Brasileira é a primeira negra latino-americana no topo do Everest
Aretha Duarte realizou o feito depois de quase dois anos de preparação e arrecadação de fundos
Dizem que sonhos movem montanhas, tenham elas o tamanho que for e, no caso de Aretha Duarte, escalar o Monte Everest era apenas a última etapa de uma jornada que começou em 2019 e que se concluiu no domingo (23). Ela se tornou a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo da maior montanha do mundo. A conquista é carregada de significados para essa paulista de 37 anos que chegou a trabalhar com reciclagem para arrecadar dinheiro.
Além de um sonho grandioso, escalar o Everest é caro, com valores que giram em torno de R$ 400 mil (apenas a taxa de permissão para escalada custa US$ 11 mil). Por este motivo, Aretha recorreu a todos os meios possíveis para viabilizar a expedição, chegando a juntar cerca de 130 toneladas de lixo reciclável (vendidos pelo valor de 110 mil reais), além de participar de programas como o Caldeirão do Huck. O valor restante foi pago por empresários e patrocinadores.
O Monte Everest está situado na cordilheira do Himalaia, mais precisamente na fronteira da China com o Nepal, no coração da Ásia. São 4 estágios com acampamentos em cada um deles em que o montanhista deve passar antes de chegar ao cume. A última parte é conhecida como Zona da Morte, que em razão da altitude pode causar edemas no cérebro e nos pulmões. O topo da montanha fica a 8.848 metros acima do mar e, até 2019, apenas 25 brasileiros haviam chegado ao ponto mais alto, sendo 5 mulheres.
Aretha venceu a última etapa na manhã do domingo, às 10h24 pelo horário nepalês. Após chegar ao ponto mais alto do planeta, ela retornou ao campo base, onde precisou esperar por quatro dias até o tempo abrir a fim de seguir para Kathmandu, onde chegou no sábado (29). A montanhista embarcaria para o Brasil na terça-feira (1), com chegada na quarta (2), mas os voos estão cancelados pelo menos até sábado (5).
O montanhismo entrou na vida de Aretha ainda na faculdade e desde 2011 ela trabalha como guia de escaladas. Entre os desafios montanhosos presentes no currículo, constam cinco escaladas ao Aconcágua, na Argentina, ponto mais alto fora do Himalaia, e o Monte Kilimanjaro, maior montanha da África. O sonho de subir o Everest começou em 2019, quando viu fotos de uma expedição ao Vale do Silêncio, que fica próximo ao topo da montanha. “Achei lindo e naquele momento quis estar lá e aí surgiu a vontade de um dia ir”, relembrou Aretha.
A montanhista desembarcou em Kathmandu no dia 2 de abril e, após o período de quarentena em função da pandemia e subidas graduais entre o campo base e os subsequentes, precisou aguardar 11 dias. “Dei o primeiro passo rumo a um sonho muito maior. Quero ajudar trazer oportunidades para quem, assim como eu, enfrenta dificuldades sociais e precisa acreditar que querer é poder.”