Imagem Blog Sempre em movimento Rafael Tonon colaborou com Anthony Bourdain no site Explore Parts Unknown e coordena o Mestrado em Comunicação Gastronômica do Basque Culinary Center, no País Basco. Autor do livro 'As Revoluções da Comida', vive hoje entre Portugal e Abu Dhabi – e viaja o mundo para comer

Os melhores bares de Milão

Que tal tomar um aperitivo em plena Galleria Vittorio Emanuele com vista para o Duomo? Veja esse e outros achados etílicos pela cidade

Por Rafael Tonon
Atualizado em 27 fev 2023, 17h44 - Publicado em 22 fev 2023, 11h57
Camparino in Galleria, Milão, Lombardia, Itália
No centenário bar Camparino in Galleria, o balcão em madeira é original. (//Divulgação)
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Há muita gente que viaja de olho nos melhores restaurantes. E existem aqueles turistas que preferem escolher seus destinos a partir do que podem encontrar nos copos, taças e canecos. Para estes, Milão, a enérgica cidade ao norte da Itália, nunca esteve em tão boa forma.

Na capital do aperitivo, uma tradição centenária na qual beber um trago nem sempre foi uma questão de prazer sensorial, as coisas melhoraram drasticamente nos últimos anos. 

Levada por uma popularização local (e mundial) de coquetéis como o Negroni, seu maior hit, a cidade se diversificou na cena de coquetelaria, com cada vez mais bares interessantes abrindo as portas — alguns com mixologia mais criativa, outros trazendo de volta o espírito dos speakeasies. 

A cena etílica também se desenvolveu muito com novos representantes nas searas dos vinhos (com enotecas e bares de vinhos excelentes espalhados pela cidade) e das cervejas artesanais, uma nova mania local.

Além do risoto milanese, do imponente Duomo e da chance de apreciar a beleza de A Última Ceia, de Da Vinci, a capital da Lombardia também é visita obrigatória pelas doses cada vez melhores — e que se estendem até altas horas.

A seguir, um apanhado de alguns dos melhores lugares que visitei — e bebi! — em uma recente visita à cidade. Também recomendo vivamente conhecer os coquetéis criativos de Dom Carella e sua equipe no Carico, uma passada para provar as excelentes cervejas que saem da mente inquieta de Teo Musso no bar da Baladin e tomar algumas taças — ou garrafas — de vinho no Vinodromo

Rita&Cocktails

Via Angelo Fumagalli, 1 

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Se eu vivesse em Milão, este seria meu bar na cidade, aquele para ir todas as semanas. Localizado em uma rua perpendicular da movimentada região de Navigli, o Rita é quase um bar vintage por não usar nenhuma técnica molecular com a ajuda dos equipamentos modernos que tomaram a cena da coquetelaria. Há 20 anos, tudo ali é feito e servido na hora, sem pré-preparações. O veterano bartender Edoardo Nono é também um bartender à antiga: ele está preocupado em agradar os clientes, por isso faz perguntas antes de lhes servir qualquer coisa. O foco da casa são os coquetéis à base de gins (com mais de 150 rótulos), além dos whiskies e bourbons — já que foi um dos primeiros american bars da cidade. O balcão ao centro é um convite para o final da tarde antes do jantar ou passar ali algumas horas, já que o cardápio, elaborado pelo chef Eugenio Roncoroni, reúne alguns petiscos como o canapé de salmão, a panceta assada, entre outros. Poucos metros dali, os donos abriram outro bar, o Rita’s Tiki Room, mais tropical e moderno — e também excelente. 

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1930

Localização secreta

É um dos melhores bares do mundo (segundo o The World’s 50 Best Bars) e um dos poucos speakeasies “a sério” na cidade: é preciso conhecer a localização e ter a entrada autorizada, que nem sempre é garantida. Assim que se cruza a porta, todo um novo universo se revela: clima meia-luz, móveis confortáveis, máscaras africanas nas paredes. Atrás delas está o menu, que nesta temporada é dedicado aos ingredientes e preparos do continente africano — de fermentados caseiros (como a quissângua angolana, feita de milho) aos hábitos de povos como os himba, na Namíbia. Coquetéis criativos e de técnicas bem elaboradas chegam à mesa. Há ainda um menu com pequenos pratos para equilibrar a ingestão alcoólica e uma sala de charutos na parte de baixo. 

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enoteca/naturale

Via Santa Croce, 19/a 

É a meca dos vinhos naturais na cidade. Um bar que estava à frente antes dos naturais serem essa grande tendência. Mas ainda que a ideia seja ter apenas opções de rótulos sem ou com quase nenhuma intervenção, não é um local de seita. O clima é relaxado, mesas confortáveis e muitas, muitas garrafas pelas paredes — é a mais ampla seleção de naturais da cidade, com produtores italianos e estrangeiros. Mais recentemente, o espaço tem apostado também na gastronomia: há opções a la carte e até um pequeno menu a cargo do chef Gianmaria Errico, jovem cozinheiro de Bergamo, que assumiu a cozinha. 

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Camparino in Galleria

Piazza del Duomo, 21

Pouca coisa é tão milanesa quanto isso: ir a um bar na Galleria Vittorio Emanuele para tomar um coquetel com base de Campari e admirar a vista para o Duomo. Davide Campari, filho do fundador da famosa marca de bebidas, decidiu abrir o Camparino no mais famoso espaço de comércio da cidade em 1915. Foi um sucesso desde o início. Embora tenha passado por reformas, o bar centenário permanece com muito do original: o balcão em madeira reconstituído, o piso em xadrez, os espelhos instalados nas paredes. Há ainda um terraço (Sala Spiritello) com a melhor vista de Milão, para tomar um negroni, comer alguma coisa e ser paparicado pelos excelentes garçons do espaço. 

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