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Máscaras de pano protegem menos contra variantes do coronavírus

Lufthansa proíbe máscaras de tecido a bordo; as do tipo cirúrgicas e filtrantes sem válvula (PFF2 ou N95) são as mais indicadas para aviões e ônibus

Por Bruno Chaise
Atualizado em 21 out 2021, 20h14 - Publicado em 10 fev 2021, 16h25
Máscara PFF2 (ou N95) sem válvula é a mais indicada para viagens de avião e ônibus (Lucas Ninno/Getty Images)
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Conforme a ciência avança na descoberta de novas variantes da Covid-19, protocolos de saúde precisam ser revistos e substituídos. O que os pesquisadores não têm mais dúvidas é sobre via de contágio predominante, que são as gotículas de saliva expelidas quando uma pessoa fala, espirra ou tosse – daí a importância do uso da máscara. Mas não mais qualquer máscara. As novas cepas colocaram em xeque a eficácia de determinados tipos, principalmente as caseiras.

A forma como o vírus é transmitido não mudou, o que mudou é que agora ele é mais transmissível. Quem afirma é Vitor Mori, doutor em engenharia biomédica pela USP e pesquisador da Universidade de Vermont em entrevista ao podcast Café da Manhã. “Isso significa que precisamos inalar uma quantidade menor do vírus para desenvolver a doença. Por isso é fundamental que a gente comece a utilizar máscaras melhores e que reduzam a emissão de partículas potencialmente contaminadas”, disse o pesquisador, que é integrante do Observatório Covid-19 BR.

Como não existe regulamentação e nem controle sobre a produção das máscaras de pano, não raro as pessoas escolhem um modelo pelo preço ou até pela estampa. “Quando falamos de máscaras, dois pontos devem ser levados em conta: primeiro é o ajuste ao rosto, quão bem vedada ela está. E segundo é a capacidade de filtrar as partículas. De nada adianta filtrar bem se ela não está ajustada ao rosto”, diz Vitor Mori.

O alerta já soou nas companhias aéreas. Desde 1 de fevereiro, a alemã Lufthansa só permite a bordo o uso de máscaras hospitalares (do tipo cirúrgica) ou filtrantes (FFP), sem válvula acoplada. As máscaras FFP possuem denominações diferentes de acordo com o país em que são fabricadas: N95 (Estados Unidos), KN95 (China), FFP2 (Europa) e PFF2 (Brasil). Máscaras de tecido não são mais aceitas pela aérea alemã. 

Alguns países da Europa como França, Alemanha e Áustria estão em uma campanha contra o uso de máscaras de tecido. A recomendação é que a população use proteções feitas de materiais mais resistentes. Na Alemanha, para andar de transporte público e fazer compras em lojas e supermercados é obrigatório usar máscaras cirúrgicas ou as do tipo FFP. 

Qual a máscara devo utilizar? 

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), máscaras médicas ou cirúrgicas devem ser usadas por pessoas com sintomas de Covid-19, que tiveram contato com alguém doente, os maiores de 60 anos ou quem vive com comorbidades.

Máscara de tecido – ela surgiu como solução temporária quando ainda havia dificuldades na produção das descartáveis, mas acabou ficando. É indicado trocá-la a cada duas horas se a pessoa estiver tossindo ou espirrando muito. Uma máscara feita de algodão cobrindo adequadamente boca e nariz é o suficiente para ser utilizada em espaços abertos e com pouca quantidade de pessoas. As que possuem três camadas podem filtrar cerca de 70% das partículas.

Máscara cirúrgicaindicada para quando a pessoa for permanecer a menos de um metro de outras pessoas, principalmente em locais fechados, com pouca ventilação e muita gente. Ela deve ser utilizada sempre que a pessoa estiver gripada ou com suspeita de coronavírus – o objetivo é proteger as pessoas ao redor. Segunda pesquisa recente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, o uso de uma máscara cirúrgica com uma de tecido por cima pode bloquear até 92% das partículas.

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Máscara do tipo cirúrgica (Engin Akyurt/Unsplash/Reprodução)

Máscara PFF2 ou N95 – oferece proteção maior que a cirúrgica e é a mais indicada para voos, viagens de ônibus e lugares com aglomeração. O 95 do nome indica que o artefato é capaz de bloquear até 95% das partículas, o que inclui aerossóis que permanecem suspensos no ar por horas e horas. O artefato vem com uma haste de metal para ser ajustada ao nariz e tem também dois elásticos: um para envolver o pescoço e outro a cabeça (em alguns tipos o elástico vai por trás da orelha). No início, elas podem parecer desconfortáveis porque justamente vedam mais, mas com o tempo a pessoa acaba se acostumando. A máscara possui uma estrutura semirrígida e uma espécie de bolsa (que parece um “bico de pato”) que não deixa encostar no nariz, trazendo mais conforto. E atenção: máscaras com válvulas devem ser evitadas porque elas protegem quem a usa, mas não quem está ao redor; a Latam proibiu o uso delas a bordo.

As máscaras PFF2 podem ser consideradas descartáveis em tempos normais, mas como estamos em um período de escassez – e não podem faltar para quem está na linha de frente –, elas podem ser reutilizadas. Uma dica é comprar três máscaras e usar uma por dia em sistema de rodízio. Não é recomendado lavá-las nem borrifar álcool para não interferir na qualidade da filtragem. A Anvisa publicou uma lista de máscaras do modelo PFF2 ou N95 reprovadas em testes, acesse aqui.

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Voos e máscaras no Brasil

Aeroportos e companhias aéreas brasileiras adotam medidas de segurança sanitária estipuladas pela Anac e pela Anvisa. Entre elas estão: limpeza e desinfeção de aeronaves, distanciamento social, proteção dos profissionais e suspensão do serviço de bordo. As empresas obrigam o uso de máscaras durante todo o voo, mas sem especificar o modelo.

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A única flexibilização para o uso de máscaras a bordo é para pessoas com problemas respiratórios comprovados, transtorno do espectro autista, deficiência intelectual ou transtorno psicossocial. Para ser liberado do uso, o passageiro deve preencher um formulário, ter um laudo médico e falar com a companhia aérea para solicitar a liberação. 

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