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Afinal, precisamos decidir entre ser turista ou viajante?

Um amigo me disse que foi ao Peru e não visitou Machu Picchu porque é turístico demais. Faz sentido eliminar da lista lugares por eles serem “turísticos demais”? Existe uma diferença de ser turista e ser viajante? Isabela Santos, Natal, RN   Veja você, Isabela, na edição de dezembro da VT tivemos uma discussão dessas […]

Por Da Redação
6 Maio 2014, 23h06

Um amigo me disse que foi ao Peru e não visitou Machu Picchu porque é turístico demais. Faz sentido eliminar da lista lugares por eles serem “turísticos demais”? Existe uma diferença de ser turista e ser viajante? Isabela Santos, Natal, RN

 

Veja você, Isabela, na edição de dezembro da VT tivemos uma discussão dessas na sessão CONCIERGE. A Adriana Setti (veja o blog dela, o Achados) discute como é chato esse povo que se acha viajante (que, não se ofenda, me parece o caso do seu amigo), que clama não fazer planos nunca, não usa guia, não vai à Torre Eiffel, ao Taj Mahal e à Disney, só frequenta restaurantes onde vão os locais. Já em outra coluna Luiz Felipe Pondé discorre sobre as diferenças entre os termos: turista é a pessoa que compra o pacote 10 países em 10 dias, passa correndo por eles sem conhecer nada direito e posta foto no Facebook. Já o viajante é o cara que vai dar tempo para descobrir a alma de cada destino.

Estou com a Adriana quando ela reclama desse tipo de “viajante” pretensioso. Ir ao Peru e perder Machu Picchu me parece uma loucura sem tamanho: sim, vai um bando de turista, mas é porque o lugar é espetacular mesmo. E ponto. Não acho que atrações devem ser riscadas do itinerário por simplesmente serem “turísticas demais”. O que pode incomodar nesse aspecto talvez seja a quantidade de gente ao mesmo tempo no mesmo lugar. Lembro que quando eu visitei as pirâmides de Teotihuacan, perto da Cidade do México, a profusão de crianças correndo, vendedores de quinquilharia e vans de excursão fizeram esmorecer a magia do lugar. Quase esqueci que aquilo foi construído nos anos 400 e comecei a achar que era tudo de isopor.

É por isso também que às vezes vale a pena fazer pequenas manobras pra desviar da multidão. No Lincoln Memorial, em Washington D.C., por exemplo, dá pra ir à noite, quando a estátua do Lincoln grandão está toda iluminada e há pouca gente à vista. No Coliseu, ao invés de fazer o tour clássico pelas escadarias intermediárias do anfiteatro, é possível, com hora marcada previamente pela internet, explorar o subterrâneo e as áreas mais altas da ruínas, o que pouca gente sabe.

De certo modo, a resposta é que o melhor é não ser nem turista nem viajante. Ou ser um pouco dos dois: você pode ver a troca da guarda no Palácio de Buckingham e também explorar East London e subúrbios como Hampstead e Chiswick. Ir a Nova York e ver o Time Square, mas também dar uma chegada no Brooklyn. E, deixemos bem claro, ir pra Disney quantas vezes quiser, que é legal pra caramba.

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O que eu observo bastante é que, principalmente em grandes cidades, muita gente acaba ficando pelo basicão mesmo, porque é prático ou porque simplesmente não sabe onde ir. Uma amiga me disse outro dia que ficou três dias em Paris e achou “mais do que suficiente”. Eu quase tive uma síncope. Como assim?

Planejar uma viagem dá trabalho e exige planejamento – quanto mais você pesquisar em fontes variadas (que vão do jornal local a blogs gringos), melhor vai ser sua experiência. Muitas vezes por falta de informação acabamos perdendo coisas bacanas que estavam bem debaixo dos nossos narizes. E, por mais que ver a Sagrada Família, a Torre Eiffel e as Pirâmides do Egito seja incrível, sempre dá um gostinho quando você se embrenha por um bairro sem tanta gente com câmeras na mão e ônibus de dois andares. Isso exige tempo, é claro, mas também uma boa dose de vontade e intrepidez.

 

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