O Google lançou hoje um vídeo que mostra as ruas da favela do Vidigal. Trata-se de um registro em 360, ou seja, à medida que o filme roda, você pode clicar na tela e girar para um lado, para o outro, pra cima, pra baixo e ver o que acontece ao redor. O que se vê no vídeo é uma vista daquelas. E também gente. Maurício, Lucila, Gildásio, Ivonete, Agripino, Gracinha, Zezé… estão todos lá.
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Ano passado, quando estive no Rio para fazer a reportagem de capa da VT que foi publicada em fevereiro, um dos passeios mais bacanas que fiz foi ver o nascer do sol do alto do Morro Dois Irmãos, cujo acesso se dá por dentro da favela do Vidigal. Sempre achei grotesca a ideia de um favela-tour, principalmente o que se fazia nos primórdios na Rocinha em que turistas, na maioria gringos, embarcavam em jipes com suas grande angulares como se estivessem indo para um safári.
Pois bem, mudei meu conceito.
E no meu caso foi assim.
Encontrei o guia Alberto Melo, mais conhecido como Jungle Boy, morador do Cantagalo, às 4h da matina no metrô General Osório, em Ipanema, e de lá pegamos um táxi. Os taxistas no Rio, é bom lembrar, não gostam de fazer corridas em favelas, na verdade em nenhum lugar que exija andar por muito tempo com a primeira marcha engatada porque isso danifica a embreagem do carro, tanto que os motoristas têm autorização da prefeitura para colocar bandeira 2 em ladeiras.
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Descobri isso da pior maneira: na metade da subida pela estrada principal do Vidigal, o motorista parou e disse que não seguiria porque a embreagem dele não estava boa. Nem adiantou insistir. Descemos do carro e fizemos os últimos 20 minutos a pé. Naquela hora da manhã, não havia ninguém na rua. Subimos pelo asfalto até chegar à UPP e de lá pegamos uma trilha pela mata, não sem antes cada um colocar uma lanterna na cabeça presa a um elástico. Dali em diante, seguiríamos no breu por uns 40 minutos.
Deu medo, eu não achava que estava fazendo um tour pelo lugar mais seguro e muito menos no horário mais seguro. Essa neura me assolava enquanto eu pingava de suor por conta da umidade e do relativo esforço pra manter minha passada num ritmo constante.
Quando começamos a ver as luzes da Zona Sul surgirem no horizonte, caramba… adeus neura!
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Se não quiser encarar a trilha de madrugada, vá durante o dia e nem é preciso guia. Siga até a entrada do Vidigal, embarque na Kombi que leva até a UPP e de lá pegue a trilha que qualquer um vai saber apontar onde começa.