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Ômicron: como a variante está afetando a retomada do turismo

O que se sabe até o momento sobre a mutação, que já está presente no Brasil, e o impacto nas viagens internacionais

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 16 dez 2021, 07h06 - Publicado em 30 nov 2021, 16h27
Coronavírus
Here we go again? Crédito: (Turgay Koca Eye Em/Getty Images)
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Ainda não há motivo para acreditar que retornaremos à estaca zero com a chegada da Ômicron, que foi classificada como uma variante de “risco muito elevado” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas é igualmente precipitado achar que a novíssima cepa do coronavírus não representa uma ameaça à retomada da vida como ela era, especialmente quando o assunto é turismo. O anúncio feito pela Pfizer nesta quarta-feira (8) de que a terceira dose da sua vacina contra a Covid-19 é capaz de proteger contra a nova variante veio acompanhado de grande alívio. No entanto, o surgimento dessa mutação do vírus continua afetando o trânsito internacional.

África do Sul, Botsuana, Essuatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue estão sendo alvo de restrições de viagens por parte da Argentina, Canadá, Estados UnidosTailândia, União Europeia e também do Brasil. Desde 29 de novembro, a Portaria nº 660 proíbe a chegada de voos provenientes destes países africanos e, por isso, pelo menos 250 viajantes brasileiros aguardam voos de repatriação para poder voltar às suas casas, onde deverão cumprir uma quarentena de 14 dias. Além disso, o Brasil passou a exigir que todos que chegam no país apresentem comprovante de vacinação contra a Covid-19.

Israel e Marrocos, que já tinham reaberto para brasileiros, foram ainda mais abrangente e anunciaram o fechamento de suas fronteiras para todos os viajantes estrangeiros, independente da origem (Atualização: Israel anunciou a reabertura a partir de 22 de dezembro). A mesma decisão foi tomada pelo Japão, que ainda não estava recebendo turistas do Brasil. Já a Austrália postergou os seus planos de reabertura para pessoas com visto de estudante e de trabalho, que deveria acontecer no dia 1º de dezembro, para o dia 15 de dezembro (saiba mais aqui).

A França passou a exigir que todos os viajantes façam teste do tipo RT-PCR até 48 horas antes do embarque. O Reino Unido, por sua vez, deixou de aceitar os testes de antígeno e agora pede que os recém-chegados façam RT-PCR antes e após o desembarque e aguardem o resultado em isolamento. Além disso, o uso de máscara voltou a ser obrigatório. Os Estados Unidos reduziram o prazo máximo para fazer teste de Covid-19 antes de embarcar com destino ao país de três para um dia. A Colômbia passou a pedir comprovante de vacinação e resultado negativo para teste de Covid-19.

Enquanto os cientistas ainda tentam entender os riscos da Ômicron, as restrições de viagem são uma tentativa de conter a sua propagação. A Anvisa confirmou no dia 30 de novembro os dois primeiros casos da cepa no Brasil em um casal de São Paulo, que ainda não tinha se vacinado e esteva na África do Sul recentemente. Eles apresentam sintomas leves da doença. Desde então, o número só aumenta.

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Pelo menos outros 40 países fora do continente africano também já reportaram infecções pela variante, incluindo Alemanha, Austrália, Bélgica, Botsuana, Canadá, Dinamarca, Escócia, Espanha, França, Holanda, Hong Kong, Inglaterra, Israel, Itália, Japão, Portugal, República Tcheca e Suécia. A maioria dos primeiros casos estavam relacionados a viajantes recém-chegados do continente africano, mas agora o vírus já se espalha internamente.

A Ômicron foi identificada pela primeira vez na África do Sul em 24 de novembro, mas não necessariamente surgiu ali e/ou naquele momento. A Holanda confirmou que a presença da nova variante foi detectada em amostras coletadas no país entre 19 e 23 de novembro, indicando portanto que a linhagem já estava presente na Europa antes mesmo da descoberta na África do Sul.

Evidências como essa fazem com que a decisão de Israel e do Japão de se fecharem para o mundo inteiro pareçam ter mais sentido – e sempre existe a possibilidade de outros países chegarem à essa mesma conclusão em breve. Tudo depende das recomendações que os cientistas chegarão nas próximas semanas, visto que até o momento as informações ainda são pouco concretas.

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O que sabemos até agora sobre a Ômicron?

A variante possui mais de 50 modificações em seu código genético quando comparado ao vírus original, que foi detectado na China em 2019. Como esse é o maior número de modificações já encontrado em uma variante do Sars-Cov-2, o medo é que ela acumule tudo que a Alpha, Beta, Gama e Delta têm de mais poderoso e ainda possua outras modificações inéditas.

A comunidade científica já constatou que a Ômicron deve ser altamente transmissível porque 32 dessas modificações estão justamente na proteína spike, a parte que conecta o vírus à célula humana para infectá-la. Além disso, a OMS informou que evidências preliminares sugerem que essa variante oferece um risco maior de reinfecção por Covid-19 do que suas antecessoras. Porém, o número de casos ainda é relativamente pequeno para que se tirem maiores conclusões.

A médica sul-africana que primeiro identificou a nova variante em 24 de novembro, Angelique Coetzee, disse que os pacientes infectados até o momento mostram “sintomas extremamente leves” como fadiga, tosse, dor de cabeça, dor no corpo e dor de garganta. Nenhum país confirmou mortes causadas pela Ômicron até o momento. No entanto, ainda não foi avaliado o efeito da cepa em pessoas mais vulneráveis.

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Mais dados sobre a eficácia das vacinas contra Covid-19 desenvolvidas até agora em relação à Ômicron começaram a ser divulgadas essa semana. Anteriormente, a OMS já tinha defendido que “não há razão para duvidar” que as vacinas atuais previnem casos graves da doença.

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