garrafas de água de vidro substituíram garrafas plásticas descartáveis; e exatos 2.831 empregos locais foram criados. O desafio até 2022? Eliminar completamente o uso de plástico, em todas as áreas (os canudos, grande bandeira ostentada hoje em dia, já não são usados há anos). Especificamente em Portugal, o Six Senses Douro Valley, às margens do Rio Douro, tem um Fundo de Sustentbilidade destinado a apoiar três projetos nas comunidades locais, mas os cuidados estão também nas práticas corriqueiras do dia a dia. Os gastos de água, gás e eletricidade, por exemplo, são monitorizados internamente e duas vezes por ano é realizada uma auditoria de energia externa, da qual resulta um plano de ação a longo prazo para a otimização da eficiência nas operações. A maior parte da iluminação do hotel é feita por LED e a exceção é garantida por lâmpadas de poupança de energia. Completa o pacote a auto-suficiência no abastecimento de lenha, garantida pela poda e limpeza das árvores na floresta que circunda o hotel. Tudo isso sem mencionar a horta, onde são produzidos legumes, verduras e ervas aromáticas orgânicos para abastecer o restaurante. Diárias desde € 357.

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A arquitetura moderna do Areias do Seixo (Divulgação/Divulgação)
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Vista do restaurante do Areias do Seixo: imerso na natureza, com respeito (Divulgação/Divulgação)
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Detalhe da horta orgânica do Areias do Seixo (Divulgação/Divulgação)
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Areias do Seixo, norte de Lisboa
Plantado à beira-mar num belo trecho de costa, este hotel de arquitetura imponente e ares boho foi o único do país a figurar na seleta Gold List da revista Condé Nast Traveller no ano passado. Até aí, nenhuma surpresa. O incrível spa, os quartos decorados cada um à sua maneira, as piscinas particulares, as lareiras do quarto… todo o projeto impressiona. A surpresa vem dos bastidores: ele foi concebido para ser um dos hotéis mais sustentáveis do país. E logo de cara foi o vencedor do Green Project Awards 2012 do selo Green Key na categoria Agricultura, Mar e Turismo. Aos fatos: os materiais usados na construção eram abundantes na região; privilegiou-se o uso da cortiça para garantir isolamento térmico aos quartos; há um sistema hi-tech de gestão de recursos em tempo real, além de um projeto de captação e reutilização da água das chuvas; o hotel faz a própria compostagem dos resíduos orgânicos e adotou a política do zero papel; seu restaurante é adepto do conceito farm to table e praticamente se auto-abastece pelo cultivo orgânico da propriedade. Desnecessário dizer: os painéis solares garantem o total abastecimento da propriedade. Diárias desde € 315.

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Detalhe da arquitetura do Quinta da Comporta: produtos locais (Divulgação/Divulgação)
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Um dos quartos do Quinta da Comporta: rústico-chique (Divulgação/Divulgação)
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A piscina do spa do Quinta da Comporta: tratamentos à base de arroz (Divulgação/Divulgação)

Quinta da Comporta, Comporta
Ao se aproximar da Comporta, o destino mais badalado de praia em Portugal, dois elementos da natureza chamam a atenção. O primeiro são os imensos ninhos de cegonhas; o segundo, os arrozais que se estendem como autênticos tapetes, verdinhos, até onde a vista alcança. É justamente esse último elemento, grande ícone da região, a base dos tratamentos do spa deste novíssimo hotel. E esse é apenas um dos detalhes da ligação do projeto com a cultura local. Os outros? A arquitetura, assinada pelo superarquiteto português Miguel Câncio Martins, procurou manter os traços tradicionais da região, integrando os espaços internos e externos de forma fluida. A decoração, em tons neutros, privilegia os elementos que abundam na região: madeira, vime, vidro, pedra. A preocupação foi ser fiel ao estilo de vida local, sem grandes impactos. A lista de práticas sustentáveis inclui ainda a eletricidade gerada por painéis solares, um moderno sistema de tratamento de resíduos para reutilização da água e a prioridade de transporte em bicicletas elétricas dentro da área do hotel. Diárias desde € 260.

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Uma das construções do São Lourenço do Barrocal: luxo pé no chão (Divulgação/Divulgação)
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A piscina do São Lourenço Barrocal: camuflada na natureza (Divulgação/Divulgação)

São Lourenço do Barrocal, Alentejo
A sensação que se tem, ao entrar na imensidão do Barrocal (são 7,8 milhões de metros quadrados!) é a de adentrar uma típica vila alentejana, com suas casinhas brancas, de portas e janelas azuis. Não é por acaso. Todo o projeto do luxuoso hotel, considerado um dos melhores do país, procurou recuperar, literalmente, o patrimônio que estava em ruínas – e isso incluiu cerca de 250 mil telhas e 70 mil tijolos originais. Cercada de um sem fim de oliveiras, azinheiras e vinhedos, a propriedade produz vinho, azeite e alimentos como aveia. A horta biológica ocupa impressionantes 10 mil metros quadrados. Diante desse cenário, a conclusão parece óbvia: o que é colhido vai direto para a cozinha do restaurante, um dos melhores da região. Painéis solares, furos subterrâneos para o abastecimento de água e políticas constantes de cuidado com o meio-ambiente estão na alma do hotel, que garante, ainda, que a população local ocupe 80% dos postos de trabalho. Diárias desde 289.

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