245 tons de cinza

Mostra de Sebastião Salgado chega a São Paulo com imagens da natureza intocada

Por Fernando Souza (Edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 07h57 - Publicado em 31 jul 2013, 01h00

Geórgia do Sul, Atlântico. Cercados por centenas de pinguins, dois elefantes-marinhos se viram para Sebastião Salgado no momento em que são clicados. Refletida no olho de um deles, a imagem do fotógrafo é congelada. Das 245 fotos da mostra Genesis, que revela a natureza intocada em áreas remotas da terra, esse é o único registro de uma interferência externa nos ecossistemas retratados. Em cartaz até o dia 26 no Jardim Botânico do Rio e, a partir de 4 de setembro, no Sesc Belenzinho (sescsp.org.br/belenzinho), em São Paulo, a exposição é sucesso desde abril, quando estreou em Londres. O projeto do cultuado fotógrafo mineiro se materializou em 30 viagens entre 2004 e 2011, a bordo de teco-tecos, barcos e canoas, e já rendeu um livro homônimo (Taschen, 520 páginas, R$ 160). Genesis e a obra de Salgado ainda devem virar um documentário dirigido por Wim Wenders.

Foco no sentimento

Os lugares fotografados por Salgado, 69 anos, não estão na rota das operadoras ou das companhias aéreas. Mesmo nas imagens com seres humanos, o que se vê são comunidades isoladas vivendo como há 20 mil anos. Foi assim no Parque do Xingu, no Mato Grosso, sobre o qual salgado declarou: “É um reencontro com nós mesmos. Não evoluímos nada no que é essencial à vida. Tudo já existia – amor, noções de medicina, conservação do solo, matemática”. Dividida em cinco seções geográficas, a mostra traz fotos acachapantes de animais, icebergs, montanhas, desertos… Sobre a opção pelo preto e branco, o fotógrafo afirma já ter trabalhado muito com cores, mas que nunca as compreendeu. “Ao me abstrair da cor, observo melhor o sentimento.”

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