Calor demais pode atrasar ou até cancelar um voo; entenda

Temperatura, peso da aeronave e até tamanho da pista são fatores que a considerar no cálculo de segurança que define se a decolagem pode acontecer

Por Maurício Brum
3 jul 2025, 10h00
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Dependendo da temperatura, pode ser necessário esperar os termômetros baixarem... ou esvaziar o avião (Ben Bracken/Unsplash)
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Você sabia que o calor excessivo pode atrasar ou até mesmo cancelar a decolagem de um avião? A situação não é muito corriqueira no Brasil (mesmo com um clima famoso pelas temperaturas elevadas), mas, quando acontece, costuma ganhar as redes sociais com um misto de indignação e curiosidade.

Apesar de soar um tanto inusitada e até irreal, já que mesmo viajantes frequentes podem nunca ter se deparado com essa situação, a dificuldade de decolagem como consequência do calorão tem explicação científica e é, sim, um fator a mais a ser considerado quando o assunto é a segurança das viagens aéreas.

Por que calor demais pode se tornar um problema?

Lembre das lições na escola: quanto mais quente o ar, menor a sua densidade. Esse princípio básico é muito útil em algumas situações, como quando você viaja de balão (não é à toa que o nome é literalmente “balão de ar quente”, usando essa lógica para subir a altitudes mais elevadas), mas pode ser um problema para tirar do chão algo pesado como um avião.

Explicando em termos bastante simples, um passo fundamental para um avião decolar é que o ar que passa por seu motor e sob suas asas ajuda a “empurrá-lo” para cima. As turbinas e a aerodinâmica se juntam para que a velocidade atingida na pista seja suficiente para esse feito da engenharia se concretizar. Só que, quando o ar fica quente demais e reduz sua densidade, há menos moléculas passando pela asa para ajudar nesse processo.

É uma alteração relativamente pequena – alguns estudos apontam perda de 1% na capacidade de subir a cada 3 graus de temperatura – mas que pode fazer toda a diferença dependendo das circunstâncias do voo.

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O que fazer nesses casos?

Quando a temperatura sobe demais para se tornar uma questão preocupante, há duas alternativas principais: contar com uma pista maior ou reduzir o peso da aeronave. Aeroportos em lugares muito quentes já são preparados para isso, com pistas de decolagem maiores do que a média de outros países.

Mas, como você não pode aumentar a pista de uma hora para a outra, quando o calorão vem em um lugar sem essa estrutura, o jeito é aliviar o avião. Quando isso ocorre, é comum que as companhias aéreas ofereçam vouchers e compensações financeiras para os passageiros que se dispuserem a pegar outro voo o que reduz o peso tanto em termos de pessoas quanto de bagagens. Alguns anos atrás, um episódio do tipo registrado no Rio de Janeiro acabou viralizando.

Mas, a rigor, ninguém é obrigado a aceitar. Quando faltam voluntários, o voo pode ser atrasado indefinidamente até as temperaturas baixarem, ou acabar cancelado mesmo.

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Infelizmente, não tem como prever com antecedência se essa situação vai ser um problema no seu voo. Como deu para ver, além da temperatura em si, o tamanho da pista e a lotação do avião também são determinantes nesse cálculo. Na dúvida, a maneira mais segura de evitar problemas é fugir dos voos que saem nos horários mais quentes dos meses de verão, priorizando decolagens nas primeiras horas do dia ou já tarde da noite.

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