Montreux
Ele nasceu em Zanzibar, passou boa parte de sua vida em Londres, mas foi na Riviera Suíça, à beira do Lago de Genebra – ou Léman – que encontrou a paz de espírito. Refúgio de Freddy Mercury em seus últimos anos de vida, Montreux foi também sua grande musa. Entre 1978 e 1995, o Queen gravou seis álbuns em um pequeno estúdio instalado no cassino da cidade. Na letra de Winter’s Tale, homenagem ao lugar que lhe libertou dos paparazzi, a mesma frase fecha cada estrofe: Am I dreaming? (“Estou sonhando?”). Contemplando o lago dourado no fim de tarde, com o sol desaparecendo no horizonte e os Alpes como pano de fundo, é impossível não fazer a mesma pergunta.

Sede do célebre Montreux Jazz Festival, que já recebeu BB King, Ray Charles, Miles Davis, Ella Fitzgerald e outros monstros da música, a cidade também teve Charles Chaplin e Ernest Hemingway como habitués, entre muitas outras celebridades. “Quincy Jones me pediu informação na rua e eu nem me abalei”, diz a guia turística Angela Bonetti, referindo-se a um dos maiores produtores musicais de todos os tempos. E é justamente essa atitude blasé – uma espécie de síndrome de Rio de Janeiro – que faz com que o jetset se sinta em casa.
Localizada na parte francófona do país, no cantão (estado) de Vaux, Montreux é a base de lançamento para a região conhecida como Riviera Suíça. Com clima ameno para os padrões locais, o balneário de 25 mil habitantes cultiva um estilo de vida arejado, que costuma ser comparado ao do Mediterrâneo. Quando o calor aperta, o lago faz as vezes da praia, com suas águas azulíssimas e cristalinas. E uma curta viagem de trem (com passagens estonteantes passando na janelinha), levam aos vinhedos de Lavaux, a região vinícola que a revista Forbes definiu como a mais bonita do mundo.
QUANDO IR
Para curtir a vida “mediterrânea” de Montreux em alto estilo, vá de maio a setembro. O famoso Montreux Jazz Festival rola na primeira metade de julho, no auge do verão.
ONDE FICAR
De frente para o lago e a poucos passos da estação de Montreux, o Grand Hôtel Suisse Majestic é um ícone da Belle Époque, com quartos espaçosos com decoração clássica e amenities L’Occitane. No café da manhã, cinematográfico, você terá uma das melhores vistas da cidade do restaurante, o Le 45. Outro bastião do charme da Riviera é o hotel Fairmont, onde fica o imponente Terrasse du Petit Palais, comandado pelo chef Frederic Breuil.
Busque mais hospedagens em Montreux
ONDE COMER
Em Montreux, boas mesas não faltam para quem quer conhecer a gastronomia local. O Restaurant du Pont, na parte antiga da cidade, aposta em pratos sazonais preparados com produtos frescos da região e oferece um ambiente acolhedor, ideal para um jantar tranquilo. Já o Caveau des Vignerons é um clássico da região: especializado em fondues e raclette, traz a tradição suíça em um espaço rústico e aconchegante que celebra o vinho e a culinária local.
No elegante Restaurant Safran, dentro do Hotel Mona (antigo Eurotel), o cardápio combina sabores internacionais e regionais, servido em um salão moderno com vista privilegiada para o Lago Léman. Para quem busca uma experiência ainda mais ligada à cultura da cidade, o Restaurant Le Museum é o lugar: conhecido por suas fondues e raclette, foi fundado por Claude Nobs, criador do Montreux Jazz Festival, e mantém até hoje uma atmosfera que une música e gastronomia.
E, para um jantarzinho bom e “barato”, para os padrões suíços, dispute uma mesa no italiano La Rouvenaz, anexo a um hotel de mesmo nome, que é conhecido pelas massas frescas e pelo ambiente descontraído.
O QUE FAZER
O tipo de turismo que combina com Montreux é contemplativo e pausado. Até vale gastar a panturrilha para conhecer a parte mais antiga da cidade, onde casinhas de arquitetura tipicamente suíça e uma bela vista do lago compensam a subida. Mas o epicentro da vida social é o vasto calçadão que acompanha a margem do Léman por vários quilômetros, ladeado por hotelões em estilo Belle Époque e uma sucessão canteiros floridos cultivados com esmero, que são renovados a cada estação – a verba reservada a eles consome boa parte do orçamento da prefeitura.
A orla também funciona como um museu a céu aberto, com obras de arte que “interagem” com o lago e a paisagem. Flanando entre tanta beleza, com direito a pausa para uma foto com a estátua de Freddie Mercury, você nem verá passar a meia hora de caminhada que separa o centro da cidade do castelo de Chillon, o monumento mais visitado (e instagramado) da Suíça. Encarapitado em uma ilhota, ele dá um toque a mais de irrealidade ao cenário, com suas torres de conto de fadas que se apoiam sobre estruturas datadas do século 10. De quebra, ali pertinho, uma pequena praia permite dar um mergulho no lago – ou, vá lá, molhar o pezinho – e boiar curtindo a paisagem.
Outros passeios
Dentro do Casino Barrière Montreux, onde você pode tentar a sorte, a Queen Studio Experience – que é grátis! – conta a história de amor entre Freddy Mercury e a cidade, no estúdio de gravação onde a banda produziu seus álbuns. O pequeno museu tem algumas peças do figurino do astro e uma mesa onde o visitante pode brincar de mixar alguns sucessos do Queen. A 20 minutos do centro de ônibus, o Chaplin’s World ocupa o lindo o casarão em Corsier-sur-Vevey onde Charles Chaplin passou os seus últimos anos.
Absolutamente imperdível, até para quem não curte vinho, a região produtora de Lavaux ocupa 10 mil terraços que formam um anfiteatro com vista para os Alpes. Entre Montreux e Lausanne, são 760 hectares de vinhas que se equilibram em uma encosta íngreme, em um cenário que começou a ser esculpido pelo homem há quase mil anos, pelas mãos dos monges Cistercienses. O trenzinho Lavaux Express, com jeitinho de atração da Disney, parte de Cully (aonde dá pra chegar de trem, vindo de Montreux) e circula entre os vinhedos e vilarejos da região. Também dá para ir até lá de barco e fazer outros passeios pelo lago. Um dos famosos trens panorâmicos da Suíça, o Golden Pass, parte da cidade. Saiba mais sobre a região de Lavaux nesta outra matéria.
Como circular
Todos os hóspedes dos hotéis da região recebem um Montreux Riviera Card, que permite utilizar os ônibus, barcos e trens da região. Quem tem o Swiss Travel Pass também pode circular livremente. Dentro da cidade de Montreux, todas as atrações podem ser percorridas a pé.
Últimas de Montreux





