Mudaram sua classe no avião? Saiba o que fazer em caso de downgrade

Overbooking e assento quebrado são possíveis motivos de realocação para um setor mais barato da cabine. Passageiro não é obrigado a aceitar

Por Maurício Brum, Barbara Ligero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 mar 2025, 16h02 - Publicado em 10 mar 2025, 13h21
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Viagem em classe diferente da contratada obriga a companhia a ressarcir a diferença paga e abre margem para pedidos de indenização  (Ina Carolino/Unsplash)
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Ingrid Guimarães usou o seu perfil no Instagram nesta segunda-feira (10) para relatar um constrangimento pelo qual ela passou em um voo da American Airlines. A atriz conta que comprou uma passagem na Premium Economy, categoria superior à Economy e inferior à Executive, para viajar de Nova York ao Rio de Janeiro.

Na sexta-feira (7), quando já estava sentada com o cinto afivelado, ela foi coagida pela tripulação a ceder o seu lugar para um passageiro da Executiva, cujo assento tinha quebrado. Em um primeiro momento, a atriz disse que não sairia porque havia comprado aquela passagem. O que aconteceu na sequência foi uma sucessão de episódios constrangedores envolvendo pelo menos três tripulantes, sendo que um deles chegou a dizer em alto e bom som que todos os passageiros teriam que sair da aeronave porque “uma passageira não estava colaborando”. Diante da humilhação pública, Ingrid deixou o assento que havia comprado e viajou na Econômica. A empresa entregou a ela um voucher de US$ 300 pelo inconveniente. Veja o relato completo  da atriz no vídeo abaixo:

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O rebaixamento da classe do voo – ou downgrade – é uma medida excepcional que, além de gerar incômodos, obriga a companhia a ressarcir o passageiro.

Saiba melhor quando isso pode acontecer e o que fazer nessas situações:

Por que o downgrade ocorre?

Downgrade é o nome dado para qualquer mudança para uma categoria inferior e mais barata do que aquela que foi comprada.

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De modo geral, o downgrade acontece quando a disponibilidade de assentos de uma determinada categoria não é suficiente para a quantidade de passagens que foram vendidas. A causa mais comum para essa situação é o overbooking, que é a prática das companhias de vender mais bilhetes do que o avião comporta, contando com eventuais cancelamentos (que nem sempre ocorrem).

Mas o downgrade pode ocorrer também por situações inesperadas, especialmente em classes mais elevadas do avião, como um assento quebrado — como foi o caso do passageiro da Executiva que “precisou” ocupar o assento de Ingrid Guimarães. Se não houver outro lugar disponível naquela categoria, a empresa pode decidir por realocar algum viajante, mesmo a contragosto, para uma classe inferior.

O que fazer se eu sofrer um downgrade?

Primeiro de tudo, o passageiro não é obrigado a aceitar o downgrade. Pelas regras vigentes, a empresa aérea deve recolocá-lo em outro voo na mesma classe, mesmo que de outra companhia – ou devolver o valor pago. Vale ressaltar que a empresa pode ser acionada judicialmente para pagar  por danos morais e outros prejuízos que o passageiro tenha sofrido pela mudança no cronograma da viagem.

Para o advogado Rodrigo Alvim, especializado em direito dos passageiros aéreos, o downgrade ultrapassa a questão material. “O passageiro paga por um padrão de serviço e tem uma expectativa. Quando essa expectativa é frustrada, há um impacto emocional e psicológico. No caso de Ingrid Guimarães, além da mudança compulsória, houve uma abordagem coercitiva por parte da companhia, o que pode ser enquadrado como dano moral”, pontua.

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Aceitei o downgrade. E agora?

Caso você opte por aceitar o downgrade para não perder a viagem, seus direitos são mantidos. A empresa é obrigada a pagar um reembolso na diferença entre o valor do assento adquirido e aquele que efetivamente foi utilizado. No caso de Ingrid, a empresa decidiu unilateralmente entregar à atriz um voucher no valor de US$300, que ela não precisava ter aceito.

Procure documentar tudo: peça para a empresa aérea entregar um comprovante por escrito de que o downgrade ocorreu, justificando o motivo para isso. Ao chegar no seu destino, contate imediatamente a companhia aérea para solicitar o reembolso. Se não tiver uma resposta rápida ou satisfatória, vale também acionar a Anac – a resolução que lida com direitos sobre remarcações, cancelamentos e afins é a número 400, de 2016.

No entanto, mesmo quando a empresa aérea demonstrar boa vontade em devolver os valores, um ressarcimento justo pode ser mais difícil do que parece à primeira vista. Como a precificação das passagens aéreas muda constantemente de acordo com as datas em que o bilhete é comprado, o passageiro corre o risco de receber um valor inferior, baseado na cotação do dia.

Nesses casos, pode ser necessário recorrer a um advogado e abrir um processo cobrando esses valores e uma indenização por danos morais (que pode ser demandada mesmo quando a empresa aérea fez o ressarcimento padrão). Isso porque é possível alegar que houve uma quebra de expectativas em relação ao que foi acordado no momento da compra.

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Além disso, muitos passageiros adquirem assentos mais confortáveis por algum motivo de saúde – com a devida comprovação médica, esta é outra razão que abre margem para uma indenização maior caso o passageiro precise viajar em uma categoria diferente da esperada.

Leia mais dicas em Manual do Viajante

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