Imagem Blog Sempre em movimento Rafael Tonon colaborou com Anthony Bourdain no site Explore Parts Unknown e coordena o Mestrado em Comunicação Gastronômica do Basque Culinary Center, no País Basco. Autor do livro 'As Revoluções da Comida', vive hoje entre Portugal e Abu Dhabi – e viaja o mundo para comer

Depashikas: empórios de comida nos subsolos de Tóquio

Grandes lojas de departamentos guardam templos da gastronomia metros abaixo da rua; confira as indicações de uma expert no assunto

Por Rafael Tonon
Atualizado em 24 out 2023, 18h35 - Publicado em 11 out 2023, 10h46
As depashikas reservam ótimas refeições e bons souvenires gastronômicos (Rafael Tonon/Arquivo pessoal)
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Nem tudo que existe de especial em Tóquio está ao alcance dos olhos. Impressionantes templos são descobertos ao virar esquinas. Ótimas docerias se escondem detrás de portas tão pequenas que é preciso ter muita atenção para não passar despercebido por elas. E os bares mais divertidos estão em apartamentos minúsculos, que se materializam depois que o elevador se abre.

Por isso, na capital japonesa, quem gosta de comer sempre precisa ir além — ou abaixo. As maiores lojas de departamento guardam em seus subsolos os melhores segredos gastronômicos de Tóquio: é ali que estão as depashikas, como são chamados os refeitórios amplos e deslumbrantes que se escondem escada abaixo em cada uma delas.

Esses lugares se destacam não só pela qualidade, mas sobretudo pela diversidade do que oferecem. Trata-se da maior oferta de sabores que se pode encontrar nos concorridos metros quadrados da cidade. O nome vem de duas palavras em japonês: depa é abreviação de depaato, que significa loja de departamentos; e chika significa porão. 

Há de tudo nessas misturas de praças de alimentação e mercado que se tornaram locais de peregrinação dos apaixonados por gastronomia: de caixas de bento milimetricamente organizadas para o almoço até todos os tipos de doces, pães, mantimentos e frutas delicadamente assentadas em lindas caixas de madeira com folhas de papel de seda coloridas, cujos preços passam facilmente os três dígitos — sim, um melão pode custar R$ 300, por exemplo.

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Não há dúvidas de que souvenires gastronômicos são os melhores presentes que se pode dar a alguém e as depashikas são ótimos lugares para comprar algumas boas lembranças, de bolinhos fofos em formato de urso a todos os tipos de doces feitos de farinha de arroz e embrulhados como se fossem as mais raras joias.

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Porém, eles também são excelentes lugares para uma refeição. Ali, todos os principais estilos da culinária japonesa são representados, incluindo yakitori (os espetinhos), tempura (as delicadas frituras que vão de vegetais a camarões-pistola) e sushi em suas muitas variações. Muitos contam com espaços de restaurantes walk-in, ou seja, com mesas e cadeiras onde pode-se comer sem preocupações e ser atendido por simpáticos garçons da velha guarda que sabem dosar o serviço entre prestatividade e algum sorriso.

Dica de profissional 

Yukari Sakamoto trabalhou muitos anos como sommelière no subsolo da Nihonbashi Takashimaya, uma das unidades da famosa rede de lojas de departamentos de luxo do Japão. Hoje, ela se dedica a promover tours por mercados e depashikas de Tóquio e me diz que entre suas preferidas estão a Isetan de Shinjuku, a Mitsukoshi de Ginza e a Mitsukoshi de Nihonbashi — sendo essa uma das que mais frequenta. “Tudo tem muita qualidade”, assegura. “Gosto essencialmente do restaurante de tempura Yamanoue da Mitsukoshi e do espaço de unagi [as famosas enguias] na mesma loja”, ela diz.

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O segredo, explica Sakamoto, é chegar cedo, ainda que as filas para comer nas depashikas não sejam tão longas e cansativas quanto as de muitos ramens ou confeitarias de Tóquio — ainda bem! Outra dica dela é fazer como os locais: comprar refeições prontas e subir até o terraço onde algumas lojas têm espaços muito confortáveis para atender os clientes que querem comer ali. Vale ficar de olho: para ótimas pechinchas, vá uns 30 minutos antes das lojas fecharem, quando as depashikas costumam fazer saldo de tudo para evitar que as porções acabem no lixo.

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Como aproveitar melhor as depashikas

Explorar tudo com tempo: chegue e dê uma volta com calma por todas as seções, olhando o que oferecem, tentando entender o que os locais compram e como comem (algo importante em meio a uma infinidade de comidas pouco familiares). Só depois, escolha o que comer. Por isso, é melhor ter paciência — e não chegar com muita fome. 

Depashika, Tóquio, Japão
Variedade de sanduíches à venda em uma depashika (Rafael Tonon/Arquivo pessoal)

Além das refeições

Os japoneses ficam loucos com tantos doces. As padarias e seções de sobremesas reservam excelentes opções, como macarons franceses, pães-de-ló fofinhos (que aqui chamam Castella) e todos os tipos de bolos e biscoitos em formatos de animais.

Isso sem contar os doces estilo pâtisserie francesa, cheios de cores, texturas e sabores. Não à toa, alguns dos maiores confeiteiros de Paris, como Pierre Hermé, têm suas representantes nas depashikas.

Também o wagashi (confeitos tradicionais japoneses) e o yōgashi (bolos, doces e chocolates de estilo ocidental) estão bem representados, muitos deles geralmente comprados como presentes. 

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Quais depashikas visitar

Takashimaya (Shinjuku)
5-24-2 Sendagaya, Shibuya-ku

Isetan (Shinjuku)
3-14-1 Shinjuku, Shinjuku-ku

Mitsukoshi (Ginza)
4-6-16 Ginza, Chuo-ku

Takashimaya (Nihonbashi)
2-4-1 Nihombashi, Chuo-ku

Para mais dicas, me siga no @tononrafa

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